HUMBERTO MENEGHIN
No decorrer da prática de ásanas é muito comum e correto o professor proceder os ajustes necessários nas posturas que os
praticantes executam; ajustes para que os ásanas
se tornem mais perfeitos no sentido de evitar desconforto e até dano para quem
os faz. No entanto, alguns praticantes abertamente não gostam de serem tocados,
em especial os de origem americana e canadense; brasileiros, nem tanto. Então,
como o professor deve agir se porventura se deparar com uma situação como essa?
Em Terras Tupiniquins o toque é um ato muito normal
entre quase todos. Aqui as mulheres se cumprimentam com beijinhos, mesmo quem
se vê pela primeira vez; costume que raramente é adotado nos Estados Unidos e
Canadá, com a exceção de alguns que por lá vivem e tem sangue latino nas veias.
Ajustar um aluno ou aluna que na frente do
professor executa um ásana de forma
incorreta é o mais sensato a fazer, sem dúvida nenhuma. E, assim, a maioria dos
professores realiza o acerto aproximando-se do (a) aluno (a) e “pedindo
licença” ou não, ajusta-o (a), corrige a postura ou dá um toque, sem forçar,
para que se caminhe um passo a mais no
ásana.
No entanto, quando isso é feito tocando-se o corpo
e ainda estando o professor ou professora bem próximo ao aluno (a), essa ação deve
ser realizada de um jeito sutil e técnico, no sentido de o praticante não se sentir
constrangido e quem estiver assistindo a cena não captar qualquer indício de violência,
malícia ou assédio.
Por sua vez, há quem ajusta o praticante apenas com
o toque dos dedos das mãos e outros somente instruindo através da voz, sem que
haja qualquer proximidade ou toque.
Do contrário, alguns outros sequer fazem isso e
permitem que os que estão sob a sua guarda façam as posturas de qualquer jeito,
por mero relapso, falta de preparo ou talvez porque a iluminação da sala não
seja suficiente
Mas, para aqueles que não querem ser tocados ou
tocadas de forma alguma durante uma aula de ásanas,
a solução ideal e mais óbvia é transmitir o ajuste, a correção, pela voz, o que
irá demandar uma boa tarimba por parte do professor ou professora.
No entanto, em alguns estúdios que estão localizados
acima da linha do equador, antes da prática iniciar é muito comum quem ministra
a aula perguntar: “quem não quer ser tocado?”.
Havendo uma resposta, geralmente um levantar de
braço, aquele ou aquela que tem aversão a toques é identificado e então o
professor não o tocará durante o desenrolar da prática.
Isto pode parecer tolo, mas hoje em dia com essa
onda de assédio que ocorre no meio do Yoga, para os (as) precavidos (as) todo o
cuidado é pouco. No entanto, há alguns professores ou professoras que realmente
abusam e alguns outros até aplicam Reik.
No Brasil, parece que não há este problema; mas
buscando uma solução para esse entrave, de uma forma criativa, um estúdio de
Yoga canadense chegou a ponto de criar dos tipos de cartões, a serem colocados pelo
praticante na frente do tapetinho com o intuito de identificar quem quer ser ou
não tocado durante a prática.
Esses cartões dizem:
“Yes,
please” – Sim, por favor (da cor
verde);
“No,
thank you” – Não, obrigado (da cor roxa).
Será que algum dia essa providência será necessária
por aqui?
Harih Om!
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