HUMBERTO MENEGHIN
Perguntada se gostaria de participar de uma aula de Yoga, uma pessoa simplesmente respondeu: “Não faço Yoga porque a minha religião não permite.” Uma resposta pouco comum de alguém que não quer contrariar a recomendação dada pela religião que pertence. Mas, que religião é essa que poda a liberdade de escolha daquele ou daquela que a segue?
Estranho, mas não raro, é saber que existem algumas religiões que não querem que aqueles que dela fazem parte pratiquem Yoga e muito menos falem sobre o assunto. Será que praticar Yoga ou falar sobre Yoga é uma coisa muito negativa para eles?
Aliás, em primeiro lugar, inviável dizer “não faço Yoga”, porque o Yoga já está feito há muito tempo. Depois, não é a religião que não permite que se pratique, mas sim alguém dentro da religião, no papel de líder, imerso em ignorância e com ampla influência sobre os assistidos é que não deixa que pratiquem Yoga.
Por nutrirem um preconceito negativo sobre o Yoga, na maioria das vezes confundindo-o com o hinduísmo de uma forma equivocada, ceifam a liberdade daqueles que gostariam de praticar. Ora, os que se deixam controlar por alguém que não permite que “façam Yoga” podemos dizer que são eivados de submissão, insegurança e medo decorrentes de crenças limitadoras e conceitos desconhecidos quanto à verdadeira filosofia do Yoga.
Outro dia, um religioso decidiu acabar com as aulas de Yoga que estavam acontecendo num salão anexo ao local do culto. Pois bem, este gesto somente veio demonstrar um certo receio no que concerne ao sucesso que a professora estava tendo ao ministrar as aulas, além dos muitos benefícios que os praticantes estavam colhendo. Parece que o religioso em si, achou que as aulas de Yoga estavam sendo mais benéficas do que o culto e por isso resolveu por um fim às aulas.
No entanto, há outros que aprovam o Yoga, recomendam e também praticam. Vide o Yoga Cristão, onde os ásanas são os mesmos do Hatha Yoga só que acompanhados por mensagens cristãs inseridas na prática.
Não justifica qualquer dirigente religioso querer podar o livre arbítrio de alguém que freqüenta o culto, no que toca a não permitir que pratiquem Yoga. Veja que alguns, de olhos fechados, podem acatar piamente esta ordem e jamais irão praticar Yoga e nem quererão ouvir falar. Outros, no entanto, poderão experimentar às escondidas o que pode ser considerado “proibido”. E, outros mais, até poderão ter consciência de que a sua liberdade está sendo podada e então persistirão no Yoga.
Alguns até podem sustentar a idéia de que o Yoga é uma religião; no entanto, todos estamos cansados de saber que Yoga não é religião, mas sim uma auto-descoberta interior, que através de asanas, pranayamas e meditação, atua no físico, mente e psique de uma forma eficaz, contribuindo para que os praticantes se aprofundem ainda mais no seu potencial espiritual, que é o estado de moksha.
Então, ao professor que ouvir esta frase: “Não faço Yoga porque a minha religião não permite”; tem duas opções: ou entra no mérito da questão e pergunta qual é a verdadeira razão de proibirem a prática de Yoga e esclarece o que é Yoga e qual é o seu fim ou decide não insistir, deixando que aquele ou aquela que está subjugado a uma religião que cerceia a sua liberdade de escolha possa, algum dia, ter removida a ignorância sobre os conceitos errôneos que lhe passaram sobre o Yoga.
Harih Om!
Namaste Humberto!
ResponderExcluirMuito legal o texto, vou compartilhar! Obrigada,
Harih OM