HUMBERTO MENEGHIN
YV – As pessoas que são próximas a você e até
algumas que não são souberam que num período da sua vida você enfrentou uma
provação delicada: esteve adoecida e passou por um tratamento quimioterápico.
No entanto, quem a conhece sabe que diante das notícias boas ou não, você
procura reagir com paciência e bom humor; mas, algumas pessoas não têm essa
aptidão. Como alguém que enfrenta uma doença difícil pode na medida do possível
resignar-se, ser paciente e buscar o bom humor e a boa crença de que no final
tudo dará certo, ou seja, que a saúde se restabelecerá e que ficará
curado? Hoje, como está a saúde da
Juliana Araujo?
JUJU – Na verdade eu não precisei de quimioterapia,
só radioterapia. Isso até aliviou um pouco o tratamento, mas não deixou de ser
delicado por ser na cabeça. Bom humor é fundamental, mas o principal é fé,
confiança. E isso serve para qualquer coisa, não só quando estamos doentes e
passando por tratamentos.
Eu
posso falar só por mim, pelo que vivi. Enfrentar uma doença grave é estranho,
porque muitas vezes eu sentia que não ia aguentar mais seguir com a
'brincadeira', suportar mais uma dose, mais um comprimido, e de repente, eu era
tomada por uma urgência em dar continuidade porque sabia que não seria para
sempre, então, devia aproveitar aquela experiência porque ela ia terminar e
talvez eu até sentisse falta dos enfermeiros, das dores, dos incômodos. E
engraçado, mas, por mais que eu estivesse sendo bombardeada por todos os lados,
me sentia muito feliz. Chorava quando via um paciente indo embora, de
felicidade, de gratidão por ele ter aguentado bem. Chorava também quando
não encontrava mais aquele rosto que já era intimo. Criamos irmandade na dor.
Eu
chegava ao hospital onde fazia a radioterapia e era a mais jovem daquele horário
e os pacientes sempre diziam que sentiam pena de mim. Eu nunca senti pena de
mim. Nunca achei que deveria ser poupada de qualquer tipo de dor ou sofrimento.
Sempre achei que o que estava acontecendo era o certo. Vi meus familiares
modificando suas vidas e agendas e me senti muito amada, muito cuidada. Acho
importante focar nas coisas 'agradecíveis' como alguém que segura sua mão
quando passa mal, a água que você consegue engolir, o alimento que você não
vomita, isso tudo e muita benção.
Quando entrei para a cirurgia, tinha
mentalmente me despedido das pessoas que amo. Já não sabia se os veria de novo,
então, achei melhor dizer tchau, perdão, te amo, essas coisas. Eu me preparei
para não dar certo, era um risco, e se funcionasse me sentiria vitoriosa, mais
feliz ainda. A cirurgia era arriscada, não há nenhum caso como o meu no Brasil.
A
doença mostra o obvio, que e a urgência em se viver plenamente, sem deixar
pendências.
Hoje,
faço fisioterapia para recuperação de alguns movimentos, fonoaudióloga para
conseguir engolir, falar e muito exercício para recuperar o condicionamento.
Falando assim, pode parecer que estou mal. Pelo contrario, to ótima.
Todas as sequelas
neurológicas foram curadas tão rapidamente que foi surpreendente a toda equipe
de médicos, fisioterapeutas,etc. Faltam só umas coisinhas para ficar em ordem. O corpo é muito
lindo, tudo encontra uma nova maneira de funcionar, é impressionante. Eu vejo
milagres diários acontecendo.
YV – Muitas pessoas que recebem um diagnóstico
que exige um tratamento delicado e longo, durante o processo, podem
desanimar-se e sem querer desconfiar de que será curado, pois a mente
macaquinha que pula de galho em galho tem a tendência de reforçar o negativo e
então aquele que passa pela provação se sente desacreditado, preso e
enfraquecido. De que forma o Yoga e até alguns tratamentos holísticos podem
auxiliar alguém desistir da ideia de que seu caso não tem solução? Conversar e
sorrir para o órgão e as células adoecidas surtem um bom efeito no processo de
cura ou na verdade são as doses aplicadas dos medicamentos é que realmente
fazem o trabalho?
