HUMBERTO MENEGHIN
Star Trek, Jornada nas Estrelas, é uma série de ficção
científica que dispensa apresentações. Spock, um dos personagens mais populares
representado pelo ator Leonard Nimoy, desde muito adotava um gesto peculiar
para saudar os Vulcanos; esse gesto que consistia e ainda consiste em elevar a
mão direita na vertical, mostrar a palma enquanto os dedos mínimo e anular
estão juntos e se mantém separados dos dedos médio e indicador, também unidos,
e o polegar estendido. Acompanhando-o esta frase: “Vida longa e próspera”. Mas,
será que este gesto vulcânico pode ser considerado um mudra?
Mudra, gesto de poder, selo que marca um momento, situação,
um gancho que posteriormente pode ser repetido e buscado que tem significado,
efeito energético e psíquico, história e misticismo envolvidos em cada um
deles. Muitos são utilizados na dança indiana, bem como na prática do Yoga e em
especial durante a meditação.
De origem judaica, a saudação vulcana, na verdade, foi inspirada num gesto de bênção utilizado pelo kohanim durante o serviço de adoração que Nimoy presenciou numa sinagoga ortodoxa onde esteve com seu
avô na infância e que acabou sendo aproveitado na composição do personagem Spock.
No entanto, a bênção
genuína adotada pelos sacerdotes judaicos que serviram no Templo de Jerusalém é realizada com ambos os braços em posição horizontal em
frente ao corpo, ao nível dos ombros, com as mãos se tocando e formando a letra
hebraica "shin", (ש), representando a palavra hebraica "Shaddai" que significa "Deus
Todo-Poderoso". E, por analogia, podemos inferir que o gesto também pode
ser considerado uma representação do Om.
Saudar alguém com o “mudra do Spock” e desejar que
tenha uma “Vida longa e próspera” pode parecer piegas e até fora de época; no
entanto, embora
Nimoy o tenha modificado para apenas uma mão posicionada na vertical, na
verdade manteve-se a essência e a nítida similaridade com a saudação original,
ou seja, a saudação vulcana mesmo não sendo totalmente idêntica ao gesto judaico,
sua semelhança é mais do que suficiente para ser identificada pelos judeus como
sendo a da benção divina.
Harih Om!
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