27 de outubro de 2013

O MANTRA DO “ENTENDI”?





HUMBERTO MENEGHIN


Um jargão que caiu na boca dos paulistas e a torto e a direito anda sendo pronunciado é a palavra “entendi”. “Entendi” para isso, “entendi” para aquilo; mas será mesmo que entendeu? Numa ligação telefônica ouve-se o “entendi” para quase tudo o que alguém diz do outro lado da linha e muitos podem achar que dizer “entendi” repetidas vezes é marcante, denota uma personalidade inteligente e prática e ainda chique. No entanto, quando o “entendi” é dito da boca para fora em todas as deixas de uma conversa, esse “entendi” acaba mesmo por encher muito o saco de quem está por perto procurando entender porque dizem o “entendi” a toda hora. Entendeu?


Quantos “entendis” você ouviu hoje?


Você também é um daqueles ou daquelas que aprecia usar o “entendi” em seus diálogos?


Já parou para pensar por que você adotou o “entendi”?


Será que uma personalidade importante ou alguém com quem convive usa o “entendi” e para ficar na mesma sintonia e até para tentar se parecer com essa pessoa você resolveu adotar o “entendi”?

E, será que entende mesmo o significado do que foi lhe transmitido para dizer “entendi” ou o “entendi” sai de uma forma tão automática que você acabou se condicionando e se lhe perguntarem depois se entendeu pode dizer “entendi”, mas na verdade, não entendeu?

Entender, compreender alguma coisa seja o que foi dito, lido e estudado denota uma reflexão rápida do cérebro. Professores diante dos alunos após ter transmitido a matéria costumam perguntar: “Entenderam?” E os alunos respondem juntos: “Entendi”.






Paralelo ao entendi está o “entendeu” que também anda sendo muito repetido por quem pensa estar num patamar hierárquico acima; neste caso, dizer “entendi” demonstra submissão, ou seja, quem está sustentando uma premissa recebe a confirmação de que domina a situação visto que o “entendi” foi dito na resposta.

O “entendi” também é muito utilizado numa conversação telemarketing, onde o interlocutor que tenta vender um produto seguidas vezes no seu o diálogo joga o “entendeu?” para tentar pegar a sintonia afirmativa daquele com quem fala, pois identificando isso, mais fácil será concluir a venda de um produto se o “entendi” for dito em resposta pelo propenso comprador do outro lado da linha repetitivas vezes.

Então, por onde quer que passamos o “entendi” está sendo falado pela maioria daqueles que parecem viver no automático, como se fosse um mantra que se repete da boca para fora.

No entanto, jamais poderíamos considerar, à primeira vista, que o “entendi” automático tenha alguma coisa de mantra, pois na verdade nada mais é do que uma reação ao fruto de uma técnica persuasiva de venda ou imposição de algo a alguém no sentido de se obter quase que subliminarmente uma concordância nada espontânea.

Por outro lado o “entendi” dito de uma forma coerente, ou seja, para realmente expressar um entendimento, não merece ser desprezado do vocabulário daquele que o adota.





Pelé já dizia e ainda diz: Entende?


Harih Om!

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