21 de julho de 2013

GURUPURNIMA – PARTE I



SWAMI DAYANANDA
TRADUÇÃO: HUMBERTO MENEGHIN


Assim como nós temos o dia dos pais e o dia das mães, Gurupurnima é o dia do Guru; que também é chamado de vyasa-purnima, o aniversário do Bhagavan Vyasa que ocupa um lugar de destaque na hierarquia dos professores. No entanto, embora haja Gurus para o Veda Vyasa, nós consideramos o Veda Vyasa como uma ligação entre os professores de agora com os professores que nós não conhecemos.




CATURMASYA-VRATA


Nesse dia especial, os sannyasins aceitam um vrata, um voto para permanecer num lugar por dois meses e ensinar. Gurupurnima acontece no começo da estação das chuvas, na Índia, quando há muitos insetos pequenos pelo chão. No momento de se comprometer com o sannyasa, os sannyasins fazem um voto de não machucar qualquer ser vivo e a fim de evitar matar até mesmo um pequeno inseto em seus caminhos, os sannyasins não viajam durante esses dois meses, começando do dia de Gurupurnima. Muito embora viajem de um lugar para outro, eles permanecem num único lugar durante esse período e ensinam. Tradicionalmente, o lugar que eles escolhem é localizado numa área entre dois rios, ou entre um rio e um córrego. E, eles se movem nessa área sem cruzar o rio ou os córregos.

O voto é chamado de caturmasya-vrata. Um masa é um mês ou uma quinzena, pakso vai masah iti. Então, um voto por dois meses é chamado caturmasyam, quatro quinzenas.

Nesse dia de Gurupurnima, o começo do caturmasyam, eles invocam a linhagem dos professores, guru-parampara.  Todos os Gurus no parampara, na tradição, especialmente nos mathas, lugares tradicionalmente monásticos de aprendizado, são invocados.

Há muitos mathas, incluindo os sankara-mathas. E, o comando de cada matha é como um pontífice e há uma certa sequencia, pois cada um desses comandos realizam um puja diário para invocar os Gurus na hierarquia. Há pelo menos 16 Gurus no parampara e a graça de cada um é invocada num recipiente contendo água. Esta é a aparência do ritual.




UM GURU REVELA O CONHECIMENTO ESPIRITUAL


A palavra “Guru” tem um grande número de significados. Aquele que ensina é um Guru; aquele que aconselha também é um Guru. No entanto, nesses dias a palavra “Guru” também é utilizada na língua Inglesa. Na impressa americana, nós encontramos “Guru” sendo utilizado de um modo muito amplo pelos jornalistas. Eles dizem, por exemplo: “ele é o guru do automóvel”, ou, “ele é o guru do mercado financeiro”. Até mesmo na Índia é utilizado neste sentido.

Quando eu era um menino, eu quis aprender uma forma complexa de arte marcial em que um bastão era usado. Era uma excelente disciplina que ensina a coordenação e outras habilidades.  Um dos trabalhadores da nossa família era um professor dessa arte. Quando eu lhe pedi para que me ensinasse, ele disse que eu tinha que formalmente solicitá-lo com o gurudaksina, a oferenda tradicional ao professor. Eu lhe dei um coco, frutas, flores e uma pequena quantia em dinheiro. Então, somente assim, ele começou a me ensinar. Seu respeito por essa arte foi tão grande que ele se nominou um Guru, e eu o respeitei muito por isso.

Quando uma pessoa pensa em si mesmo ou em si mesma como um Guru, aquele que aprende dele ou dela também considera a pessoa do mesmo modo. Ele ou ela invoca naquele que quer ser estudante o sentimento de um discípulo. Além dos professores de arte marcial, mestres da música clássica e os músicos também insistem em serem chamados de gurus. Muitos professores de todas as formas de arte que devem ser ensinadas diretamente são considerados Gurus.

Embora eu não tenha nada contra tal uso, a palavra “Guru” pode somente ser utilizada por uma pessoa que dê o conhecimento espiritual. Um Guru é aquele que revela o conhecimento que você é pleno, que não é separado do Senhor. Um Guru é o upadesa-kartr, aquele que é o professor do maha-vakya, a equação que revela que você é pleno.

A plenitude que você busca não está separada de você; pois, a busca em si é que você já é pleno; você quer ser o que é. Aquele que ensina é um Guru. Esta é a definição final. Ele é o maha-vakya-upadesa-kartr, aquele que ensina a afirmação que revela a identidade do indivíduo em relação ao Senhor, o todo, o pleno.


NÓS INVOCAMOS O SENHOR NO GURU


O Guru é um ser humano. Quando o Guru é louvado, contudo, como no seguinte verso, o elemento humano não é levado em consideração.


gururbrahma gururvisnuh
gururdevo mahesvarah
gurureva param Brahma
tasmai srigurave namah


O Guru é Brahma, o Guru é Visnu,
O Guru é Mahesvara (Siva),
o Guru é o ilimitado auto-revelado de Brahman.
Saudações ao venerado Guru.


Apenas o elemento verdade é levado em conta porque o Guru ensina que você é Brahman. Que você é ilimitado. Quando ele ensina “você é ilimitado”, ele não quer dizer que: “eu sou limitado; você é ilimitado”.  Na verdade você é ilimitado e ele é ilimitado. O ilimitado é Brahma, o ilimitado é Visnu, o ilimitado é Rudra, ou Siva, e o ilimitado é você.

Tudo é esse Brahman ilimitado. Então, quando você louva o Guru, o elemento humano é completamente absorvido no total. Você até relega o elemento humano em segundo plano ou você o absorve no total; pois é o total que é cultuado.

Desse modo, o Guru, a pessoa com um corpo humano que ensina, se torna um tipo de altar de veneração, mas o que está sendo invocado é o Senhor.

(continua)

Om tat sat


GURUPURNIMA – PARTE  II  está em

GURUPURNIMA – PARTE  III está em

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