30 de setembro de 2012

A CORDA, A SERPENTE E AS ELEIÇÕES




HUMBERTO MENEGHIN
artigo publicado originalmente no www.yoga.pro.br
escrito quando das eleições de 2010

Com a proximidade das eleições para a Presidência e outros cargos públicos de um país continental como o Brasil, a parábola da corda e da serpente,rajjusarpa, muito familiar para quem estuda Vedanta vem, de uma forma peculiar ilustrar a importância da escolha que os brasileiros faremos daqui a algumas semanas.

Sintetizo a parábola: um homem, andando numa trilha na penumbra do crepúsculo, encontra uma corda jogada em seu caminho. Por conta da pouca luz acha que o que vê à sua frente é uma perigosa serpente. Assustado e com medo do réptil, achando que pode ser atacado por ela, afasta-se amedrontado, correndo em pânico.



Depois, já mais calmo, o homem retorna ao local e, com o auxílio de uma tocha, constata que aquilo que parecia uma perigosa serpente, na realidade é uma inofensiva corda. Então, o medo e o nervosismo que haviam tomado conta dele caem por terra. Porém na peculiar situação que vivemos nestas eleições, a parábola é inversa: aquilo que a primeira vista nos parece ser uma inofensiva corda, pode se revelar uma perigosa serpente.

É natural no Brasil, que aqueles que pretendem concorrer a um cargo público, em especial ligado à política, na grande maioria das vezes, alimentam o precípuo desejo de, uma vez vencida a etapa das eleições e eleito(a), satisfazer seus próprios interesses, em primeiro lugar, com o conseqüente engrandecimento do ego e com isso deixando em último plano os interesses daqueles que lhes confiaram o voto.



Vemos na televisão e na mídia em geral, propagandas políticas de todas as linhas partidárias. Bem produzidas, inevitavelmente, mostrando ao público a imagem de uma bela, boa e inofensiva corda no que concerne aos quesitos personalidade, competência, realização e capacidade política de alguns candidatos.

Corda esta nada ameaçadora. No entanto, alguns, como a serpente, estão prestes, no momento mais que oportuno, darem o bote certeiro para enganarem suas vítimas e assim cumprirem suas verdadeiras intenções através do uso indevido da máquina pública, da corrupção, do desvio dos recursos públicos e do assalto ao erário, como temos tristemente testemunhado nas últimas décadas.


Refletindo assim sobre a esclarecedora mensagem desta parábola para que os atuais candidatos não nos frustrem e sobretudo, não nos enganem, devemos usar o bom-senso para dissipar as eventuais confusões advindas das falsas promessas eleitoreiras.

Uma vez dissipada a confusão de forma consciente, poderemos escolher aqueles que de verdade podem fazer o melhor para o país. Assim, o medo e o nervosismo que tomaram conta da mente daquele que viu a perigosa serpente desaparece e a mente saberá discernir o equivocado do real, não permitindo de modo algum que qualquer falsa sobreposição do aparente sobre o real obscureça o Ser.


Harih Om!

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