HUMBERTO MENEGHIN
Encontrar um lugar totalmente sem barulho para
tentar meditar, hoje em dia, parece não ser uma tarefa tão simples assim.
Muitos, ao menor sinal de barulho logo desistem, enquanto outros, do contrário,
utilizam esses ruídos incômodos como boas ferramentas no processo de meditação.
Para quem não se enquadra em nenhuma dessas opções e a todo o custo pretende
insistir na tentativa de meditar pode haver uma solução: recorrer a fones de
ouvidos que cancelam acusticamente todo e qualquer ruído, como o “Bose”, por
exemplo. No entanto, será que mesmo fazendo uso desses super fones de ouvidos,
aquele que pretende meditar estará livre dos ruídos internos que pululam na
mente?
Essa tecnologia inventada pelo engenheiro elétrico
indiano, Dr. Amar G. Bose, sonho de consumo dos descolados e descoladas
usualmente percebidos em seus ouvidos enquanto andam por shoppings ou malham numa academia movimentada, o “Bose” não é um
aparelho que custa barato não.
Com o preço girando em torno de setecentos reais
para mais, esse headphone do momento
parece que cumpre o que promete, ou seja, torna aquele ou aquela que o utiliza,
“surdinho da Silva”, no bom sentido, completamente isolado acusticamente de
qualquer tipo de barulho. No entanto, esse fone de ouvido não é somente para
isso, mas sim, logicamente, para o ouvinte apreciar um excelente e distinto
som, evidenciando nuances nunca antes notadas numa música.
Pois bem, aquele ou aquela que não consegue se
concentrar e nem meditar sem que haja barulho adquire um “Bose” coloca-os sobre
as orelhas e pronto. Acusticamente isolado ou isolada fica e o processo de
tentar meditar começa.
Primeiro, olhos fechados, a consciência corporal,
um relaxamento, o foco na respiração, silêncio total; mas, em pouco a mente lhe
devolve cenas e situações do cotidiano que incluem pessoas, coisas mal
resolvidas, vozes, imagens. A mente tagarela que não vai distinguir se aquele
que pretende meditar está usando um fone de ouvido de última geração ou não,
não pára para ficar em silêncio. Então, o/a buscador (a) retira o fone de
ouvido e aquele momento inoportuno acaba num instante. Mas, noutra
oportunidade, insere o Bolero de Ravel e então vai trazendo a mente a melodia
que vai e vem, mas mesmo assim as intromissões mentais não param.
“Bose” para que? Fica então o fone de ouvido
definitivamente reservado apenas para apreciar a boa música e mais nada, com o
devido cuidado para que a pilha não se evapore se o dispositivo ficar
inadvertidamente ligado.
No entanto, para aquele que mantém uma boa
regularidade na tentativa para meditar, que tanto consegue meditar com barulho
ou sem ele, o uso do “Bose” ou qualquer outro fone de ouvido que isole
acusticamente os ruídos, pode ser um aliado no processo meditativo.
Dependendo do dia e as suas condições físicas e
psíquicas, o praticante que tenta meditar com regularidade se encontra em
silêncio total, onde não se ouve absolutamente nada, nem o barulho de um pingo
de água que cai. Então, esse meditador se escuta, com a atenção plena descobre
que também é OM, ao passo que uma leveza no Ser surge em conjunto com o fluxo
da respiração que quase não se nota jungido à vontade de não mais querer
abandonar aquele estado. Meditação, por um momento que parece horas ou horas
que parecem um momento.
Harih
Om!
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