MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE 36

HUMBERTO J. MENEGHIN

“A Malu sempre foi muito mimada e ainda por cima tem um vício que eu abomino: Com mais de quarenta anos, rói unha, pode? Pelo amor de Deus!!!!” Foi o que ouvi uma mulher dizer a outra pelo corredor, quando descíamos para a meditação na madrugada. “Mas, não é chique essa meditação? Minhas amigas vão morrer de inveja quando souberem que meditei antes de o dia nascer!” ouvi outro alguém dizer atrás de mim quando já me aproximava da roda. 

Havia pelo menos trinta pessoas sentadas num gramado, formando um grande círculo, envolvidas pelo sereno da noite e praticamente quase noventa por cento eram mulheres. Então, percebi alguém afagar meu ombro esquerdo. Virei-me e me surpreendi! Sabe quem era? O Ruivo da Vivo. Ele em pessoa, em carne e osso, e em voz baixa ainda segurando o smartphone, perguntou se poderia sentar-se ao meu lado.

Enviei um sorriso fazendo um movimento afirmativo com a cabeça, ao mesmo tempo que via a Silmara e o Nenê, organizando a roda. E nenhum sinal do Tércio Natércio Couto que somente iria aparecer às sete e trinta para a prática de Yoga e começo das palestras, desse retiro.

Esbaforida, Lili e Vera Lúcia que estavam comigo no mesmo quarto apareceram e se sentaram entre nós. A Gaby ruiva aproximou-se do Ruivo da Vivo falou alguma coisa e então fiquei sabendo que eram primos.

Silmara se colocou ao centro da roda e pediu para que todos fizessem silencio e ouvissem com atenção o que ela iria dizer:

“Amadinhas, amadinhos. Meu bom dia a todos vocês. Meditar durante a madrugada requer disciplina, meus amores. Estou contente por a maioria estar aqui, neste momento do agora, sinal que você querem buscar a iluminação. Meus lindos, minhas ,lindas, acomodem-se, fiquem em silencio, fechem os olhos e vamos mergulhar nas entranhas do Ser. A respiração é tranquila, o ar da madrugada banha sua pele, você percebe todo seu corpo. Namastê.  Veja que estar em contato contigo mesmo só requer um esforçozinho, namastê. Nota a respiração, namastê. Percebe o ar entrar e sair pelas narinas, namastê. Onde o Universo está, você está. Namastê. Onde o Ser está, está você. Namastê.  Nota todo seu corpo relaxado, namastê.  Descarte os pensamentos intrusos, namastê. Por aqui e por lá, você está aqui, namastê.

E Silmara continuava a falar e falar enquanto, na verdade, o sono voltava em mim. O tempo passou, não senti mais nada, não ouvi mais nada. Acho que dormi sentada!

Então alguém tocou meu ombro. Abri os olhos, o dia já amanhecia e todos já conversavam e se movimentavam. O Ruivo da Vivo não estava mais ao meu lado. E, o Nenê que fazia parte da equipe do Tércio e da Silmara, aproximou-se de mim dizendo: “Irmã, viajastes para a imensidão do Ser, pois foi a última a retornar. Um abraço fraterno, irmã:” E o Nenê me abraçou, mas não me senti bem com isso.”

“Eu também quero!” Ouvi alguém dizer e esse alguém era a Lili que logo abraçou-se ao tal do Nenê e depois me chamou para fazermos um “selfie” com ele. Daqui a pouco estaríamos como o Tercio Natércio Couto.

Namastê!