HUMBERTO MENEGHIN
fotos pelo autor
Parece contraditório afirmar que o arquipélago de Fernando
de Noronha, situado nas águas brasileiras do Oceano Atlântico, não seja um dos
lugares mais indicados neste planeta para quem se dedica aos estudos e a
prática do Yoga. Indiscutivelmente com paisagens de tirar o fôlego, águas
límpidas e transparentes em suas conhecidas e famosas praias, paraíso dos
surfistas, Noronha já pode ter sido um lugar propício para um Yogi, num passado
muito distante; no entanto, hoje em dia, esse arquipélago ecologicamente
preservado e em parte sustentável na verdade tornou-se um local onde a
indústria do turismo impera.
Não há nada de errado em explorar o turismo em lugares
extremamente atrativos, mas, no caso de
Noronha, vários pontos podem
desanimar muito o visitante que não terá a mínima vontade de retornar. Dentre
eles:
Preço abusivo da
passagem aérea e para voar com milhas o requerente ainda tem que ter a
sorte de encontrar a data que deseja viajar.
A altíssima taxa de
preservação que se paga logo no desembarque no aeroporto, na base de quase
R$ 40,00 por dia.
A nova taxa
referente ao Parque Nacional que foi criada em 2012, para brasileiros está
em R$ 65,00, estrangeiros o dobro, válida por dez dias. E, ainda para ir à
Praia do Atalaia só pagando um tour à
parte, pois essa taxa que deveria permitir a visita não é levada em conta e o visitante fica à mercê das operadoras
locais cujos guias lá se encontram para impedir drasticamente o acesso.
Pousadas
absurdamente caras em suas diárias, preços comparados a um bom hotel em
Londres e nem sempre correspondem ao que se paga e a água para o banho pode
faltar.
Passeios na base de
R$ 240,00, seja em barco, Ilhatour, etc, sem contar o batismo-mergulho que
beira os trezentos para mais.
Refrigerantes, água e produtos alimentícios com preços na base de Euro. Os restaurantes
por kilo nas imediações da praça Flamboyant adotam o mesmo valor/kilo de um bom
restaurante self-service de São
Paulo. A variedade não é muita no bufet,
a reposição fica bem a desejar e um prato atrativo que foi oferecido no início
e terminou raramente retorna.
Muita gente,
isto é, muitos turistas, apesar de tudo; que num passeio de barco disputam
lugares para fotografarem um grupo de golfinhos.
E o barulho dos
motores dos buggys dirigidos
pelos turistas doem aos ouvidos.
Logicamente quem vai a Noronha pela primeira vez pode
ficar muito deslumbrado e não ligar a mínima para os gastos e o incômodo. Mas, para quem já foi algumas vezes e retorna, o
ponto de vista se modifica muito e a expectativa de antes não é a mesma de
agora.
A Vila dos Remédios poderia ser uma localidade melhor
tratada e pavimentada pelo tanto de tributos que arrecadam. No entanto, não
desprezando as belezas naturais de Fernando de Noronha, aquele que se dedica à
prática do Yoga e também ao estudo, se os pontos listados acima não forem
considerados tão relevantes assim, poderá encontrar alguns lugares na ilha que
irá facilitar a introspecção e a meditação.
Protegendo-se
devidamente do Sol, esses points são
indicados:
Praia do Leão –
a maioria dos turistas não adentram até o final da praia, pois permanecem lá em
cima, no início, apenas observando a paisagem, fotografando e ouvindo o
discurso decorado dos guias. Mas, para aquele que deseja ter um local
privilegiado em contato com a Natureza e, sobretudo o Mar, se for bem para o
final da praia poderá se isolar próximo a algumas rochas ou à cabana do Ibama,
que parece estar sempre fechada, para aproveitar a sombra.
E, estando por lá, o
praticante além de contemplar o Mar por algum momento pode realizar alguns pranayamas, concentrar-se nos sons das
ondas e de alguns pássaros para tentar buscar a meditação.
Praia da Conceição –
mesmo sendo uma praia central, se você procurar permanecer nas proximidades da
estátua de Iemanjá, poderá encontrar um local adequado para retirar-se. A
vantagem da Conceição é que o boiar nas suas águas pode trazer um relaxamento
agradável, pois as ondas não são tão fortes quanto das outras praias. No
entanto, os turistas-banhistas estão por lá.
Buraco da
Raquel/Air France – próximo ao porto e o museu do Tubarão, indo mais para
frente, apesar de vez em quando aparecer um ou outro turista, aquele que busca
o contato com si mesmo poderá se refugiar numa área coberta, não conservada,
para sentir a brisa, respirar, contemplar o Mar e ainda ouvir o soprar do vento
nas flautas bambus colocadas no grande gramado. E, se tiver tempo subir a
colina até à capela.
Muitos que praticam Yoga, em especial as yoginis, utilizam
vários cenários de Noronha para tirarem várias fotos enquanto demonstram
posturas de ásanas.
A paisagem
realmente é propícia e muitos poderão achar o máximo. Mas, se formos considerar
racionalmente os pontos que provocam certa agitação na mente daquele que busca o
sossego, ir para Noronha não vale a pena; a não ser que se tenha muita vontade
de conhecer o arquipélago; caso contrário viável é tomar outro destino. O Hawaii não é lá de jeito nenhum.
Harih Om!
Nenhum comentário:
Postar um comentário