SWAMI
DAYANANDA
TRADUÇÃO: HUMBERTO
MENEGHIN
Em um texto é dito que o Guru
deve ser uma pessoa com uma quantidade extra de compaixão, pois a compaixão
pura e simples não é suficiente. Qualquer ser humano terá empatia quando ele ou
ela vê uma pessoa em dor e assim pode começar a ajudar a pessoa da melhor
maneira. Esta é a compaixão humana natural. No entanto, se alguém vê um outro
alguém sofrendo por nenhuma razão que se justifique, a empatia pura e simples
não será evocada.
É através da porta da
empatia que a compaixão e o desejo de ajudar são evocados. Mesmo que uma pessoa
que sofra por nenhuma razão aparente possa não evocar empatia, somente alguém
com uma quantia extra de compaixão que é escolhida para ajudar essa pessoa.
Vamos supor que esse
homem erroneamente acredita que uma serpente o mordeu. Se uma serpente
realmente o tivesse mordido, você poderia ajudá-lo levando-o ao hospital para
tomar uma injeção antiveneno. Talvez, você até possa administrar o primeiro
socorro com um pedaço de pano a cima da mordida e fazendo uma abertura para o
sangue envenenado saía. Esses são os passos práticos que você poderia fazer,
tudo isso induzido pela sua empatia.
Mas, o que você pode
fazer pelo ajnana-sarpadasta quando
ele grita: “Ajude-me, ajude-me! Eu fui mordido por uma serpente!” Quando você
lhe pergunta onde ele foi mordido, ele aponta para o pé, dizendo: “Lá!” Ele até
mesmo se recusa em olhar na direção em que ele sente ser uma ferida mortal. No
entanto, quando você olha para o pé dele você vê apenas um espinho alojado lá,
o qual você o remove e então você pergunta: “Você se sente melhor agora?” “Não,
não!” – ele grita – “Eu fui mordido
por uma serpente!”
Na verdade, ele meramente pisou num espinho e
quando ele olhou para baixo perto dos seus pés, ele viu uma mangueira e seu
pânico criou uma serpente na mangueira e a presa mortal no espinho. Ele
manifestou todos os efeitos do medo, suando, coração acelerado e ele até podia
morrer de medo, meramente devido a sua crença de que uma serpente o havia
mordido.
Verdadeiro ou não, desde que ele pense desse modo,
isto é verdade para ele. E, ainda sabendo que ele não está em perigo, você não
pode ajudar, mas vai sentir alguma diversão ao invés de empatia.
Então, como você ajudaria essa pessoa? Desde que
não haja perigo, você poderia ir embora; no entanto, você o vê sofrendo. E, é
por isso que uma quantia a mais de compaixão é necessária. Esta compaixão vem
da realização: “Eu já passei por isso; já tive esta experiência também.” Se eu
tivesse passado pela mesma coisa abençoada, eu poderia facilmente apreciar
muito a pessoa e eu poderia ser uma ajuda.
E, é por isso que o Guru é descrito como ahetuka-dayasindhuh, um oceano de daya, compaixão, sem qualquer razão. Não
há razão. O estudante pode perguntar: “Por que você é tão compassivo? Por que
você me ensinaria tudo isso? O que eu fiz?” “Nada.” “O que você espera de mim?”
“Nada.” Você pergunta por que eu o ensino. “Por que eu não deveria ensiná-lo?
Você precisa ser ensinado, então eu ensino.”
O MÉTODO
DE ENSINO
O método de ensino é necessário porque o problema é
muito peculiar. Esse conhecimento não é como um dado assunto acadêmico que você
pode aprender simplesmente lendo um livro.
É uma completa revelação e a conexão professor-estudante é necessária a
fim de fazer com que o conhecimento trabalhe para o estudante. Isto é similar a
uma relação com um terapeuta, onde a confiança e o tempo são necessários. O Guru
é como um super-terapeuta. Ele deve re-orientar o estudante num período de
tempo, diretamente ou indiretamente; e, desta forma, o estudante vê através do
erro de suas auto-crenças enraizadas que o Ser é totalmente aceitável.
No amor que se experiência, você tem aquele tipo de
sentimento porque quando alguém diz, “eu te amo”, você se sente totalmente e
incondicionalmente aceito. Tudo sobre você, sua altura, seu nariz e sua mente
são aceitos. Essa experiência lhe dá uma abertura interior para ver que você é
aceitável, pelo menos, para uma outra pessoa.
Isso não é uma auto-aceitação real porque é baseada
na aprovação do outro de você. Você acha que está tudo bem com você só porque a
outra pessoa diz, “eu te amo”. A aprovação não vem através dos seus próprios
olhos, mas dos olhos do outro. Mais tarde, ambos podem descobrir muitas coisas
sobre cada um que não são aceitáveis de todo. Então você se depara com a outra
pessoa colocando cláusulas para o “eu te amo.” “Eu te amo, muito embora ...” “
Eu ficaria feliz amar você, se você pudesse acordar um pouquinho mais cedo, se
você pudesse pensar um pouquinho diferente, se você não fosse um republicano..”
Mais tarde, nós
estamos presos a condições e a aceitação incondicional de que eu preciso não é
ganho através dos olhos dos outros. Ainda, desde que eu não me sinta totalmente
aceitável aos meus próprios olhos, eu continuo buscando isso nos olhos dos
outros.
É muito importante ter um discernimento sobre você
como totalmente digno de amor e aceitável. É isso que o Guru faz; ele o
ajuda se ver como digno de amor. Ele o liberta. Então essa visão é sua e você
se torna uma fonte de amor para todos. E, é por isso que a relação guru-sisya
é inteiramente diferente de qualquer outra relação, razão pela qual, ao Guru
é dada muita importância no sastra e na tradição.
Gurupurnima é, então, um dia muito importante para todos os buscadores. No dia do
Guru, nós buscamos as bênçãos de todos os Gurus no parampara,
a tradição, sustentando na mente que o Guru supremo é o Senhor Daksinamurti,
a fonte de todo-conhecimento. Portanto, nós o louvamos e o veneramos, buscando
a graça do Guru.
Om tat sat
Gurupurnima
– partes I e II estão em
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