JUJU – Usei de todos os recursos possíveis para me
ajudar. Confio nos tratamentos holísticos. E chegavam até mim, muitas coisas,
água de rosa de Nossa Senhora, óleo ungido pelo padre de não sei onde. Como via
nisso demonstração de amor dos colegas, amigos, usei tudo com muito carinho.
Mas e
perceptível a transformação quando usamos acupuntura, florais, só tomei cuidado
com as besteiras que ouvi de alguns terapeutas, como o 'O tumor é porque você acumula mágoas' ou 'Você esta perdendo sua audição e capacidade de falar porque não falou o
que queria', (nesse caso, até agradeci de ouvir menos) e teve essa também: 'Você tem uma doença rara porque é uma
pessoa diferente, de outra dimensão' entre outras babaquices. E para rir,
né? Manda então a doença lá pra outra dimensão e larga eu aqui. Não ajuda em
nada teoria furada. Hoje pelo menos serve de material para piada.
Bom
senso quando se trata de alguém enfermo é primordial. Eu não estava procurando
o porquê estava doente, estava naquela condição porque é possível, afinal
quando estava saudável não me questionava o porquê estava saudável. Você busca
terapias alternativas para soluções, eliminar dores, movimentar a energia
estagnada e ajudar na cura. Quem quer saber o porquê fica inventando teoria por
dificuldade de aceitar o obvio, morreu porque estava vivo, adoeceu porque tem
um corpo, simples demais.
Então
é bom usar mas com cautela, porque a pessoa tem que ser espertinha para não ser
levada no papo e sair do tratamento se sentindo mal, culpada e pior do que
quando chegou.
É natural sentir-se desanimado e muitas vezes isso é químico, pois as doses de
medicações são absurdas e a lista de efeitos colaterais é uma loucura. Tive um período
que fiquei durante dias sem dormir, comer, tomar água, ir ao banheiro, tudo por
efeito de remédio. A solução era tomar outros remédios, que eu neguei. Falei
que podia ficar assim até o organismo se acostumar com isso.
Se
não fosse o Yoga, não sei como passaria por isso. Ou enxergaria com tanta
clareza que o que estava acontecendo comigo não era 'eu' e sim uma droga me
dando uns baratos.
O que me restava era deixar aquilo entrar, meu corpo se
adaptar e pronto. Yoga dá essa percepção de ver o que esta acontecendo a cada
momento sem ficar atado as ideias sem fundamento de como deveria ser. Ou é ou
não é.
Pensar
que não vai se curar tem sentido porque é uma possibilidade. Mas é uma dentre
outras, uma delas é sim, curar-se.
Yoga
traz clareza, discernimento. Faz aquilo que te cabe, trata, toma seus remédios,
faz seu tratamento, o que quiser e se entrega com a certeza que fez tudo que
estava ao seu alcance.
Conversar
com suas células, sorrir para o órgão afetado, pode funcionar, o que não
funciona nunca e sentir-se vitima, triste, indignado, deixar o medo tomar
conta. Mesmo numa situação complicada seja aquele que não olha só para o
próprio umbigo. Tem gente sofrendo muito mais. Sem amigos, família, olha para a
dor do mundo e a sua será uma merrequinha. Imagina o que seria dos que me amam
sem mim? Que dureza! (isso é uma piada!) O que funciona mesmo e gratidão. Por
ter mais um dia para rir e fazer piada.
YV – O que uma pessoa que está
passando por tratamento para se curar deve evitar numa prática de Yoga? O aval
médico e uma prática personalizada são essenciais para que o praticante se
sinta bem e motivado? E, ainda, de que forma pranayamas e Yoga Nidra
podem auxiliar o praticante durante o tratamento?
JUJU – Yoga para mim já e motivação suficiente para
acordar de manhã, então, sim, minha resposta é que ele vai ajudar muito para
que se sinta bem durante um tratamento. Tudo depende do caso, em relação ao que
evitar, pois se pensarmos em Yoga de forma fragmentada, só nas técnicas físicas,
é possível que você não possa fazer quase nada. E dependendo também do problema
ou tratamento, se é quimioterapia, por exemplo, talvez você encontre motivação
só para fazer um Yoganidra e colher os benefícios disso, já esta ótimo.
É
essencial que você conheça muito bem o seu problema para conseguir identificar
o que pode ou não fazer e conhecer muito as técnicas de Yoga para saber quais
serão eficazes. Por outro lado, se você pratica mesmo, sabe que não são só as
técnicas que vão te manter bem.
