SWAMI
DAYANANDA
TRADUÇÃO: HUMBERTO
MENEGHIN
Quando você venera a forma de Sri Daksinamurti,
no templo, não é a forma que você está venerando, mas sim o Senhor. Você invoca e
venera o Senhor numa forma especial e similarmente, quando você louva a pessoa
que o ensina e pela qual você tem sraddha, não é a pessoa individúo em
si que você louva, mas o ensinamento que ele transmite e que não está
separado dele.
Louvar o Guru é louvar pela verdade do ensinamento.
Akhandamandalakaram vyaptam
Yena caracaram
Tatpadam darsintam yena tasmai
Srigurave namah
Minhas saudações ao Guru que me
mostrou aquilo que deve ser conhecido
cuja forma é o Universo inteiro e que
permea tudo o que se move e tudo o que não se move
Tasmai srigurave namah, para o Guru, meu namaskara, minha
saudação; tatpadam darsitam yena, cujo pada, o fim ou
permanência, foi mostrada muito claramente, darsitam.
Mas, o que é pada? Yena padena caracaram
vyaptam, cujo pada todo Universo é permeado. Aqui, pada é Brahman.
Yena, pelo qual Brahman, este Universo inteiro, akhanda-mandalakaram,
de seres vivos e coisas inertes, caracaram, é permeado, vyaptam.
Minhas saudações ao professor que me mostrou o Senhor (o vastu, a
realidade) na forma do grande Universo.
O ganho de qualquer conhecimento é o maior milagre de
todos. Mas, como a mente e capaz de compreender um novo fato ou conceito? Se
você é ignorante por natureza, você não pode conhecer e se você conhece por
natureza, você não precisa ser ensinado.
O fato é que você não pode ver mais do que você
conhece, mesmo assim você continua aumentando seu conhecimento existente; você
continua repelindo a ignorância. É porque sob certas condições, você é capaz de
ver.
O professor é aquele que cria essas condições. Ele
faz isso usando a razão e citando suas próprias experiências. Desse modo, ele o
ajuda enxergar, ver. Na verdade o professor cria um ambiente interno no qual
você, com certeza, vê. É assim que o ensino funciona. É um milagre, uma
impossibilidade que acontece. Você não pode ver mais do que você já sabe; ainda
que você sempre o possa. E é assim que você conhece mais e mais. Como isso
acontece? A resposta é muito simples: você é todo-conhecimento.
Nós dizemos que o Senhor
é todo-conhecimento; que todo-conhecimento está no Senhor. Então, quem é este
Senhor? Se o Senhor fosse dizer: “Eu sou o Senhor”, esse “Eu sou” não vai ser
diferente do significado da sua afirmação, “Eu sou”. Quando você diz “Eu sou” é
exatamente o mesmo que o “Eu sou” do Senhor.
Há uma única consciência
ilimitada. E a consciência não pode ser limitada porque é única e sem forma. O
Senhor é um Ser consciente e a consciência ilimitada é a mesma para o Senhor e
para você.
Eu sou limitado apenas
com referência a meu corpo, mente e órgãos dos sentidos. Como consciência, eu
sou ilimitado. O senhor também é consciência ilimitada. Ser ilimitado, há
apenas uma única consciência. Se o senhor é todo-conhecimento, este
todo-conhecimento permanece na consciência que é única, que é ilimitada, que é
você. Isto significa que todo-conhecimento permanece em você.
CONHECER IMPLICA REMOVER FATORES INIBIDORES
Se todo-conhecimento
permanece em mim, por que eu não conheço tudo? Com referência ao indivíduo, o
conhecimento é inibido. Com referência ao Senhor, ele não é inibido. Esse fator
de inibição é que nós chamamos de avarana,
algo que cobre o conhecimento.
Quando nós criamos as
condições para que o conhecimento ocorra, o avarana
se vai. Esse avarana, o véu,
desaparece, então o conhecimento é revelado.
Curiosamente, a palavra
inglesa que se refere a qualquer novo achado é “dis-covery”, descobrir,
dissipando o que cobre, destituindo o que cobre. Se intencionalmente construída
desta forma, a palavra é incrivelmente apta. O que cobre é o véu, avarana. O conhecimento precisa apenas
ser descoberto, porque já está lá. Qualquer conhecimento é do Senhor, mesmo que
seja o conhecimento de se fazer uma pizza ou o conhecimento de um objeto
quântico. Toda forma de conhecimento está no todo-conhecimento. E, a remoção do
fator que inibe é o que nós chamamos de conhecer.
Como um cirurgião que
remove a catarata para que você veja o mundo, o Guru cria as condições para que
a ignorância seja dissipada, para que então você possa ver a verdade sobre si
mesmo e do mundo.
Há dois tipos de
cegueira: uma não é tratável e a outra é. Como um exemplo para o processo de
conhecimento, este segundo tipo de cegueira é apresentado neste verso que
segue:
ajnanatimirandhasya
janananjanasalakaya,
caksurunmilitam yena
tasmai srigurave namah
Minha saudação ao Guru
cujo olho (do conhecimento)
está aberto para o que é
cego pela ignorância,
aplicando o bálsamo do
conhecimento.
Aqui, o exemplo é de uma
pessoa cega, andha: Qual é a causa da
cegueira? Timira, catarata. Devido à
catarata, a pessoa não é capaz de ver; ele é timira-andha. O que deve ser feito? O cirurgião remove a catarata.
Na Índia, nos dias em que
esse verso foi composto, ele pareciam ter um remédio na forma de pomada para
remover a catarata. Anjana, significa
pomada. Anjana-salakaya, aplicando
essa pomada, o problema era resolvido. Similarmente, aqui, mesmo que você seja
uma pessoa que conhece, essencialmente uma pessoa todo- conhecimento, esse
conhecimento é coberto pela ignorância. Portanto, todo mundo é ajnana-timira-andha, cego devido à
catarata da ignorância.
A ignorância por si só é
a catarata pela qual se torna cego, ajnanam
eva timiram tena timirena andhah bhavati.
A ignorância por si só é timira, a catarata, cujo conhecimento é
inibido. A ele, tasmai, minha
saudação, namaskara, pelo qual, yena, o olho interno do conhecimento, caksuh,
é aberto (removendo o fator que inibe), unmilitam.
Portanto, o Guru
realmente não “entrega” nada. Ele apenas remove aquele fator que inibe e assim
o ajuda ver. Isto é uma função de muita responsabilidade, pois somente aquele que conhece a verdade e o
método de ensiná-la, pode fazer isso. Se o professor não sabe, não conhece;
então, ele apenas confundirá os outros com as suas palavras.
(continua)
Om tat sat
Gurupurnima – parte I está
em http://yogaemvoga.blogspot.com.br/2013/07/gurupurnima-parte-i.html
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