HUMBERTO MENEGHIN
Jogadores
de futebol que fazem a diferença são verdadeiramente dotados de uma boa capacidade
de concentração. Além da habilidade física inata, treinamentos intensos, táticas
e orientações técnicas que lhes são transmitidas para desempenhar o papel que
lhes cabe com eficácia e eficiência, esses elementos por si só não são
suficientes para se ganhar os jogos e levar a tão cobiçada taça da Copa mundo
de Futebol. No entanto, o que mais conta, o segredo do sucesso, é a capacidade de
concentração, marcar gols, acertar o alvo como Arjuna o acertou com a flecha.
Comumente
contada quando se estuda a Gita ou os Yoga Sutras, a passagem em que Arjuna e
mais dois são chamados para atirar a flecha num alvo que está na árvore em frente,
acaba por ilustrar as quantas andam a capacidade de concentração, dhárana, de um praticante de Yoga,
meditador.
Antecedido
por dois pândavas, que ao tentarem atingir o mesmo alvo, não conseguiram, pois
os olhos viam mais que deviam e não miravam totalmente o foco, Arjuna acabou
por ser o único que teve êxito, que diante de si não viu nada mais além do alvo,
excluindo todo e qualquer tipo de distrações: galhos, ramos e as folhas.
Inspirados
na estória ou não, aqueles que tentam meditar com regularidade procuram focar a
atenção completamente no alvo, ou seja, no concentrar-se no fluxo respiratório,
num mantra ou num objeto externo como a chama de uma vela.
À
medida que a intensidade da concentração se evidencia, aos poucos o buscador se
vê noutro estágio, dhyana, a
meditação, que por vezes pode se estender por um breve momento ou além disso.
Arjuna
ao manter a capacidade da concentração toda voltada para o alvo que estava na
árvore é o exemplo do meditador bem sucedido, que apesar de um dia ou outro não
estar totalmente apto como gostaria estar, procura manter o foco, a
concentração no que importa para que o processo meditativo se faça.
Distrações
são comuns e costumam ocorrer quando se está fora de foco; tais quais se
revestem de pensamentos intrusos, cobranças, emoções não resolvidas que
aparecem para atrapalhar a concentração daquele que medita.
Não
diferente são os jogadores de futebol das seleções dos vários países que
participam, no Brasil, desta Copa do Mundo/2014. Muitos deles fisicamente e
tecnicamente bem preparados, atacantes, defensores, colaboradores estão inseridos
numa esquipe onde o técnico que orienta é o líder que tem por objetivo
primordial fazer com que marquem gols, vençam as partidas e levem o time a ser campeão
do mundo.
E,
a peça chave para que isso aconteça é a concentração por parte de todos os
componentes da equipe, desde o que defende ou ataca, que passa e repassa, para que
no momento certo, nos pés certos, o chute na bola faça o gol, da mesma forma
como Arjuna acertou o alvo.
Sim,
várias vezes a bola bate na trave e a torcida fazendo todo o barulho que tem
direito tanto pode ajudar como atrapalhar aqueles que buscam a concentração e
querem chutar ao gol para marcar. No entanto, a fama perene, o dinheiro fácil e
as atitudes violentas quando dominam os pensamentos e as ações dos que pretendem
vencer podem desconcentrar e por tudo a perder.
Então,
da mesma forma que aquele que orienta os que meditam, o técnico do time, que
conta com muitos assistentes, psicólogos e motivadores profissionais e quem
sabe um professor(a) de Yoga, também deve saber exatamente como levar os seus
tutelados ao pico da concentração, sem que haja distrações, para que no final o
mais importante se concretize: serem campeões do mundial.
Os
corações podem não aguentar, mesmo que se vença ou se perca; no entanto, o que
permanece são os momentos e as experiências bem vividas.
Harih Om!
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