6 de dezembro de 2010

WORKAHOLICS NÃO SÃO YOGIS




HUMBERTO MENEGHIN


O Trabalho dignifica o homem, como diz o ditado, mas o excesso o torna workaholic. No contexto literal da palavra inglesa, workaholic, é aquela pessoa viciada em trabalho, aquele que tem como meta principal em sua vida trabalhar e trabalhar. Aquele que não tempo para nada, além do trabalho.

Os workaholics sabem sim quais são os prejuízos do muito trabalhar, seja qual for área, mas continuam no vício. Convidado a experimentar certas terapias alternativas para “relaxar”, desestressar, alguns deles experimentam desde massagens, acupuntura e outros procuram o Yoga. 




Porém, poucos se comprometem com a prática, após um primeiro contato. Podem até achar que estão perdendo tempo enquanto praticam e que poderiam estar se empenhando naquela tarefa pendente ou em algum novo projeto.

Sentem-se culpados, mesmo que as relações pessoais e familiares estejam sendo também sacrificadas. Não dão importância à saúde, tanto física, quanto emocional, colhendo como efeitos do trabalho em excesso, a insônia, o mau-humor, tornando-os uma pessoa demasiadamente agressiva e até depressiva por não haver conseguido aquele resultado que tanto almejava.

Na prática do Yoga, percebe-se que em um primeiro momento, alguns workaholics, querem já de início demonstrar que são melhores que os demais e que aquele ásana sabem executar como ninguém, mesmo que o estejam praticando pela primeira vez. Ficam impacientes no momento da prática reservado à concentração e à meditação, pois, pensamentos surgem à mente cobrando aquelas tarefas que não foram realizadas e as que esperam logo após o término daquela aula de Yoga.





No final da prática dizem que gostaram, que relaxaram e se sentem bem; mas, 99% deles não dão continuidade, não voltam mais. Outros podem até retornar para mais uma segunda ou terceira prática, mas depois somem. Encontrando-os pelas ruas e elevadores da vida, desculpam-se com a justificativa de estarem com os prazos vencendo, além das muitas cobranças que surgem sem parar.

Talvez seja utopia de algumas corporações promoverem pesquisas e palestras internas com o propósito de alertarem seus devotados trabalhadores sobre o malefício do excesso de trabalho, pois algumas delas não oferecem ferramentas úteis para diminuir o acúmulo de estresse de seus colaboradores.

Em contrapartida, sabemos de algumas empresas e órgãos públicos que realmente se importam com a qualidade de vida de seus colaboradores e oferecem a seus empregados, além de informações e palestras sobre qualidade de vida, a pratica do Yoga, meditação e Tai chi, dentre outras alternativas que ajudam o crescimento dos funcionários como seres humanos e também procuram diminuir a cobrança desmedida de tarefas consideradas urgentes; reconhecendo, verdadeiramente, os funcionários que se empenham.

Ora, aos workaholics dos tempos atuais, cabe dizer que não precisam sair do caminho para concretizar as metas destinadas ao trabalho; mas, sobretudo, que exista o comprometimento de se reservar um tempinho para si e para os seus entes queridos, pois todos nós já sabemos que tudo em excesso é prejudicial, devendo as tarefas serem realizadas na medida do possível e não do impossível. No entanto, não se deve dispensar o apoio psicológico, se necessário.

A leveza e a sutileza de se praticar Yoga também devem estar presentes no dia a dia daqueles que ainda não se desvincularam dos excessos da vida. Pois, um dia, aqueles que hoje são considerados workaholics, poderão se abrir como uma flor de lótus e se tornarem yogis conscientes e notarão que há tempo para tudo.
Harih Om!    

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