HUMBERTO MENEGHIN
Considerado um amuleto que traz a boa sorte e afasta as
energias negativas como um “olho gordo”, por exemplo, a figa que remota desde a
época dos antigos romanos é um gesto que perdura até hoje e provavelmente continuará
perdurando. Mas será que este simples cruzar de dedos também pode ser tido como
um mudra?
Também chamado de mano fico, este amuleto de
origem italiana, pode ter, comumente, a sua forma esculpida num pedaço de
madeira, no ouro, em outros metais e até mesmo em um inusitado sabonete, tudo
para que as influências que não são boas sejam definitivamente afastadas e a
boa sorte venha para aquele que crê e usa a sua forma em colares, pulseiras,
chaveiros, escondida pelo bolso ou convencionalmente faz o gesto com os dedos
das mãos.
Outra versão da figa é simplesmente cruzar os dedos
médios e indicadores, gesto este que apesar de vir dos tempos de perseguição
aos cristãos, que tinham a intenção de se fazer uma cruz sem chamar atenção, é
mais utilizado na América do Norte. Curiosamente, sabe-se que na Turquia a figa
é considerada um gesto obsceno e que na Roma antiga ela era utilizada em cultos
à fertilidade e ao erotismo.
A crendice popular diz que se alguém perder uma
figa, não deve procurá-la, mas sim deixar que se vá com toda a carga negativa
que poderia ter recaído sobre o antigo portador.
De um modo prático e simples, na figa que todos nós conhecemos, os polegares ficam envolvidos pelos dedos médios e indicadores, os quais representam os elementos fogo, ar e éter, respectivamente; no entanto, será mesmo que a figa tem um efeito real e eficaz para aqueles que estão acostumados a adotá-la?
Na maioria das vezes, salvo exceções, a figa feita
com as mãos é momentânea, ou seja, quem a faz não fica com os dedos cruzados
por um longo período de tempo e muito menos se recolhe em um canto, fecha os
olhos e se mantém em silêncio tentando observar e desvendar qualquer efeito
benéfico que o “mudra figa” pode trazer ao corpo, à mente e ao
psiquismo.
Poderá, no entanto, aquele ou aquela que a esta
ação se predispor, talvez ter a figa como um mudra sim; concentrar-se no
encontro dos dedos envolvidos, concentrar-se no pulsar do sangue, buscar a sua
essência e a conexão com o seu mais puro significado.
Se o “mudra figa” traz ou não proteção e boa
sorte, isto simplesmente dependerá do grau da intensidade da crença de quem se
predispor a investigá-la, mesmo que outros, do contrário, possam achar que de
nada adiantará querer transformar um gesto dito popular e da superstição em um mudra
e que a figa jamais o será. Boa sorte!
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