HUMBERTO MENEGHIN
Há quase dois anos Madonna se apresentou pela segunda vez no Brasil. Alguns praticantes de Yoga que foram ao show, talvez tenham concluído, analogamente, terem ido a uma espécie de peregrinação ou até mesmo num daqueles Festivais tumultuosos que acontecem na Índia.
Fãs ou “devotos”, como assim poderíamos considerá-los, aguardaram muitos anos para rever, ver e sentir Madonna cantar e dançar. Filas imensas, tipos exóticos e vendedores propagando em excesso a imagem da “Santa” não se cansavam em oferecer produtos com a sua figura. Até ouvi um deles dizer que a água mineral que vendia era a água da Madonna.
Ainda pela imensa fila, gideões internacionais apareceram entregando novos testamentos, gratuitamente. Finalmente, os portões foram abertos e os fãs/devotos de Madonna entraram rapidamente no grande templo e se aglomeraram para uma nova espera até a aparição acontecer.
Madonna: Devi, Avatar ou nada disso?
As Deusas do panteão Hindu sempre chamam atenção onde a imagem de qualquer uma delas possa se encontrar; seja nos templos, nos lares, no ambiente de trabalho ou em um hospital público. Com o aspecto feminino do divino expresso, na mais pura versão Shakti, essas Deusas, consortes de um Deus Hindu correspondente, sempre estão prontas para acolherem com carinho aqueles que as cultuam.
Em frente à estatueta que as representa ou diante de uma mera imagem impressa, o devoto as cultua através de pujas, entoando mantras simples e específicos dedicados àquela Devi que mais admira, acreditando que com isso, terá a confiança e perseverança necessária para solucionar o que precisa e concretizar o que mais almeja.
Dentre as muitas Devis da Tradição Hindu, cabe destacar Durga, a mãe divina, ligada ao aspecto da criação, aquela que protege e nutre, seguida por Lakshmi, Parvati e Saraswati que preservam, constroem, inspiram e agem como facilitadoras da fluência e da abundância divina em todos os sentidos. Ainda que a imagem não seja lá das mais agradáveis, temos Kali, a Devi que destrói, ao mesmo tempo em que coloca nos eixos tudo aquilo que precisa se endireitar.
Como seus consortes, essas notáveis Deusas nada mais são do que a manifestação do Supremo, representantes de um único aspecto divino, da fluência do Ser eterno, da imortalidade, expressando-se em diferentes formas justamente para ajudar a alinhar os pensamentos e energias daqueles que acreditam.
Em contrapartida, Avatar é aquele ou aquela que representa a manifestação divina na Terra, na forma encarnada de um Ser Supremo. Aquele bondoso Ser que não faz distinção entre os humanos e que a todos acolhe da mesma forma que Durga, Lakshmi, Parvati e Saraswati, auxiliando, inspirando e protegendo sem esperar nada em troca. Por onde passa, o Avatar restaura a energia do ambiente emanando fluídos vibratórios que nutrem e abençoam aqueles que próximos estejam.
No caso específico de Madonna, noto que não é Devi nem Avatar, mas sim uma dedicada artista que canta e dança com o coração, que traz um momento de felicidade aqueles que a admiram.
Madonna é um ser humano como nós, uma praticante de Yoga que de uma forma indireta também busca moksha ao cantar e dançar, pois se sente livre.
Madonna é um ser humano como nós, uma praticante de Yoga que de uma forma indireta também busca moksha ao cantar e dançar, pois se sente livre.
Mesmo que a mídia a eleve ao patamar de Diva, Rainha Pop, as Deusas, que sabemos serem as verdadeiras Deusas do Hinduísmo, dentre outras, são: Lakshmi, Parvati, Saraswati, Kali, Durga. Devis que devem ser cultuadas e veneradas com pujas e mantras a elas dedicados.
Já, Madonna, deve ser reconhecida e aplaudida pela alegria e talento artístico que expressa, alegria e talento esses, quem sabe inspirados e presenteados pelas Devis do Hinduísmo.
Já, Madonna, deve ser reconhecida e aplaudida pela alegria e talento artístico que expressa, alegria e talento esses, quem sabe inspirados e presenteados pelas Devis do Hinduísmo.
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