HUMBERTO MENEGHIN
photos credits National Geographic
Se a população da grande São Paulo multiplicada por cinco
decidisse se banhar nas águas da baixada Santista talvez poderíamos ter uma
ideia bem próxima de como é o Khumba Mela
ou Khumb Mela, o maior festival Hindu
de que se tem notícia. Acontecendo na proporção de quatro vezes a cada doze
anos, na Índia e revezando suas “edições” entre as cidades de Allahabad,
Ujjain, Nasik e Haridwar, o Kumbha Mela deste ano 2013, melhor dizendo, o Maha
Kumbha Mela, começou em 14 de janeiro na cidade de Allahabad e vai se
estender até o Mahashivaratri, dia 10 de março, quando se completa mais
um ciclo de doze anos. Nenhum pouco parecido com um festival ou concerto de Rock
e muito menos ao saudoso Woodstock,
milhões de devotos Hindus, curiosos e turistas comumente se reúnem para se
banharem e se purificarem no Sangam,
confluência onde os rios sagrados como Ganges, Yamuna e Saraswati se encontram.
Considerado o maior festival religioso do planeta,
prevê-se que cerca de cem milhões de pessoas apareçam, durante os cinquenta e
cinco dias do Maha Kumbha Mela, em
Allahabad. E, conforme consta, esse inconfundível festival tem fundamento
numa lenda, onde deuses e demônios declararam guerra tudo por causa da posse de
um pote precioso, kumbh, que continha amrit, o néctar da
imortalidade, criado por sagar manthan, o escumar dos oceanos.
A lenda diz que Jayant, filho de Indra,
escapou com a kumbh e por doze dias consecutivos os demônios lutaram
contra os deuses pela posse do pote. Por fim, os deuses venceram, beberam o amrit
e alcançaram a imortalidade. No entanto, durante a batalha pela posse da kumbh,
quatro gotas de amrit caíram em quatro cidades da Índia, justamente
Allahabad, Ujjain, Nasik e Haridwar, onde o Kumbha
Mela ocorre a cada três anos.
Banhar-se nas águas
sagradas do rio Ganges, rio que tem origem nos céus e que é a celebração da
criação já é um grande mérito para aquele que é Hindu. Mas, em Allahabad, esse ritual se torna mais do que
especial, pois o banho acontece na confluência dos três rios sagrados: Ganges,
Yamuna e Saraswati.
É sabido que a imensa multidão de devotos que se
banham na confluência desses rios não estão lá para brincarem, muito embora aos
olhos de leigos e turistas as figuras insólitas que por lá circulam possam
dizer o contrário e serem alvos de filmagens e fotos, que de forma alguma não justifica qualquer tipo de
ridicularização.
Essas pessoas, peregrinos, típicos participantes do
festival, que muito chamam a atenção podem ser consideradas loucas, aos olhos
dos desavisados. No entanto, esses renunciantes e sadhus, não eximindo a
presença dos que são dados a embustes, inevitavelmente fazem parte desta
tradição dos tempos.
Um esquema especial parece que é montado para os
turistas e os visitantes habituais, como tendas, cuidados com a segurança, etc;
para que o grande aglomerado de gente não produza situações que não são
pacíficas.
As datas mais
significativas e auspiciosas para se tomar um banho durante o Maha
Kumbha Mela de 2013 são essas:
Makar Sankranti – em 14/01/2013
Um banho de Santo durante este período traz um significado
especial, pois os que tomam um banho sagrado dos rios Ganges, Yamuna, Godavari,
Krishna e Kaveri adquirirem créditos piedosos.
Paush Purnima – em 27/01/2013
O dia ocorre quando da Lua cheia do mês hindu de Paush.
Por ser a última Lua cheia de inverno, sadhus e um enorme número de
peregrinos chegam ao Kumbha Mela.
Mauni Amavasya Snan – em 10/02/2013
Para os homens e mulheres considerados Santos, este
é o dia de banho principal. Novos membros das várias ordens monásticas recebem
a sua primeira iniciação neste dia.
Vasant Panchami Snan – em 15/02/2013
Início da primavera no norte da Índia, este é o
quinto dia da metade luminosa do mês lunar.
Rath Saptami Snan – em 17/02/2013
A festividade Rath Saptami é observada no
sétimo dia de Shukla Paksha, no mês Magh (janeiro - fevereiro),
no calendário hindu tradicional.
Bhishma Ekadasi Snan – em 21/02/2013
Neste dia, Bhishma Pithamaha, a pessoa mais
velha, o mais sábio, o mais poderoso e o mais justo pertencente à dinastia Kuru
(aprox. mais de 5000 anos atrás), narrou para Yudhishtira, o irmão mais
velho dos Pandavas, a grandeza do Senhor Krishna, através de Sri
Vishnu Sahasranama.
Então, para aqueles que estão lá e cá o Maha Kumbha Mela jamais deixará de acontecer, pois a fé move multidões.
Harih Om!
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