13 de outubro de 2013

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE DEZENOVE





HUMBERTO MENEGHIN



Antes que Lili, a nova professora de Yoga que se parece com um dos personagens de “Os Simpsons” abrisse a boca para iniciar a prática, a porta da sala se abriu e uma mulher loura, extremamente charmosa, sexy e siliconada apareceu trazendo um mat preto a tiracolo que foi estendido justamente no espaço à minha frente. Colocando-se sobre ele, ajustando o top da cor salmão e a yoga pant negra colada no corpo a “menina” disse um “oi” geral, ainda dizendo: “99 dólares, Lululemon, comprada em LA”. Lili perguntou o nome da moça e com um sorriso alvo ela respondeu: “Amanda, sou professora de Inglês na SummerWinter e também trabalho na Unicamp.






Que fresca! Essa moça surgiu do nada e parecia que estava conquistando a simpatia de todos com muita rapidez, especialmente da ala masculina presente naquela sala. Então, aquela professora que não estava me inspirando muita confiança, tomou as rédeas dizendo: “Praticar Yoga é tudo. Yoga é Vida. Pratico há anos e sou imensamente agradecida a tudo. Vocês que estão aqui para praticarem comigo vão notar que minha linha apresenta certas nuances que talvez vocês possam não terem tido com o seu professor anterior que foi para Índia sem data para voltar. E, nem sei se voltará.”

E, olhando um a um que estavam presentes naquela sala, focando-os individualmente em silêncio, Lili, parou por um momento, fechou os olhos, pediu que uníssemos as mãos frente o peito e começou a entoar um OM muito longo e sonoro que foi acompanhado por todos nós; mas, o OM parecia não terminar, pois era OM atrás de OM, uma vibração contínua que talvez somente após cinco minutos parou, enquanto todos permaneceram em silêncio.




De repente, desse mesmo silêncio que eu poderia dizer não ser total, pois o OM ainda continuava a ecoar na minha cabeça, Lili disse de uma forma brusca: “Objetivem o samadhi, samadhi é tudo; tudo vem do samadhi e vai para o samadhi. Samadhi já! Esta noite vocês vão ter samadhi, samadhi comigo aqui nessa prática. Eu não ensino o samadhi, você encontra o samadhi, Prontos para o samadhi? Prontos? Bora lá! Bora, meu povo! Em pé todos! Vamos! Poder nisso! Saúdem o Sol, quero ver essas saudações com vigor, presença, nem preciso mostrar pois vocês já sabem fazer. Você aí mais rápido, respira, faz o ujjay, vai, uhuhu; mais ânimo nisso querida. Vai, Vai vai, uhuhu! Quero ver raça nisso, se não tiver raça não vai ter samadhi. Vai querida, você está muito mole.” – dizia Lili enquanto andava de um lado para o outro da sala.

Então, ela se colocou em seu lugar pedindo que todos parassem e fizessem qualquer postura que viesse á cabeça.






O tal do Edson e a Soraia, aquele casal do Sul, começaram a se exibir em nauli. A Neuzinha tentava pegar os pés fazendo um pashimotanásana, Amanda loura já se alinhava numa kapotásana invejável enquanto exibia um sorriso “colgate”; o Paulo Roberto resolveu fazer uma invertida, a Claudinha ficou em balásana e lá para o fim da sala Simone se embalava num gato sem miar. E eu fiz a ponte. Depois Lili nos conduziu em mais algumas poucas posturas e então disse:

“Os minutos passam, daqui a pouco a aula vai acabar e eu quero contar nos dedos quantos atingiram o samadhi esta noite. Parem, parem todos e observem o que sentem. Deitem em shavásana! – falou Lili em um tom berrado de voz – Relaxem. Relaxem e vejam o corpo de cima, como se estivessem sobrevoando esta sala. E você vê seu corpo lá em baixo sobre o tapetinho... 

E, após alguns minutos, talvez dez, Lili abruptamente berrou: “Agora se levantem, cruzem as pernas. Não se encostem à parede. A parede é fria, prejudica o caminho para o samadhi. Respira fundo, respira fundo, expira, expira, vai vai buscando o samadhi, um samadhi que vem e vai e volta quando você quiser. Samadhi, samadhi, aparece agora que eu te chamo! Anda! Vai samadhi, entra no samadhi criatura!”


Harih Om

Nenhum comentário:

Postar um comentário