O aval do médico é importante, nem sempre
ajuda, porque ele pode desconhecer o Yoga, como poderá dizer se alguém deve ou
não fazer? Acho que o melhor é explicar, 'olha,
vou virar de cabeça para baixo, plantar bananeira, pode?'. Até desenhe, se
for o caso.
Pranayama é
essencial, a melhor coisa para alivio de dores e controle da ansiedade, dos
enjoos, aliviar as tensões, expectativas, etc..
O
relaxamento e útil, porque aprendemos a entregar-se ao momento, aceitar o que
está acontecendo sem tentar mudar. E ajuda dar aquele cochilinho, né?
O
Yoga é perfeito como um todo, como já disse, não sei como passaria por isso se
não fosse praticante.
YV – João de Deus é um médium que realiza
curas espirituais, em Abadiania – GO. Você acha que a intervenção espiritual
por que muitas pessoas com problemas de saúde passam é válida ou curar-se
acontece só com remédios receitados devidamente por médicos especialistas?
Alguém que não é tão religioso assim tem a mesma chance de cura de uma pessoa
que é devota? E, por falar em devoção, você recorreu a alguma deidade Hindu ou
a um santo católico para reforçar a sua fé durante o processo de cura?
JUJU –Eu estive em Abadiania várias vezes e vivi lá
momentos de muita paz, vi pessoas se enchendo de esperança e fé. É um lugar
para restabelecer a conexão com algo superior ou com você mesmo, tem muita
vibração positiva, pensamentos elevados, muitos sorrisos, doação, boa vontade,
tudo aquilo que faz o ser humano perceber a capacidade que temos de fazer um
mundo diferente, com mais harmonia e amor.
É um
espaço que serve para reflexão, para aliviar o peso que você carrega, aprender
a sorrir, ser mais leve, além das diversidades e agradecer.
Acho
válido os passes energéticos, as curas espirituais, as orações, porque elevar o
nível vibratório modifica tudo ao seu redor, a disposição, a vontade de viver,
a compreensão de que não somos só este corpo. Eu passava pelo médium João e o
único tratamento que ele me pedia era ficar em meditação na sala de cura por
períodos que chegavam a quatro horas.
Isso foi uma ótima preparação para o que
iria viver.
Não
sabemos como alguém se cura, não posso dizer que são só os tratamentos
convencionais, existem muitos mistérios que não estamos aptos a solucionar.
Quando contei ao meu médico sobre o que eu fazia ele riu. Mas nem ele mesmo
sabe explicar como tenho diagnosticado lesões neurológicas que deveriam
provocar paralisias que não aconteceram. Eu tenho um fluxo interrompido e o
corpo continua funcionando. Explica essa, doutor! Ele diz que deve ser meu
histórico de 'exercícios físicos'. Ate hoje se admira com a recuperação dos
movimentos.
Acho
que qualquer pessoa pode se curar, mas isso não significa vida eterna ou voltar
a ser o que era antes. E se não se curar, faz diferença morrer de acidente ou
de tumor na cabeça?
Uma pessoa
que diz não ter fé, deposita confiança no tratamento médico, e a mesma
coisa. Não importa quem curou, se foi a ciência, ou “deus”. O que faz você viver
melhor com você mesmo é que importa. Não mudei minhas crenças por conta disso.
Mas me tornei responsável por levar muitas pessoas à igreja, porque houve uma
manifestação grande de amigos, parentes distantes que foram atrás de uma forca
para que eles pudessem enfrentar isso e vibraram muito na intenção da minha
melhora. Tenho certeza que foi muito util. Talvez eu ganhe pontos fidelidade no
cartão cósmico por ter feito essa galera toda se 'agarrar' em Deus. Dá direito
a mais uma vida!! (piada, melhor avisar, né?)
YV – Quando alguém passa por
uma situação difícil na vida, seja relacionada à saúde ou não, familiares e
amigos se preocupam e alguns chegam até ajudar. Seus animais de estimação, os
gatos que você cuida notaram que havia algo diferente em você durante o
processo de recuperação e cura? Ou, eles simplesmente se comportavam do mesmo
modo de sempre?
