MANTRAS À VENDA!

HUMBERTO MENEGHIN

Na década de noventa, o astrólogo porto-riquenho Walter Mercado foi o precursor na comercialização de consultas esotéricas por telefone; depois apareceram outros como a Mãe Dinah, por exemplo. Agora, no tempo em que os celulares e similares estão em evidência na comunicação, se você mandar um SMS com a palavra MANTRA para o número 1315 e pagar R$ 3,99 por mês, receberá mantras enviados pela Monja Coen para atrair amor, saúde, trabalho e dinheiro. O comercial desse serviço tem sido exibido na Band e no SBT, no intervalo dos noticiários e à primeira vista isso pode parecer interessante aos leigos. No entanto, até que ponto a participação da Monja nessa comercialização de mantras, via celular, é válida? Será que isso não estaria diminuindo a sua credibilidade perante as pessoas que a admiram e frequentam a sua Sangha?

Obviamente a idéia de comercializar mantras via celular foi apresentada à Monja e foi aceita. Não sabemos quais são os termos do contrato realizado entre ela e o serviço de SMS, no entanto, com absoluta certeza, a Monja Budista refletiu muito antes de aceitar essa proposta e está ciente da repercussão e dos efeitos.

Difundir a palavra, reflexões e pensamentos construtivos pelos meios de comunicação em geral é viável, pois uma boa semente é plantada naqueles que absorvem a informação.

Mantras, instrumentos do pensamento, seja numa palavra ou conjunto de palavras que tem um significado respeitável, vem sendo transmitido de época em época desde os tempos mais remotos, preferivelmente por um Sábio ou um Guru. E cada um dos mantras tem um fim específico.

Essa ideia, a de vender mantras, contudo, não é nova, pois na meditação transcendental compra-se um mantra e muitos Gurus de ontem e de hoje também os venderam e os vendem; alguns deles não tão honestos assim.

A Monja Coen é uma Guru, tem sabedoria, está apta, é muito respeitada, é formadora de opinião e muito influente no Zen Budismo e pode perfeitamente transmitir um mantra; no entanto, como a linguagem que parece ser a mais eficaz é aquela que é rápida e ainda transmitida via SMS por celulares e similares, podemos concluir que a Monja está antenada sobre os avanços da tecnologia. Mas, será que isso não contribui para de certa forma abalar a sua credibilidade perante aqueles que a seguem e admiram?

Muitos que assistiram esse comercial na TV, onde a Monja Zen Budista enfatiza que “a força dos mantras, agora, está nas suas mãos”, se decepcionaram e deixaram de admirá-la, pois acham que não é preciso chegar a esse ponto, o de “vender” mantras na mídia, para difundir o Zen Budismo. No entanto, pode ser que o cachê e o recebido pela venda dos mantras via celular seja revertido em benefício do Centro de Budismo; mas, sempre resta uma dúvida.

Alguns menos despreocupados com isso, podem ter achado que a atitude da Monja Coen em vender mantras via SMS por celular é uma opção válida e que nada de ruim há nessa ação; pois o que importa é que sementes estão sendo plantadas, que poderão de uma forma ou outra despertar um interesse mais profundo pelo Zen Budismo por esses compradores de mantras.

Por sua vez, outros poderão considerá-la uma figura que está no mesmo patamar do astrólogo acima citado e da Mãe-vidente e isso, na verdade, acaba por ser uma comparação equivocada, que pode trazer descrédito a sua posição de Monja e até mesmo ao Budismo seja Zen ou Tibetano.

Walter Mercado dizia: “Ligue djá”. Você vai ligar (enviar o SMS)?

Harih Om!