HUMBERTO MENEGHIN
Para quem passa de uma
conexão a outra pelo lounge 2 do
aeroporto holandês Schiphol, poderá inevitavelmente encontrar pela frente uma
placa indicativa que irá levá-lo a um Centro de Meditação. Sim, um Centro de
Meditação localizado dentro de um dos terminais de um aeroporto extremamente
movimentado. Obviamente os que prestarão a atenção à placa são aqueles que
meditam, já meditaram ou pretendem meditar. No entanto, para chegar até esse
oásis o interessado terá que dar muitos passos e até mesmo achar que não está
indo na direção certa.
Estando no Lounge 2 de Schiphol, logo se pode notar
ao pé de uma escada rolante o sinal indicativo do local reservado à meditação.
Então, o passageiro que já está mais do que cansado por ter enfrentado horas
dentro de uma aeronave ou aquele que chegou cedo e que ainda tem algum tempo
útil antes do embarque, sobe pela a escada rolante e se depara com um corredor
bem longo, sem notar qualquer sinal da localização do referido Centro.
Por esse corredor,
seguindo por alguns bons minutos, o passageiro se depara com uma sala ampla
composta por várias cadeiras com encostos reclináveis, onde na calada da noite
poderá encontrar muitos passageiros roncando e dormindo, enquanto pela parede
um telão de médio tamanho exibe imagens contínuas do país baixo, tendo a falsa
impressão de que o Centro de Meditação é lá mesmo, pois há uma placa
indicativa. No entanto, por mais alguns passos, logo se pode notar pela
direita, uma sala reservada: o Centro de Meditação de Schiphol.
Na entrada nota-se
outras placas e uma delas pede-se que se retirem os sapatos antes de adentrar e
que se o muçulmanos quiserem se lavar que o façam no toalete que está à vinte
metros de distância. Ainda, o Centro de Meditação conta com três salas: a
primeira e mais ampla é decorada com um grande tapete da cor azul petróleo pelo
chão, conta com uma mesa logo à direita e até bancos para meditação. Já a
segunda sala é pequena, logo na entrada, e é dispensada à leitura de livros,
revistas e folhetos sobre assuntos espirituais. A terceira é mais isolada e é
reservada a orações, reflexão e meditação, segundo consta da placa. E, não é
permitido dormir, alimentar-se e usar aparelhos celulares lá dentro. O referido
Centro até poderia ser utilizado para uma prática de ásanas de Yoga, pois há espaço livre o suficiente para tanto, mas
não há mats disponíveis.
Nitidamente o espaço
livre também é usado por muçulmanos e por pessoas de outras religiões para
fazerem as suas orações. E, meditar de uma forma tradicional para eles parece
não fazer parte do protocolo. Mas, será que é tão comum assim para aqueles que
estão com a mente ocupada em realizar uma viagem dispensar alguns minutos nesse
espaço para se dedicar à meditação?
O bem da verdade, se uma
pessoa passar o dia todo por lá, poderá notar que raramente alguém irá meditar
e que o movimento maior é de muçulmanos que usam o referido Centro para orar.
De hora em vez, poderá sim alguém ir até lá, acomodar-se num canto para tentar
meditar. No entanto, sabemos que aquele que medita, medita onde quer que seja:
numa poltrona de um terminal movimentado, num canto de corredor onde o
movimento é pouco ou até mesmo numa praça de alimentação. Pois, os ruídos não
irão de sobremaneira atrapalhar o seu sadhana.
Deslocar-se para esse
Centro de Meditação de Schiphol para aqueles que tem muito tempo sobrando e
adotam a meditação regular na sua vida, pode ser uma boa pedida. Mas, mesmo
assim, o entra e sai de pessoas será inevitável.
De qualquer forma, os administradores
de um aeroporto tão agitado como Schiphol foram felizes em se lembrarem de
algumas poucas pessoas que dispensam um tempo da vida para a meditar. E, quem
sabe outros aeroportos pelo mundo adotem esse mesmo exemplo; pois, assim aquela
ansiedade e tensão que a maioria dos passageiros sentem antes de um vôo poderá,
grosso modo, ser liberada e atenuada.
Harih
Om!
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