JUJU –Não, eles se comportaram de forma anormal. Enquanto
estive no hospital, eles pediam para dormir com meu amor, na cama, nas noites
em que ele passava em casa. Ele me contou que eles miavam e arranhavam a porta.
Acho que queriam fazer companhia para ele que estava detonado, sobrecarregado e
triste.
Quando
voltei para minha casa, quase um mês depois eles ficavam todos ao meu redor. Eu
costumava chamá-los com voz bem estridente para avisar a hora da comida, e como
perdi a voz, eu inventei uma nova forma de comunicação que eles aprenderam
muito rápido.
Durante o tratamento, eles revezavam quem daria o cochilo comigo.
Acho que eles são muito intuitivos e sabem quando nós precisamos deles. Acho,
também que a proximidade com eles ajuda muito na recuperação, na manutenção da
saúde, na preservação da alegria. Nada como ter umas patinhas rosinhas te
afofando como se você fosse um travesseiro e te fazendo sentir o ser mais rico
do mundo por receber aquela atenção.
Foto: Ângela Sundari
YV – Em
2013, manifestações tomaram conta de inúmeras cidades do Brasil. Uma multidão
de manifestantes clamavam por melhorias especialmente nos quesitos transportes
e saúde. Do seu ponto de vista isso surtiu algum efeito ou as providências
apresentadas pelos governantes foram apenas para o inglês ver? O que um bom e
honesto governante poderia fazer para pelo menos oferecer um sistema de saúde
eficiente ao povo brasileiro para que as pessoas realmente possam ser atendidas
adequadamente e com isso ter um tratamento que no final traga a cura?
JUJU – Eu tenho a impressão que não sabemos bem o
que queremos. Quais batalhas travar, até onde ir e quando parar. Existe muita
imaturidade e ignorância em relação aos nossos direitos e deveres.
Sou
contra qualquer tipo de liderança, não há nada de saudável ou bom nisso.
Acredito no anarquismo, na liberdade, e em pequenas comunidades. Sou a favor da
autogestão. Onde se encontram os verdadeiros revolucionários do nosso mundo?
Não existe mais ideologia e sempre mais da mesma coisa sempre.
Acaba
que por não nos reconhecermos como seres livres, não sabermos os nossos
direitos e deveres, somos liderados.
Sistema
de saúde eficiente não vai existir, assim como não vai existir bom governo.
Supondo que existisse, seria um modelo totalmente diferente do que temos hoje,
começando do zero. Não se conserta algo que nunca funcionou.
Foto: Ângela Sundari
YV – Todas as pessoas tem uma escala de valores
pessoais. Considerando os valores: trabalho, família, dinheiro, saúde,
conhecimento, amizade, paz, amor, gratidão, compaixão, paciência; por favor,
numa escala de 1 a 11 classifique estes valores considerando para você o nível
de importância. E, ainda, você incluiria nesta escala mais algum outro valor
pessoal que acha importante?
JUJU – Essa
escala de valores é mutante . O que eu colocar aqui pode ser diferente na
próxima semana, mas vamos lá.
1- saúde, até que eu possa estar livre de fisioterapias e fono,
exames,etc..
2- amor, porque sem isso é difícil viver, amor próprio, amor pela
vida, amor pelas pessoas;
3- gratidão, porque não dá para cansar de agradecer, todo dia, e
viciante;
4- família, porque é com quem você pode contar a qualquer hora em
qualquer situação;
5- trabalho, que já tem a ver com compaixão, amizade, paz,
conhecimento, dinheiro e paciência. Tudo junto, meu trabalho é abençoado
demais! Não dá para separar os itens.
Foto: Ângela Sundari
YV – É muito comum que quem se
dedica a prática, ao estudo e ao ensino do Yoga tenha seus mestres que lhe
transmitiram e ainda transmitem o conhecimento. No entanto, como os mestres que
nós encontramos por aí são humanos como nós e também cometem equívocos; de que
modo o discípulo pode de uma forma compassiva refletir, analisar e até mesmo
aceitar e perdoar alguma distorção que um mestre que segue tenha cometido? Ou
será que dependendo da gravidade do equívoco não cabe perdão e esse mestre já
era?
JUJU – Acho que cada um tem o mestre que merece, de
acordo com sua capacidade de assimilar o ensinamento, seu grau de maturidade
emocional, de acordo com o karma, etc.. Tem pessoas que procuram mestre para
acariciar o ego, encontra o que merece, né?
