22 de julho de 2013

GURUPURNIMA – PARTE I I



SWAMI DAYANANDA
TRADUÇÃO: HUMBERTO MENEGHIN


Quando você venera a forma de Sri Daksinamurti, no templo, não é a forma que você está venerando, mas sim o Senhor. Você invoca e venera o Senhor numa forma especial e similarmente, quando você louva a pessoa que o ensina e pela qual você tem sraddha, não é a pessoa individúo em si que você louva, mas  o ensinamento que ele transmite e que não está separado dele.


Louvar o Guru é louvar pela verdade do ensinamento.


Akhandamandalakaram vyaptam
Yena caracaram
Tatpadam darsintam yena tasmai
Srigurave namah


Minhas saudações ao Guru que me
mostrou aquilo que deve ser conhecido
cuja forma é o Universo inteiro e que
permea tudo o que se move e tudo o que não se move






Tasmai srigurave namah, para o Guru, meu namaskara, minha saudação; tatpadam darsitam yena, cujo pada, o fim ou permanência, foi mostrada muito claramente, darsitam.

Mas, o que é pada? Yena padena caracaram vyaptam, cujo pada todo Universo é permeado. Aqui, pada é Brahman. Yena, pelo qual Brahman, este Universo inteiro, akhanda-mandalakaram, de seres vivos e coisas inertes, caracaram, é permeado, vyaptam. Minhas saudações ao professor que me mostrou o Senhor (o vastu, a realidade) na forma do grande Universo.

O ganho de qualquer conhecimento é o maior milagre de todos. Mas, como a mente e capaz de compreender um novo fato ou conceito? Se você é ignorante por natureza, você não pode conhecer e se você conhece por natureza, você não precisa ser ensinado.

O fato é que você não pode ver mais do que você conhece, mesmo assim você continua aumentando seu conhecimento existente; você continua repelindo a ignorância. É porque sob certas condições, você é capaz de ver.

O professor é aquele que cria essas condições. Ele faz isso usando a razão e citando suas próprias experiências. Desse modo, ele o ajuda enxergar, ver. Na verdade o professor cria um ambiente interno no qual você, com certeza, vê. É assim que o ensino funciona. É um milagre, uma impossibilidade que acontece. Você não pode ver mais do que você já sabe; ainda que você sempre o possa. E é assim que você conhece mais e mais. Como isso acontece? A resposta é muito simples: você é todo-conhecimento.

Nós dizemos que o Senhor é todo-conhecimento; que todo-conhecimento está no Senhor. Então, quem é este Senhor? Se o Senhor fosse dizer: “Eu sou o Senhor”, esse “Eu sou” não vai ser diferente do significado da sua afirmação, “Eu sou”. Quando você diz “Eu sou” é exatamente o mesmo que o “Eu sou” do Senhor.

Há uma única consciência ilimitada. E a consciência não pode ser limitada porque é única e sem forma. O Senhor é um Ser consciente e a consciência ilimitada é a mesma para o Senhor e para você.

Eu sou limitado apenas com referência a meu corpo, mente e órgãos dos sentidos. Como consciência, eu sou ilimitado. O senhor também é consciência ilimitada. Ser ilimitado, há apenas uma única consciência. Se o senhor é todo-conhecimento, este todo-conhecimento permanece na consciência que é única, que é ilimitada, que é você. Isto significa que todo-conhecimento permanece em você.



  
CONHECER IMPLICA REMOVER FATORES INIBIDORES


Se todo-conhecimento permanece em mim, por que eu não conheço tudo? Com referência ao indivíduo, o conhecimento é inibido. Com referência ao Senhor, ele não é inibido. Esse fator de inibição é que nós chamamos de avarana, algo que cobre o conhecimento.
Quando nós criamos as condições para que o conhecimento ocorra, o avarana se vai. Esse avarana, o véu, desaparece, então o conhecimento é revelado.

Curiosamente, a palavra inglesa que se refere a qualquer novo achado é “dis-covery”, descobrir, dissipando o que cobre, destituindo o que cobre. Se intencionalmente construída desta forma, a palavra é incrivelmente apta. O que cobre é o véu, avarana. O conhecimento precisa apenas ser descoberto, porque já está lá. Qualquer conhecimento é do Senhor, mesmo que seja o conhecimento de se fazer uma pizza ou o conhecimento de um objeto quântico. Toda forma de conhecimento está no todo-conhecimento. E, a remoção do fator que inibe é o que nós chamamos de conhecer.

Como um cirurgião que remove a catarata para que você veja o mundo, o Guru cria as condições para que a ignorância seja dissipada, para que então você possa ver a verdade sobre si mesmo e do mundo.

Há dois tipos de cegueira: uma não é tratável e a outra é. Como um exemplo para o processo de conhecimento, este segundo tipo de cegueira é apresentado neste verso que segue:


ajnanatimirandhasya
janananjanasalakaya,
caksurunmilitam yena
tasmai srigurave namah


Minha saudação ao Guru cujo olho (do conhecimento)
está aberto para o que é cego pela ignorância,
aplicando o bálsamo do conhecimento.


Aqui, o exemplo é de uma pessoa cega, andha: Qual é a causa da cegueira? Timira, catarata. Devido à catarata, a pessoa não é capaz de ver; ele é timira-andha. O que deve ser feito? O cirurgião remove a catarata.




Na Índia, nos dias em que esse verso foi composto, ele pareciam ter um remédio na forma de pomada para remover a catarata. Anjana, significa pomada. Anjana-salakaya, aplicando essa pomada, o problema era resolvido. Similarmente, aqui, mesmo que você seja uma pessoa que conhece, essencialmente uma pessoa todo- conhecimento, esse conhecimento é coberto pela ignorância. Portanto, todo mundo é ajnana-timira-andha, cego devido à catarata da ignorância.

A ignorância por si só é a catarata pela qual se torna cego, ajnanam eva timiram tena timirena andhah bhavati.

A ignorância por si só é timira, a catarata, cujo conhecimento é inibido. A ele, tasmai, minha saudação, namaskara, pelo qual, yena, o olho interno do conhecimento, caksuh, é aberto (removendo o fator que inibe), unmilitam.

Portanto, o Guru realmente não “entrega” nada. Ele apenas remove aquele fator que inibe e assim o ajuda ver. Isto é uma função de muita responsabilidade, pois  somente aquele que conhece a verdade e o método de ensiná-la, pode fazer isso. Se o professor não sabe, não conhece; então, ele apenas confundirá os outros com as suas palavras.

(continua)

Om tat sat



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