HUMBERTO MENEGHIN
No
início deste ano, 2014, foi anunciado o afastamento da apresentadora Xuxa da
televisão Globo por um motivo bem justificável: tratar da sesamoidite, uma
doença que atinge o seu pé esquerdo cuja causa principal é uso prolongado de
sapatos de saltos altos. A recuperação, que leva no mínimo seis meses, inclui
repouso e a obrigatoriedade de não usar sapatos com saltos altos. No entanto, que mulher estaria disposta de abdicar do
uso de sapatos altos simplesmente para proteger os pés de um dano maior como a
sesamoidite? Provavelmente nenhuma. E, sabendo disso, a americana Yamuna Zake criou o Stiletto
Yoga,
outro tipo de Yoga (?) de marca cuja função principal é exercitar os pés para
que elas possam andar de saltos altos sem qualquer peso na consciência e quem
sabe prevenir um dano maior.
Ter
uma coleção de sapatos e praticamente todos com saltos altos chega ser uma
obsessão que a maioria das mulheres alimenta. Muitas usam e abusam dos saltos
seja no dia a dia, no trabalho e ainda para sair à noite nas festas e baladas.
Dizem
que essa mania cessa quando elas chegam aos quarenta e cinco anos de idade;
será que pela baixa hormonal? No entanto, o uso exagerado de sapatos cujos
saltos são altos, independente da marca e do designer que o criou, pode sim, ao longo do tempo trazer muito
desconforto e fazer surgir a sesamoidite, a doença de Xuxa, dentre outras mais
listadas pela ortopedia.
A
sobrecarga causada pelo uso prolongado de calçados de saltos altos, além
de trazer prejuízos aos pés, à coluna,
as panturrilhas e aos joelhos, pode desencadear a sesamoidite, uma inflamação
evidente nos sesamoides que são dois ossos localizados nas solas dos pés que
estão próximos ao dedão. E, por serem exigidos além da conta, esses ossos
recebem uma pressão maior do que podem suportar, provocando dores nas solas e
nas dianteiras dos pés, além facilitar a formação de calos e causar inchaço na
área.
Segundo
os ortopedistas e fisioterapeutas, se não for constatada a presença de necrose,
a sesamoidite pode ser revertida e o tratamento inicial consiste em diminuir a pressão sobre os pés, o que
implica na suspensão do uso de calçados com saltos altos e ainda o uso de botas
ortopédicas que imobilizam os pés e até mesmo uso de palmilhas específicas. No
entanto, se nada disso surtir o efeito desejado ou se houver necrose dos ossos,
recomenda-se a cirurgia.
O
principal motivo de o uso de sapatos de saltos altos ameaçar a saúde da usuária
é o fato de os saltos mudarem o centro de gravidade do corpo. Se peso de uma
pessoa se concentra na parte de trás do pé, usando sapatos com os saltos altos,
essa carga é transferida para a frente. E, quanto maior a inclinação do pé
sobre o sapato, maior será dano. Não bastasse isso, no sentido de compensar
esse desequilíbrio, os joelhos e a coluna vertebral ficam sobrecarregados e assim
surge o risco de desgastar as cartilagens nessas regiões.
Outro revés provocado pelo uso de salto
alto é o encurtamento da musculatura posterior das pernas, pois alguém que tem
esse problema pode sentir dores quando anda descalça ou usa um sapato baixo,
uma vez que o músculo da perna se estica muito, o que pode aumentar o
aparecimento de tendinite do tendão de Aquiles.
Diante dessa situação, fazer
alongamentos pode aliviar a dor causada por esse encurtamento da musculatura e
assim evitar lesões. E, escolher modelos mais confortáveis, além de manter um
bom alongamento são formas paliativas de evitar ou atenuar o problema sem
abdicar do salto alto.
O Stiletto Yoga, a modalidade criada por Yamuna Zake que na verdade consiste num
preparo físico para as pernas, costas e logicamente pés, pode quem sabe
contribuir para que as que não pretendam abolir o uso de sapatos com saltos
altos, utilizá-los de uma forma correta e ainda prevenir qualquer dano futuro
como a sesamoidite, a fascite plantar dentre outros distúrbios.
A
grosso modo, antes de começar a prática do Stiletto
Yoga, a Yoga dos saltos altos, que tem a duração de uma hora e ainda conta
com DVD e acessórios para venda, a professora teoricamente explica com funciona
os pés e os ossos do esqueleto, o que uma boa ou bom fisioterapeuta pode
perfeitamente fazer.
O
principal exercício do Stiletto Yoga
consiste em pressionar para baixo, com os dedos e também calcanhares uma bolinha de massagem
que tem pequenas garras em relevo com a finalidade de estimular a circulação das
pernas e pés; para em seguida começar a fortalecer a musculatura da perna com
exercícios localizados feitos no chão com a caneleira.
Na
sequencia a coluna vertebral é alongada torcendo-se ainda o tronco. E após
essas ações, elas sobem nos saltos e caminham sobre uma passarela improvisada
“para que as mulheres sintam mais confiança e não olhem para baixo na hora de
colocar os saltos”– enfatiza Yamuna Zake; mas, na verdade, é para que consigam
andar com saltos altos sem sentir desconforto e dor.
Mesmo que o uso de sapatos de saltos
altos altere a biomecânica dos pés das mulheres, as que não abdicam deles pagam
o preço por usá-los. No entanto, vale a recomendação de retirá-los dos pés,
quando por exemplo estiver na sua mesa de trabalho e ainda alternar o uso com
sapatos mais confortáveis ou usar saltos de até 3 cms, evitando os que são
muito finos. E, na medida do possível, escolher modelos onde o pé não fique tão
inclinado, como plataformas e Anabela, lembrando que sapatos de saltos altos e
modelos bicos finos aumentam o risco de joanetes e a deformidade dos dedos.
Rasteirinhas,
mesmo que não tenham saltos, perigo! Consulte seu ortopedista, fisioterapeuta
ou pratique a Yoga Nova-iorquina dos saltos altos.
Harih Om!
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