HUMBERTO MENEGHIN
Muitos conhecem a postura da criança, balásana, com o nome de Folha Dobrada.
No entanto, sem haver qualquer intenção de ridicularizar essa nomenclatura e
muito menos aqueles que a adotam, há inevitavelmente certas práticas onde o balásana
e outros ásanas de fácil execução que
são realizados pelo chão, predominam e se repetem a cada aula. Então, alguém
resolveu denominar esse tipo de prática de ásanas
como a “Yoga da Folha Dobrada”.
Sendo “Yoga da Folha Dobrada” ou não, esse tipo de
prática considerada mais leve e fácil, na verdade, tem a finalidade de ser
transmitida àqueles que não conseguem executar ásanas que apresentam certa dificuldade, no que concerne à
construção e permanência.
A prática de ásanas
do Yoga que é realizada de uma forma mais gentil, não dinâmica, geralmente é
feita por idosos e por pessoas que apresentam certas limitações físicas; mas,
isso não implica a dispensa ad eternum de
posturas que se executam em pé e até algumas que a primeira vista possam ser
consideradas difíceis.
Levando-se em conta todos aqueles praticantes que
perfeitamente podem passar para um outro estágio na seqüência de ásanas que são apresentados numa aula,
os bons professores e professoras de Yoga sabem perfeitamente que para cada
postura cuja execução parece ser mais trabalhosa, há adaptações ou uma outra
opção que seja viável.
Essas adaptações, na sua grande maioria, contam com
o eficiente uso de acessórios que são os props;
isto é, blocos, cintos, cobertores, bolsters,
que indubitavelmente ajudam o praticante a dar um passo a mais naquele ásana que no momento tem dificuldade, o
que alivia qualquer desconforto que possa ser experimentado no físico.
Contudo, essas adaptações não são lembradas com
freqüência por certas professoras e professores de Yoga que preferem de uma
forma menos arriscada e passível adotarem nas suas aulas posturas de fácil
execução, posturas que preferivelmente se desenrolam pelo assoalho propriamente
dito e que acabam se repetindo de prática em prática, o que pode de certa forma
desmotivar o praticante, levando-o ao abandono.
Isso, no entanto, mesmo que não se queira, acaba
transmitindo o conceito de que a professora ou o professor de ásanas do Yoga não aprecia ensinar
posturas em que os alunos-praticantes executem em pé e muito menos as que são
consideradas “difíceis” a olhos alheios.
Conforme o artigo “Como montar uma série
equilibrada de ásanas”, escrito pelo
professor Pedro Kupfer, neste
link, http://www.yoga.pro.br/artigos/911/2/como-montar-uma-serie-equilibrada-de-asanas,
há que se considerar três pontos importantes para que uma prática ocorra de
forma harmônica.
O primeiro ponto a destacar se refere aos Grupos Posturais, o que engloba
propriocepção, flexibilidade articular, fortalecimento muscular, estabilização
articular, alongamento ativo, alongamento passivo e relaxamento.
O segundo ponto a ser levando em consideração
abrange as Ações da coluna vertebral
durante a execução de ásanas, quais
sejam: lateralidade, tração, torção, flexão e hiperextensão.
E por fim as Posturas
possíveis do corpo: em pé, sentado, deitado, invertido. E, também, alguma
que seja desafiadora.
Lembrando,
ainda, que as posturas que denotam maior estabilidade, como as sentadas ou
deitadas, permitem uma permanência maior, o que não quer dizer que somente
essas sejam adotadas numa prática; enquanto as posturas de equilíbrio num pé
só, ou sobre as mãos e outras de estabilização ou força pedem uma permanência
mais breve. No entanto, deve se levar em conta que uma permanência longa, para
iniciantes, gira em torno de dois minutos e uma permanência breve, algo em
torno de oito a dez respirações, elucida o referido artigo.
Assim não se ater a uma prática de ásanas que somente se desenrola pelo
solo, que se repete com muita freqüência, não se justifica; a não ser em
relação a seqüências próprias que visam um determinado fim terapêutico ou a que
é direcionada a pessoas com limitações físicas que não as permita inovar.
Desenrolar a folha que está dobrada e dar vazão à ásanas que estão aí para serem
experimentados pelos praticantes, noutra perspectiva, deixará, ao longo do
tempo, de desmotivar aqueles que estão abertos e prontos a praticarem com harmonia
e equilíbrio. E, essa ação cabe ao professor ou professora que saberá
direcionar seus alunos dentro dos limites do bom senso.
Harih Om!
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