O que
tem de mequetrefe por ai, pagando de sábio, não tá escrito. Mas existe porque
tem ignorante batendo palma para o doido dançar.
O
conhecimento direto e correto não permite equívocos, porque é muito claro.
Mestre bom e mestre que não precisa de idolatria, de paparicarão e do seu namaskara. Não precisa de você, na
verdade. E isso é o que dói na maioria dos discípulos. Você precisa dele para
te tirar das suas doces ilusões, ele não precisa de você para nada.
Mestre
é a pessoa que é a própria essência do que ensina. Se existe distorção entre
aquilo que é falado e como a pessoa vive ou se comporta não é possível que não
se desconfie de que há algo errado.
Se
teu mestre te pede algo diferente de você ser aquilo que você já é, fuja. Ele
também tá perdido.
Esses
dias me contaram uma fofoquinha de um 'Swami'
daqui do Brasil, que criou um curso de Yoga, pedindo aos alunos uma quantidade
de cheques pré-datados como garantia de continuidade no curso, e sua intenção
real era usar o valor para que ele pudesse viajar a Índia. Ou seja, se alguém
quisesse desistir do curso, o que aconteceu, por isso foi descoberta sua real
intenção, ele se negou a devolver os cheques e ameaçou a aluna. Dai-me forças!
A
pessoa merece perdão, porque não sabe o que está fazendo. A atitude é adharmica, contra o dharma, aquilo que é correto, íntegro, justo. Então, o que é
condenável em qualquer um, ate num 'mestre' ou num 'swami' é a atitude adharmica.
Nada contra a pessoa e sim como ela age, por pura ignorância.
YV – Algumas marcas de produtos voltados ao Yoga
como roupas, acessórios, tapetinhos, etc, especialmente nos Estados Unidos,
elegem alguns professores como seus embaixadores, para assinarem embaixo do
produto que representam e assim formar opinião para no fundo ajudar no aumento
das vendas. Junto a isso, esse embaixador ou embaixadora de, por exemplo, uma
calça para prática de Yoga da marca fictícia “Luluzinha” também tem a sua
imagem bem destacada e projetada ao público em geral. Será que ser embaixador
(a) de um produto voltado ao Yoga vale a pena ou jungir esse lado comercial ao
nome de uma professora ou professor conceituado acaba no final diminuindo a
credibilidade que se tem diante de seus alunos?
JUJU – Estamos todos inseridos nesse mundo
capitalista, querendo ou não. Somos dependentes de dinheiro para se alimentar e
viver. Não julgo quem se promove da forma que for, contanto que respeite a
tradição a que pertence.
Complicado
é querer fazer do Yoga profissão. Esquecer o que realmente é Yoga e torná-lo o
que não é. Querer ser embaixador (a) do Yoga? Existe isso? Isso é um trabalho?
Muitos
alunos me procuram porque querem mudar de emprego. Grande equívoco, não formo
profissionais, antes disso, me preocupo em formar seres humanos. A maioria que
termina o curso, não 'atua na área', pois nota com o tempo a dimensão daquilo
que estão aprendendo. Acabam sendo profissionais melhores onde atuam e seguem
com seu dharma pessoal.
Podemos
refletir no que significa a propaganda. É provável que a pessoa bonitinha e
sarada(o) seja a embaixadora/embaixador da marca. Pode ser um professor de Yoga
ou pode até ser um modelo, que diferença faz? O marketing ajuda a criar a ilusão do que quer que seja. Para se
vender algo, não é usado mentiras? ‘Só se é feliz, bonito e legal usando a
calça da Luluzinha'.
Yogi sabe princípios básicos, como satya. Precisa explicar mais? Dai, cada
um pode tirar sua própria conclusão sobre credibilidade.
YV – No YouTube vemos que muitos professores e professoras de Yoga
disponibilizam vídeos com práticas dirigidas ao público em geral. O que você
acha desta forma de propagar a prática de ásanas?
Isso leva, por fim, a despertar o interesse das pessoas pelo Yoga?
