HUMBERTO MENEGHIN
Um jargão que caiu na boca dos paulistas
e a torto e a direito anda sendo pronunciado é a palavra “entendi”. “Entendi”
para isso, “entendi” para aquilo; mas será mesmo que entendeu? Numa ligação
telefônica ouve-se o “entendi” para quase tudo o que alguém diz do outro lado
da linha e muitos podem achar que dizer “entendi” repetidas vezes é marcante,
denota uma personalidade inteligente e prática e ainda chique. No entanto,
quando o “entendi” é dito da boca para fora em todas as deixas de uma conversa,
esse “entendi” acaba mesmo por encher muito o saco de quem está por perto
procurando entender porque dizem o “entendi” a toda hora. Entendeu?
Quantos
“entendis” você ouviu hoje?
Você também é um daqueles ou daquelas que aprecia usar o “entendi” em seus diálogos?
Já
parou para pensar por que você adotou o “entendi”?
Será que uma personalidade importante ou
alguém com quem convive usa o “entendi” e para ficar na mesma sintonia e até
para tentar se parecer com essa pessoa você resolveu adotar o “entendi”?
E, será que entende mesmo o significado
do que foi lhe transmitido para dizer “entendi” ou o “entendi” sai de uma forma
tão automática que você acabou se condicionando e se lhe perguntarem depois se
entendeu pode dizer “entendi”, mas na verdade, não entendeu?
Entender, compreender alguma coisa seja o
que foi dito, lido e estudado denota uma reflexão rápida do cérebro.
Professores diante dos alunos após ter transmitido a matéria costumam
perguntar: “Entenderam?” E os alunos respondem juntos: “Entendi”.
Paralelo ao entendi está o “entendeu” que
também anda sendo muito repetido por quem pensa estar num patamar hierárquico
acima; neste caso, dizer “entendi” demonstra submissão, ou seja, quem está
sustentando uma premissa recebe a confirmação de que domina a situação visto
que o “entendi” foi dito na resposta.
O “entendi” também é muito utilizado numa
conversação telemarketing, onde o
interlocutor que tenta vender um produto seguidas vezes no seu o diálogo joga o
“entendeu?” para tentar pegar a sintonia afirmativa daquele com quem fala, pois
identificando isso, mais fácil será concluir a venda de um produto se o “entendi”
for dito em resposta pelo propenso comprador do outro lado da linha repetitivas
vezes.
Então, por onde quer que passamos o “entendi” está sendo falado pela maioria
daqueles que parecem viver no automático, como se fosse um mantra que se repete
da boca para fora.
No entanto, jamais poderíamos considerar,
à primeira vista, que o “entendi” automático tenha alguma coisa de mantra, pois
na verdade nada mais é do que uma reação ao fruto de uma técnica persuasiva de
venda ou imposição de algo a alguém no sentido de se obter quase que
subliminarmente uma concordância nada espontânea.
Por outro lado o “entendi” dito de uma
forma coerente, ou seja, para realmente expressar um entendimento, não merece
ser desprezado do vocabulário daquele que o adota.
Pelé já dizia e ainda diz: Entende?
Harih
Om!
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