HUMBERTO MENEGHIN
Na TV americana está passando um comercial incomum que logo chama a atenção de quem o assiste: é um filme publicitário que vende o analgésico Advil. Neste comercial, que tem como cenário uma sala de prática com praticantes executando ásanas, uma professora de Yoga diz abertamente:
“If I have any soreness, I’m not going to be able to do my job. Once I take Advil, I’ll be able to finish my day and finish off strong. I always find myself going back to Advil. It really works.”
Traduzindo:
“Se eu tiver alguma dor, eu não vou ser capaz de trabalhar. Uma vez que eu tome Advil, eu serei capaz de terminar o meu dia, livre da dor. Eu sempre tomo Advil, realmente funciona.”
Mais uma vez, na Terra do Tio Sam, a propaganda pega carona com a popularidade que o Yoga anda tendo por lá para vender um remédio que tem por finalidade principal aliviar as dores. Mas qual é a relação estrita entre este analgésico Advil com Yoga? E mais especificamente com a professora que sente dor ao ministrar suas aulas?
Indicado para o alívio de dores mais fortes como a dor de cabeça, dor muscular, dor nas costas, artrite, gripe, resfriados comuns e até dor de dente, este analgésico de composto líquido de ibuprofeno, de fácil absorção, também tem o efeito prolongado. No entanto, sua correlação com o Yoga não faz o mínimo sentido.
Se uma professora ou professor de Yoga sente qualquer tipo de dor ou desconforto físico ao ministrar suas aulas, podemos concluir que há alguma coisa errada com relação ao modo como a sua prática se desenrola e como ministra as suas aulas. Pode ser que este ou esta profissional porte uma lesão que ainda não esteja curada e para continuar conduzindo suas aulas necessite tomar o analgésico (melhor seria um tratamento específico); ou até pode ser que a construção dos ásanas que preceitua durante a prática seja muito equivocada e violenta e por isso ultrapassa os limites do bom senso, causando desconforto e dor tanto na própria professora quanto nos alunos que com ela praticam.
Desde que a prática de ásanas do Yoga, além dos efeitos psicofísicos que traz, seja firme, confortável e presumivelmente sem dor, nada pode contribuir para que o praticante se violente, ou seja, deixe de observar o preceito de ahimsa, a não violência para consigo mesmo. A prática do Yoga em si não tem o propósito de ferir; muito pelo contrário, pois em certos casos é ela que irá aliviar a dor.
Quem já ouviu um praticante dizer ao final de uma prática que aquela dor de cabeça ou dor nas costas que sentia antes passou instantaneamente? Então, não precisou tomar qualquer tipo de analgésico, pois a dor se foi por si só devido aos benefícios presenteados pela prática e não pelo efeito paliativo de um analgésico como o que é propagado pela professora de Yoga no comercial de TV.
A finalidade de uma boa prática de Yoga que se preze não é a de provocar dor em qualquer praticante. Se uma prática ou professor de Yoga está trazendo algum desconforto que seja a ele próprio ou aos que com ele praticam, não será um mero analgésico que irá solucionar o problema efetivamente; mas sim, uma mudança de paradigma quanto à condução correta do professor ou professora no que concerne a sua prática pessoal e nas práticas que se propõe a conduzir.
A prática efetiva e consciente do Yoga não cria a mínima necessidade e dependência de se tomar Advil e muito menos a nossa conhecida Neosaldina, porque não há qualquer tipo de dor para ser aliviada.
Se você quiser conferir, aqui está o filme da campanha:
Harih OM!
Olá Humberto, namaste! É realmente triste ver essa ligação, não faz sentido! Espero que na terra do Tio Sam também tenha professores bem intencionados como você pra colocar isso a limpo, principalmente para os menos instruidos! Harih Om
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