4 de setembro de 2011

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE QUATRO



HUMBERTO MENEGHIN

Ficaram sabendo lá no escritório que eu também estou praticando Yoga com a Claudinha. Andam dizendo que agora eu estou Zen, diferente; que o meu estilo mudou, que pareço mais calma e menos dispersa. O Dárcio, que trabalha na mesma estação de trabalho que eu vive me mandando e-mails engraçadinhos e aquelas correntes que detesto; mas uma dessas mensagens que ele me mandou hoje eu não gostei nenhum pouco: consistia em imagens mostrando homens bêbados jogados as traças, colocados em supostas posturas do Yoga e ao lado de cada imagem o ásana correspondente. Parece que todo mundo gosta dessas coisas toscas e desse humor barato e sarcástico que acaba sendo de puro mau gosto, pode isso!




Meu colega escolheu a pessoa errada para mandar esse spam; detestei. No cafezinho falei com a Claudinha sobre isso e ela me disse que também tinha recebido o mesmo e-mail que o Dárcio mandou pra mim, mas que decidiu ignorar, nem dar atenção a baixaria que estavam propagando sobre o Yoga.

Mas a gota d’água foi quando o Dárcio perguntou se nós iríamos tomar um porre essa noite! A Claudinha se afastou e nem deu ouvidos ao Dárcio, mas eu não fiquei quieta. Falei para ele que estavam deturpando o Yoga com aquelas imagens, que o Yoga não é nada disso, que ninguém se embebeda para praticar e que ele deveria experimentar fazer uma prática ao invés de ficar divulgando essa piada de mau gosto. Afastei-me do Dárcio e durante todo o restante do dia não falei mais com ele.

Mas, no fim do dia, quando estava pegando as minhas coisas para ir para o Yoga com a Claudinha, ele quis puxar conversa comigo, mas acabei sendo monossilábica. Durante o trajeto até o espaço de Yoga, resolvi nem tocar mais nesse assunto com a Claudinha e me centrei no momento presente. Chegando lá no Yoga, soubemos que o meu professor teve um contratempo e que naquela noite iríamos ter aula com uma professora substituta que se chamava Tarciana. Poxa vida! Estava contando tanto com a aula do meu professor, ele é tão bom! Será que essa professora substituta iria dar conta do recado?



“Ela é boa. É ashtangueira.Já morou na Índia.” Foi o que disse uma voz chegando por trás de mim que logo reconheci: era a Simone, que com um sorriso entre os lábios deixou dois beijinhos em mim e na Claudinha, pois parecia já ter se curado da gripe. Mas o que seria uma professora ashtangueira?

Continuando a conversa, Simone disse que a linha de prática dessa professora era o Ashtanga Vinyasa Yoga, com seqüências bem dinâmicas de ásanas e que a sua forma atual foi desenvolvida em Mysore, Índia por Pattabhi Jois.

Fiquei pasmada com a informação que a Simone nos passou, parecia que ela era bem “macaca velha” em matéria de Yoga. Então, ficamos sabendo, por acaso, que a Simone teria recebido um convite para trabalhar no Canadá, em Toronto; mas que ainda não sabia se iria aceitar ou não, pois achava o Canadá um país muito frio.

Nos trocamos e fomos direto para sala de prática, adiantadas em cinco minutos desta vez. Por lá nos deparamos com uma mulher na faixa dos trinta, bastante magra, plantando bananeira justamente no lugar onde meu professor costuma ficar para dar as aulas.




Notei de imediato que as unhas dos pés dessa balzaquiana estavam pintados em esmalte da cor Pink, bem cintilante. Percebendo a nossa presença, a praticante que presumi ser a professora asthangueira, nos disse para ficarmos a vontade. Pois bem, nos acomodamos enquanto os outros praticantes tomavam seus devidos lugares na sala. Então, sem que esperássemos, a professora substituta baixou as pernas e desfez a invertida que tinha feito, ficando deitada sobre o mat por talvez um minuto. Por fim se colocou em padmásana, se apresentando e dizendo que estava lá para dar a aula da noite no lugar do nosso professor, porque ele havia tido um contratempo.

A aula começou com a professora Tarciana entoando o mantra OM em cinco fôlegos e depois ela começou a fazer um pranayama polarizado. Terminados os ciclos, ela pediu para que nos levantássemos e iniciássemos uma seqüência dinâmica de ásanas bem fluidos.




A aula transcorreu bem. Realmente essa professora ashtangueira deu conta do recado, mas achei que a aula foi mais dinâmica e ela puxou muito nos ásanas.  Logicamente, continuo preferindo praticar com o meu professor mesmo. Ele é insubstituível!

Terminado o momento meditativo, ela nos convidou a entoar por três vezes, um mantra que era novo para mim. Este o mantra, que significa: “Que todos os seres em todos os lugares sejam felizes. OM, Paz, Paz, Paz.”
                                                 
Loka samasta sukhino bavantu
OM, shanti, shanti, shanti!

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