1 de agosto de 2011

VIAGEM À ÍNDIA: PEREGRINAÇÃO OU PASSEIO?




HUMBERTO MENEGHIN
artigo publicado originalmente no www.yoga.pro.br


Com a valorização da moeda brasileira, talvez tenha chegado a hora de alguns praticantes do Yoga decidirem realizar aquela tão sonhada viagem à Índia, terra do Yoga, dos marajás, dos belos palácios, do povo, da comida e da cultura exótica. Ir à Índia, à primeira vista, aos olhos dos leigos, parece uma viagem nunca imaginada, impossível de se concretizar; mas, para os yogis, não é.

Alguns entusiastas, simplesmente compram as passagens para o Subcontinente e se vão com mochila nas costas, um caderninho para anotar as impressões e uma câmera digital para registrar os bons momentos e a Índia em si, através da própria perspectiva. Outros até realizam documentários sobre essa jornada.


O primeiro passo para se viajar à Índia, além do passaporte com visto válido, é saber escolher a rota aérea. Você pode optar em ir conectando-se pela África do Sul, Europa ou até mesmo por Dubai. Depois, segue o comparativo-preço, no que concerne ao melhor valor pago pela passagem. 

Além disso, existe a questão do seguro, em especial aquele que cubra alguns reveses de saúde e que possivelmente possa ser acessado, se preciso; contando, também, a necessidade de estar vacinado contra a febre amarela e outros tipos de indisposições. Ainda, você precisa saber em quais hotéis,hostels ou ashram – um mosteiro hindu onde os sábios estudam e vivem em paz – irá se hospedar, em especial sobre valor da estada e localização.

Muito bem, você encontrou a rota aérea mais vantajosa, reservou os lugares que irá se hospedar ou até mesmo contatou aquele ashram onde irá participar de um curso ligado ao Yoga, Vedanta ou Ayurveda. Então, chegou a hora de ir. Ir para a Índia, em uma viagem para o outro lado do mundo com longas horas de vôo.




Mesmo que “a estrada para o céu seja pavimentada por boas intenções”, recomendável é estar bem atento às diversas e diferentes situações que possam aparecer a sua frente quando chegar à Índia. Não se assuste com o aeroporto, já soube de gente que entrou em estado de choque e quis voltar para casa. Ora, considere a sua chegada como um primeiro contato com o povo indiano, mas não dispense toda cautela que temos ao chegarmos a um destino que não conhecemos. Se você foi por conta própria, procure o balcão de informações e obtenha dicas que o ajudarão a chegar ao local aonde irá se hospedar.




Veja se é possível trocar as notas que leva pelo melhor câmbio, se há um serviço de táxi pré-pago, ou seja, que você possa acertar o pagamento antes, em um próprio bureau no aeroporto e então, siga para se hospedar; pois se isso não fizer, qualquer indiano que possa trazer-lhe boas intenções irá querer te oferecer transporte fácil e até mesmo ajudá-lo com a bagagem, na esperança de receber uma boa gorjeta.




Mas, se você optou por ir a Índia através de um pacote de turismo pré-pronto oferecido por uma agência de viagens no Brasil, algumas das questões expostas já se encontram supridas. Entretanto, aqui também é recomendável saber fazer a escolha certa, no que concerne a valores a serem pagos pelo pacote, lugares a serem visitados, guias e se você se identifica com o professor de Yoga que estará capitaneando a viagem e/ou peregrinação à Índia.




Os primeiros dias de adaptação na Índia são destinados à diminuição do jet lag, da fadiga causada pela viagem e a mudança de fuso horário e para isso, alguns professores de Yoga valiosamente dispensam momentos da viagem para a prática, o que é primordial, pois se você simplesmente for à Índia e não praticar o Yoga e não aproveitar algumas horas para o estudo, algo ficará faltando; ou seja, a sua tão sonhada e preciosa ida à Índia se resumirá em apenas uma mera visita turística e não a uma proveitosa peregrinação acompanhada de estórias, cultura, conhecimento e experiências.






No entanto, não precisamos exagerar; ou seja, se enfornar em um ashram militarmente e não ir visitar os pontos turísticos importantes e até mesmo deixar de fazer umas comprinhas, pois essa estória de ir à Índia só para estudar, porque o motivo da viagem não é compras, está fora de questão; pois, inevitável é você não querer comprar livros, incensos, instrumentos musicais, imagens e alguns panos, portanto, tudo na medida certa para que não haja excesso de bagagens no retorno.



Passeando pelas cidades indianas, você poderá encontrar de tudo. Para aquele que tem dificuldade de se adaptar às situações adversas, como a falta de higiene, melhor então não ir à Índia, pois pelas ruas das cidades, além de detritos, poluição, excesso de buzinas e trânsito confuso, haverá vacas transitando e até macaquinhos, que em um momento de distração poderão levar-lhe algo. Sem contar, odores diferentes e pessoas de todos os tipos e etnias que fazem parte da realidade Índia, queira ou não queira você aceitar.




Dentre as muitas boas opções que a Índia oferece, além dos lugares sagrados, que não é preciso citá-los, procure visitar os templos, mesmo que alguns sejam pequenos e imperceptíveis a olhos alheios, pois são gratas oportunidades para se conectar com os Deuses e com você mesmo.

Então, para que a sua ida à Índia seja considerada uma peregrinação e não apenas uma mera passagem, muitas coisas estão englobadas; dentre elas, a disposição em querer se entregar aos costumes, encantos e magia do Subcontinente sem estar munido de quaisquer preconceitos e miasmas, pois assim, quando retornar a seu país de origem terá a grata certeza de que algo mais ficou em você além do simples turismo. 

Harih Om!

Um comentário:

  1. Olá Humberto, bem legal o seu post! Eu concordo com você. Na verdade, qualquer viagem que façamos para outro país, sobretudo de cultura muito diferente da nossa, terminamos nos encontrando com nossas limitações e também nossa capacidade de adaptação ao diferente. Na Índia, isso se amplifica, pois o país te invade por todos os sentidos, o choque é inevitável, por mais abertura que se tenha. Porém, passado o susto, é como aprender a mergulhar: você descobre um mundo de sensações, sabores, sorrisos e cores, depois de passado o umbral do desconforto, que emocionam e arrebatam. Estou viajando há dois meses e meio pela Ásia. Estou agora em Varanasi. Se quiser acompanhar, dê uma visitada no Nós Queremos Navegar: http://nosqueremosnavegar.blogspot.in
    Abraços!

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