13 de maio de 2013

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE QUATORZE



HUMBERTO MENEGHIN


Paulo Roberto encostou-se à mesa oposta a minha, cruzou os braços e me olhando diretamente disse: “Precisamos da sua ajuda em um trabalho inacabado. Walquiria quer conquistar mais clientes e me sugeriu que você cuidasse do projeto que a Claudia estava administrando...” Fiquei intrigada com isso. Será que a Claudinha não estava dando conta e então resolveram me passar esse “projeto”? Continuando, ele revelou: “A Cláudia vai tirar uma licença para tratar da saúde ...” A Claudinha tirando licença para tratar da saúde? Eu não sabia disso! O que será que aconteceu?




Sem mais enrolação, Paulo Roberto falou para eu subir e me inteirar de tudo sobre o “projeto”. Mas, antes disso, aproveitei para lhe pedir para sair meia hora mais cedo.

Movimentando a cabeça de modo afirmativo, ele concordou com o meu pedido e eu lhe disse que reporia essa meia hora no dia seguinte. Sim. Hoje o dia do meu encontro com a minha mestra querida, Indianira Shanti Ma; no hotel onde ela está hospedada, no final da tarde. Já está tudo acertado, estou muito ansiosa, mesmo que a doação obrigatória tenha sido muito salgada pra mim, R$ 450,00!

Subi e logo notei que a mesa da Claudinha estava vaga. Computador desligado, cadeira encostada, nada por cima da mesa. De um canto, Miriam Mitiko apareceu usualmente trajando roupa preta, desembrulhando um chocolate fino. Me ofereceu um pedaço; eu aceitei pois era importado, suíço.

Emendando uma degustação rápida do chocolate a um copo de água, Miriam Mitiko apontou uma prateleira abarrotada com pastas e documentos, dizendo que tudo aquilo fazia parte do “projeto” e que Walkiria estava pedindo muita urgência.

“Você vai ter que levar trabalho para casa, abolir seus finais de semana, entrar mais cedo e ficar até mais tarde. Eu já me acostumei com isso. É o jeito da Walkiria trabalhar.” Me informou Miriam Mitiko.




“Como?!” Me perguntei. “Uma bomba para mim que ninguém quer pegar!” A japonesa deu as costas sem falar mais nada e sumiu do ambiente.

Ouvi uma das secretárias se aproximar e me contar que a linha ali era dura e que não adiantava amolecer. Então, perguntei sobre a Claudinha, o que tinha acontecido com ela por ter pedido uma licença saúde.

De volta a Marinice me disse: “Pressão, muita pressão. Por um fio ela não se demitiu. Parece que ela está com um quisto no ovário, sei lá, ouvi dizer...” Disse Marinice se afastando rápido para a sua mesa, sem falar mais nada, pois o telefone tocava.

Passei a tarde toda mexendo naquela prateleira abarrotada, tentando buscar um fio da meada. Sem perceber, notei que já estava na hora de eu ir para o meu encontro com a minha mestra; mas, quando me virei, dei de cara com Walkiria, me olhando com superioridade.

Ela me disse: “Venha até a minha sala. Preciso falar com você.” Olhei no meu relógio, pensando em lhe dizer que já estava de saída, mas aboli isso e acompanhei Walkiria até a sala dela.

Desta vez, sem qualquer chá, ela começou a discorrer sobre o projeto, num palavreado difícil e demorado. Os minutos começaram a passar rápido e agora faltavam apenas quinze minutos para o meu encontro agendado com a minha mestra!

E Walkiria continuou a falar, dizia que contava comigo, que eu era inteligente, uma boa funcionária, que daria conta do serviço como ninguém... E continuou falando e falando... e eu sem jeito de ir embora. Perderia os R$ 450,00, já pagos se não comparecesse ao encontro com a minha mestra como o Arnoldo havia me advertido.

Por um milagre, faltando cinco minutos para o encontro acontecer, a mulher me liberou e eu saí correndo para me encontrar com a minha amada mestra, Indianira Shanti Ma!

Harih Om

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