JUJU – Eu tenho alguns vídeos no youtube da época em que fiz um programa de TV para a terceira
idade. Didático, mas não eficaz. Acho que é como uma revista. Não ensina, serve
para entretenimento. Se você quer conhecimento, quer aprender, não vai ficar
vendo no youtube, nem na revista, nem
no livro. Vai estudar, moleza! Vai levar seu corpo para uma sala de aula e
ouvir a instrução de alguém que está ali a sua frente te cutucando, mostrando
para você a essência do ensino. Você precisa conviver com o professor, estar ali,
olhar nos olhos, tirar as dúvidas, senão, não está aprendendo nada. Está
brincando de mímica. O que aparece na tela você copia. O vídeo mostra como
passar a perna ali, torcer assim e assado, mas e ai? Acho até que pode
despertar interesse, mas também assustar, porque tem muito contorcionismo,né? E
para chegar aquilo? Quem vê o vídeo não sabe o tempo que leva para se chegar
aquilo, a dedicação que foi necessária. O vídeo é a prova do imediatismo e do
'faça você mesmo' da nossa sociedade. Outro dia me mostraram no celular um
aplicativo que imita uma vela. E tentaram me convencer que era legal usar para
treinar trataka! Naquele momento
pensei: sou velha, ultrapassada. Porque não usar aquela que você acende? Vamos
mecanizar cada vez mais o ser humano até o ponto em que para sentir algo, ele
precise de um aplicativo. Para! Yoga é o oposto disso. Conviva, viva, esteja em
contato, se isole do mundo mas para achar você, não para assistir vídeo no 'você tubo'.
YV – Casa Prana é o espaço de Yoga que você
abriu e onde você ministra as práticas de Yoga. Qual é a missão da Casa Prana?
Além do Yoga a Casa Prana oferece outras atividades? Quais são os projetos que
você irá se dedicar em 2014?
JUJU – Abri e já decidi fechar. Este período que
estou vivendo não me deixa tempo nem disposição para me dedicar ao propósito da
Casa. Ela encerra as atividades agora em março. Eu uso toda a minha vitalidade
para conseguir mexer o lado esquerdo do rosto, para sorrir e levantar a sobrancelha,
mexer o braco,etc.. Dá trabalho, sabia? Meu projeto principal sou eu mesma.
Estou 'fechada para obras', então leva tempo. Decidi tirar o ano para estudar,
aprender aquilo que sempre tive vontade, como musica e surf. Quero viajar e curtir mais o que já tenho, sem criar novas
metas. Só mantive minha parceria na Humaniversidade, que é a escola do meu
coração. Temos esse ano uma nova sala de Yoga, um espaço maior. Precisei quase
morrer para ganhar uma sala bonita lá. (brincadeira!) Os alunos são fonte de
inspiração para seguir adiante, dou aula de microfone, faço o que posso, não
desisto! E eles treinam a paciência comigo, quando falo enrolado, quando
engasgo e assim seguimos juntos no Yoga.
JULIANA ARAÚJO - JUJU PRIYAH - Yogini por Amor +
instrutora por dedicação + massoterapeuta por vocação + caminhando com samtosha
e exercitando compaixão
Confira a primeira entrevista de Juliana Araújo ao YogaemVoga em:
O melhor da entrevista para mim é que o tom é de liberdade...
ResponderExcluirtamarinha como e epoca carnavalesca vou puxar um samba enredo laaa de alguma escola de alguns muitos anos atras..."liberdade, liberdade abre as asas sobre nos e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz"...kkkkkkkkkkk
ExcluirNossa você ganhou mais uma fã, trabalho com oncologia e sei como é difícil para as pessoas manter essa força e alegria, mas é o que sempre falo...o emocional determina o resultado do tratamento. Estou muito feliz por tê-la como Mestra.
ResponderExcluiroi marcia..fico feliz q vai proporcionar aos pacientes o que vai aprender..isso tb e essencial pra quem esta no tratamento..bjo gde _/\_
ExcluirJújú, obrigada por ser quem vc é, obrigada por trazer dentro de si tanta dignidade, tanta vida e consciência, capaz de manter acesa a chama de sua vela em situações q a maioria de nós já teria apagado.... e ainda assim ter tesão o suficiente para multiplicá-la, acendendo a vela de tantos.. Obrigada :-)
ResponderExcluirJAYA!!!! _/\_
ExcluirSinto gratidão, gratidão... apenas gratidão profunda por ser sua aluna Juju...
ResponderExcluirGratidao por nos encontrarmos... _/\_
ResponderExcluir