5 de maio de 2012

BAZAR INDIANO: SERÁ QUE VALE A PENA?



HUMBERTO MENEGHIN


Quando alguém viaja para Índia, às vezes, pode ficar tão impressionado com a grande gama de produtos made in Índia que lá são oferecidos a preços muito convidativos em feiras e mercados, que se anima e faz uma grande compra com o relevado propósito de quando retornar a seu país de origem vender toda essa mercadoria num “Bazar Indiano”. Mas, será que isso vale mesmo a pena, tanto para quem vende como para quem compra? Ou será que só uma das partes é que leva vantagem?








Um bom “Bazar Indiano” que se preze tem mesmo que ter uma grande variedade de produtos considerados diferentes, ou seja, exóticos, e ainda a bom preço aos olhos daqueles ou daquelas que pretenderão adquirir alguma coisa trazida do Subcontinente. 



Dentre esses produtos podemos encontrar desde lenços, “echarpes”, “pashiminas”, saris, batas, tecidos e panos coloridos, bijuterias, “malas” (rosários), estatuetas, incensos, Cds, livros, caixinhas do Rajastão, posters e figuras com deidades Hindus, sabonetes, essências, óleos para massagens, especiarias e tiger balm, para não alongar mais a lista.













Quase sempre esse “Bazar Indiano” ou é realizado na casa de quem trouxe a mercadoria para vender ou acaba acontecendo num espaço de Yoga. Então, os convites anunciando o grande bazar são feitos através de uma newsletter bem preparada encaminhada por e-mail a possíveis compradores ou até mesmo anunciado pelas redes sociais.



Pois bem, os destinatários recebem o convite e alguns deles, na maioria mulheres, decidem comparecer ao “Bazar Indiano”, em dia e hora pré-determinados. Ao chegarem lá, a primeira coisa que se pode perceber é um aroma de incenso ou alguma essência pelo ambiente acompanhado do som de uma música tipicamente indiana ecoando pelo player



Podem oferecer chá ou chai em conjunto com a degustação de algum petisco típico, enquanto aquele ou aquela que trouxe a mercadoria para vender no “Bazar Indiano” demonstra os produtos e aproveita para contar partes da sua passagem e vivência pela Índia.
















O interesse do consumidor por determinado produto que está exposto em alguma mesa ou banca estrategicamente bem arrumada surge da necessidade básica ou da mera atração para saciar um desejo. Então, a consumidora, por exemplo, experimenta aquele sari, que é arrumado em seu corpo daquele mesmo jeito que as indianas fazem e decide querer comprá-lo; mas, o preço, apesar de seu desejo insistente em tê-lo, se demonstra muito salgado. 



Assim, por ora, o deixa de lado e se torna atraída por um pano da cor amarela com vários motivos de OMS nele estampado em vermelho cuja qualidade não é muito boa. Então, resolve pagar quarenta e cinco reais por esse pano inconsistente cujo real valor, o da aquisição se fosse convertido de Rúpias para Reais chegaria ao módico valor de três reais. 



Logo depois, no meio tempo que usava para decidir se iria comprar o sari ou não, percebe que o sari pelo qual encantou-se é vendido para a filha de uma senhora abastada que não mede com a consciência o valor dos produtos que compra e sempre paga o que pedem sem qualquer contestação.










Doutra vertente, outro exemplo pode ser o preço abusivo de um mala, aquele rosário que se usa para entoar mantras, confeccionado com rudrakshas, que na Índia pode sair por apenas quatro ou cinco reais e quando passa a ser vendido por aqui, em alguns “Bazares Indianos” pode atingir o valor de cinqüenta ou setenta reais, dependendo do tamanho da rudraksha, pois aqueles com as menores valem mais.










No entanto, existem certos bazares cujos preços cobrados por cada peça são justos, isto é, estão no meio termo, não são muito abusivos e nem muito depreciativos; tal qual um consumidor ou consumidora mais consciente logo percebe e então fecha o negócio e finaliza a compra daquele produto que tanto queria, feito e trazido da Índia.



Para evitar ser vergonhosamente explorado ou explorada em qualquer “Bazar Indiano” que seja, seria conveniente o consumidor realizar uma pesquisa prévia na web e também ter uma boa conversa com quem já esteve em Terras Indianas para ter uma noção quase que real sobre o valor que se pode pagar pelo produto que possa interessar em comprar.










Desse modo, se no bazar os preços dos produtos estiverem só um pouco a mais do que realmente valem, se o mesmo fosse comprado na Índia, o negócio poderá ser concretizado; do contrário sendo bem racional, não valerá a pena pagar um preço abusivo só para ter um produto que na verdade vale bem menos. Assim, uma visita descompromissada a um estabelecimento que vende produtos indianos na rua Vinte e Cinco de Março, na capital paulista, poderia ser de mais valia.


Para quem vende, sabemos que a mercadoria trazida na bagagem nela não incidiu qualquer tipo de tributo que se paga por aqui, como IPI e imposto de importação; assim cabe ao vendedor usar o bom senso para etiquetar os preços de seus produtos com justeza, pois desejo de lucro excessivo pelo que vale menos poderá acarretar prejuízo.

Harih Om!


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