HUMBERTO MENEGHIN
Foi em um lugar pouco comum que vi a cena ilustrada pela imagem acima: um Sikh em frente a uma máquina de caça níqueis, tentando a sorte em um movimentado saguão do aeroporto de Las Vegas, Estados Unidos. De imediato, de uma forma discreta, registrei esta imagem inusitada. Depois continuei a observá-lo, tentando descobrir o que o levava ao jogo. Pelo mundo, são vinte milhões de Sikhs e maioria deles vivem na província de Punjab, Índia.
Surgido no século XVI, no mesmo Punjab, o Sikhismo foi fundado pelo Guru Nanak sendo baseado em seus ensinamentos e dos outros nove Sikhs Gurus que os precederam. Considerada uma religião monoteísta, o Sikhismo destaca a importância de se fazer boas ações e os Sikhs acreditam que o caminho que os leva a ter uma vida digna consiste em manter Deus no coração e na mente o tempo todo, viver honestamente, trabalhar com afinco, tratar todos igualmente e ser generoso aos desafortunados.
Chama-se gurdwara, a casa de Deus, o lugar onde se reúnem para o culto e o livro onde estão as suas escrituras é nominado de Guru Granth Sahib. Os Sikhs acreditam que os seres humanos passam por um ciclo de nascer, viver e renascer, crença esta que também é compartilhada por outras religiões e tradições como o Hinduísmo, Budismo e Jainismo.
Acreditam, ainda, na lei do Karma e que a aquisição de conhecimento e a união com Deus os liberta deste circulo. Rezar, trabalhar e contribuir são os três principais deveres dos Sikhs, os quais procuram viver uma vida honesta. Evitam o jogo, pedir esmolas e trabalhar nas indústrias de bebidas alcoólicas e de tabaco.
Consoante imagem acima, podemos notar que o homem frente a maquina de caça níqueis usando um turbante da cor vinho parece de todo não observar um dos preceitos que a sua crença ensina, ou seja, evitar o jogo. Poderia ele estar se vestindo normalmente como as outras pessoas do ocidente, sem o turbante na cabeça e continuar a cometer este deslize ou até mesmo outros mais graves, que talvez não iria chamar a atenção da forma como chamou. No entanto, isto não ocorreu e o jogador se expôs e correu o risco desnecessário de ser identificado. O mesmo episódio poderia ter ocorrido com um outro personagem: por exemplo, um padre, uma freira ou um swami, o que não é impossível nos dias de hoje.
Sabemos que os seres humanos não são perfeitos, que todos nós, de vez em quando, cometemos certas ações que não se enquadram com a ética, a boa conduta, moral e os bons costumes. Mas, para aqueles que de uma forma compromissada parecem assumir fielmente os preceitos propagados por uma crença, cometer um simples deslize como tentar a sorte frente a uma máquina de caça níqueis vem demonstrar que quando estão fora do circulo religioso não aplicam a teoria na prática. Isto também acontece com alguns praticantes e professores de Yoga que dentro da seara yóguica parecem demonstrar seguir uma vida lídima de yoga, mas quando estão fora dos olhares alheios se comportam de maneira oposta.
Pessoalmente não vejo qualquer impedimento deste jogador tentar a sorte em um caça níqueis, mesmo que seja por um mero passatempo, desde que não se torne vício. No entanto, quando alguém assume perante uma doutrina determinado preceito, na medida do possível e visando o crescimento do Ser, vale cumpri-lo. Ou, caso contrário, se achar que o cumprimento de certo preceito ainda não está a seu alcance, não custa admitir que ainda não está preparado para transpor esta etapa.
Harih Om!
HariH Om
ResponderExcluircomo a vida nos dá material para reflexão,né??que otimo!!!adorei a ideia do blog!!super beijo