HUMBERTO MENEGHIN
Deitar-se na maioria das vezes de bruços, com o corpo estendido e os braços colados ao corpo, como se estivesse sobre uma prancha ou tábua parece ser a brincadeira do momento. Surgido na Austrália, o planking só vai ter graça se for realizado em lugares poucos comuns como em cima de uma moto ou o teto de um veículo e indo mais além em lugares muitos perigosos como em cima de uma rocha à beira de um canyon
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Consta que o jogador da liga australiana de rúgbi David “Wolfman” Williams é quem foi o responsável por popularizar a prática do planking durante um jogo, descrevendo-o como “um deitar-se ativo”.
Com cada vez mais adeptos pelo mundo, inclusive por aqui, esta atividade estranha e perigosa leva aquele que tem uma grande necessidade de aparecer e chamar a atenção, a imitar uma tábua, em situações cada vez mais extremas, com a absurda finalidade de superar a performance dos demais praticantes.
Geralmente, correndo riscos desnecessários, tiram uma foto da proeza para depois divulgarem em redes sociais, o que vem trazendo muitas dores de cabeça às autoridades australianas. No entanto, dizem que as melhores fotos de alguém em planking são as divertidas e não as radicais.
Conforme página oficial no Facebook, há regras para “plankear”:
1-Você deve sempre se deitar com o rosto para o chão, tendo a certeza de que ele permanece sem expressão nenhuma durante a ação;
2- Suas pernas devem ficar retas e juntas, e os dedões devem estar tocando o chão;
3- Seus braços devem ficar esticados ao lado do corpo com os dedos esticados;
4- Não basta deitar-se da maneira certa. Você deve fazer anunciar que está fazendo um planking para todo mundo ao redor saber;
5- Você deve sempre pensar na sua segurança e não inventar de fazer isso em lugares muito arriscados. (esta regra parece que não está sendo aplicada)
Quem vê uma foto ou tem a curiosidade de observar ao vivo alguém fazendo planking, pode achar que o praticante está executando um ásana do Yoga, talvez o shalabásana, a postura do gafanhoto.
No entanto, o shalabásana que todos nós conhecemos e praticamos tem como objetivo principal fortalecer os músculos das costas, em especial o quadrado lombar, que tem a função de auxiliar e manter saudáveis as vértebras e os discos localizados na parte baixa do troco.
Para iniciar o shalabásana o praticante se deita de bruços pelo chão e a testa descansa sobre o tapete. As palmas das mãos também são colocadas no chão, ao lado do tórax ao passo que os dedos vão estar voltados para a frente.
O uddiyana bandha se ativa quando o abdômen se estende e na medida do possível se descola do chão. Neste conjunto, o mula bandha, também se faz presente ao mesmo tempo em que os dorsos dos pés permanecem paralelos e separados proporcionalmente à largura dos quadris.
Procurando não tensionar o pescoço, o praticante eleva a cabeça, para evitar que rugas se evidenciem pela pele da nuca e a seguir apóia as mãos no chão. Ao elevar a parte superior do tronco o movimento da cabeça também acompanha. Sugere-se permanecer de 5 a 10 respirações neste primeiro estágio.
Ao tracionar o cóccix em direção ao chão, o praticante vai se conduzir para o próximo estágio do shalabásana, afastando as cristas ilíacas das axilas em mais alguns centímetros.
Então, a seguir, o praticante eleva as pernas do solo, estendidas, por cerca 15 a 20 centímetros, tomando o cuidado de distribuir de modo uniforme o peso do corpo entre o abdômen, o ventre, o osso pubiano e a parte superior das coxas.
Os glúteos permanecem relaxados, na medida do possível, para evitar comprimir a região lombar. No entanto, se esta região apresentar algumas rugas pela pele, significa que há compreensão nesta área.
Então, o praticante passa a notar os movimentos do prana pelo plexo solar e o ventre e se entrega ao ásana dentro de seu limite de sustentabilidade.
Opcionalmente os braços podem ficar estendidos para trás paralelos pelos lados do corpo ou até mesmo pelo centro das costas onde as mãos estão unidas e os dedos entrelaçados. Outra possibilidade é mantê-los também paralelos à frente, estendidos, onde a cabeça permanece entre eles.
O shalabásana é uma postura que deve ser executada com muito cuidado, pois se houver algum desconforto ou dor pela região lombar, a prática deve ser interrompida. Ainda, não é recomendada para os casos de hérnia discal posterior na região lombar, espondilolistese ou espondilólise. No entanto, se o praticante desejar continuar investigando o ásana, poderá executá-lo de uma forma mais suave, elevando menos a cabeça e as pernas.
Apesar de em determinados momentos a posição de alguém fazendo planking lembrar alguém iniciando a prática do shalabásana, o planking nada tem a ver com este ásana em particular e vice-versa; muito menos com o makárasana ou o shirshásana e muito menos ainda com o Yoga; pois percebe-se que o planking nada mais é do que mais uma brincadeira transitória que surgiu em downunder, lá em baixo, na receptiva e amistosa Austrália.
Harih Om!
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