SWAMI DAYANANDA
TRADUÇÃO: HUMBERTO MENEGHIN
Assim como nós temos o dia dos pais e o dia das
mães, Gurupurnima é o dia do Guru; que também é chamado de vyasa-purnima,
o aniversário do Bhagavan Vyasa que ocupa um lugar de destaque na
hierarquia dos professores. No entanto, embora haja Gurus para o Veda Vyasa,
nós consideramos o Veda Vyasa como uma ligação entre os professores de
agora com os professores que nós não conhecemos.
CATURMASYA-VRATA
Nesse dia especial, os sannyasins aceitam um
vrata, um voto para permanecer num lugar por dois meses e ensinar. Gurupurnima
acontece no começo da estação das chuvas, na Índia, quando há muitos insetos
pequenos pelo chão. No momento de se comprometer com o sannyasa, os sannyasins
fazem um voto de não machucar qualquer ser vivo e a fim de evitar matar até
mesmo um pequeno inseto em seus caminhos, os sannyasins não viajam
durante esses dois meses, começando do dia de Gurupurnima. Muito embora
viajem de um lugar para outro, eles permanecem num único lugar durante esse
período e ensinam. Tradicionalmente, o lugar que eles escolhem é localizado
numa área entre dois rios, ou entre um rio e um córrego. E, eles se movem nessa
área sem cruzar o rio ou os córregos.
O voto é chamado de caturmasya-vrata. Um masa
é um mês ou uma quinzena, pakso vai masah iti. Então, um voto por dois
meses é chamado caturmasyam, quatro quinzenas.
Nesse dia de Gurupurnima, o começo do caturmasyam,
eles invocam a linhagem dos professores, guru-parampara. Todos os Gurus no parampara, na
tradição, especialmente nos mathas, lugares tradicionalmente monásticos
de aprendizado, são invocados.
Há muitos mathas, incluindo os sankara-mathas.
E, o comando de cada matha é como um pontífice e há uma certa sequencia,
pois cada um desses comandos realizam um puja diário para invocar os Gurus
na hierarquia. Há pelo menos 16 Gurus no parampara e a graça de
cada um é invocada num recipiente contendo água. Esta é a aparência do ritual.
UM GURU REVELA O CONHECIMENTO ESPIRITUAL
A palavra “Guru” tem um grande número de
significados. Aquele que ensina é um Guru; aquele que aconselha também é
um Guru. No entanto, nesses dias a palavra “Guru” também é
utilizada na língua Inglesa. Na impressa americana, nós encontramos “Guru”
sendo utilizado de um modo muito amplo pelos jornalistas. Eles dizem, por
exemplo: “ele é o guru do automóvel”, ou, “ele é o guru do mercado financeiro”.
Até mesmo na Índia é utilizado neste sentido.
Quando eu era um menino, eu quis aprender uma forma
complexa de arte marcial em que um bastão era usado. Era uma excelente
disciplina que ensina a coordenação e outras habilidades. Um dos trabalhadores da nossa família era um
professor dessa arte. Quando eu lhe pedi para que me ensinasse, ele disse que eu
tinha que formalmente solicitá-lo com o gurudaksina, a oferenda
tradicional ao professor. Eu lhe dei um coco, frutas, flores e uma pequena
quantia em dinheiro. Então, somente assim, ele começou a me ensinar. Seu
respeito por essa arte foi tão grande que ele se nominou um Guru, e eu o
respeitei muito por isso.
Quando uma pessoa pensa em si mesmo ou em si mesma
como um Guru, aquele que aprende dele ou dela também considera a pessoa
do mesmo modo. Ele ou ela invoca naquele que quer ser estudante o sentimento de
um discípulo. Além dos professores de arte marcial, mestres da música clássica
e os músicos também insistem em serem chamados de gurus. Muitos professores de
todas as formas de arte que devem ser ensinadas diretamente são considerados Gurus.
Embora eu não tenha nada contra tal uso, a palavra
“Guru” pode somente ser utilizada por uma pessoa que dê o conhecimento
espiritual. Um Guru é aquele que revela o conhecimento que você é pleno,
que não é separado do Senhor. Um Guru é o upadesa-kartr, aquele
que é o professor do maha-vakya, a equação que revela que você é pleno.
A plenitude que você busca não está separada de
você; pois, a busca em si é que você já é pleno; você quer ser o que é. Aquele
que ensina é um Guru. Esta é a definição final. Ele é o maha-vakya-upadesa-kartr,
aquele que ensina a afirmação que revela a identidade do indivíduo em relação
ao Senhor, o todo, o pleno.
NÓS INVOCAMOS O SENHOR NO GURU
O Guru é um ser humano. Quando o Guru
é louvado, contudo, como no seguinte verso, o elemento humano não é levado em
consideração.
gururbrahma gururvisnuh
gururdevo mahesvarah
gurureva param Brahma
tasmai srigurave namah
O Guru é Brahma, o Guru é Visnu,
O Guru é Mahesvara (Siva),
o Guru é o ilimitado auto-revelado de Brahman.
Saudações ao venerado Guru.
Apenas o elemento verdade é levado em conta porque
o Guru ensina que você é Brahman. Que você é ilimitado. Quando
ele ensina “você é ilimitado”, ele não quer dizer que: “eu sou limitado; você é
ilimitado”. Na verdade você é ilimitado
e ele é ilimitado. O ilimitado é Brahma, o ilimitado é Visnu, o
ilimitado é Rudra, ou Siva, e o ilimitado é você.
Tudo é esse Brahman ilimitado. Então, quando
você louva o Guru, o elemento humano é completamente absorvido no total.
Você até relega o elemento humano em segundo plano ou você o absorve no total;
pois é o total que é cultuado.
Desse modo, o Guru, a pessoa com um corpo
humano que ensina, se torna um tipo de altar de veneração, mas o que está sendo
invocado é o Senhor.
(continua)
Om tat sat
GURUPURNIMA – PARTE II está em
GURUPURNIMA – PARTE III está em
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