6 de novembro de 2010

DESCOBRIR-SE YOGINI



HUMBERTO MENEGHIN

Muitas das vezes quando se lê um livro ou se assiste a um filme é comum que alguns se identifiquem com a personagem principal e com as situações vividas por ela. É o que está acontecendo com “Comer, Rezar, Amar”.

Escrito por Elizabeth Gilbert, o livro “Comer, Rezar, Amar”, atualmente transposto para o cinema com o mesmo título e com Julia Roberts no papel principal, o enredo, pela segunda parte, descreve de um modo claro e ao mesmo tempo conturbado a busca espiritual e devocional da própria autora, durante os quatro meses que viveu em um ashram na Índia, após ter passado a mesma quantidade de meses na Itália estudando a língua italiana e apreciando a sua gastronomia.

Para quem se dedica a pratica do Yoga, ao estudo das escrituras e textos védicos é natural que tenha como interesse principal, além de buscar o equilíbrio tanto físico quanto mental, percorrer o caminho da devoção e da busca espiritual e muito melhor se parte deste caminho for feito na incrível Índia.

Mas para os leigos, em especial algumas leitoras do livro em voga, parece estranho dizer que para se equilibrar e se encontrar espiritualmente tenhamos que ir até Índia e lá se estabelecer em um ashram por alguns meses, participar de aratis matinais, mantrar, entoar cânticos, estudar, servir e meditar para somente então se encontrar consigo mesmo e com Deus. No entanto, para aqueles que muito se interessam pelo profundo estudo do Yoga e das escrituras isto é muito comum e saudável em todos os sentidos.

Felizmente, no livro, a autora que procura um novo sentido para a vida, descreve de uma forma lídima e correta as experiências por que passou no ashram, inclusive, por respeito, ética e civilidade de sua parte, deixou de mencionar onde o mosteiro se localiza e quem é a sua guru. Ao explicar o propósito do Yoga, destaca que “Os antigos desenvolveram esses alongamentos físicos não para deixar o corpo em forma, mas sim para soltar seus músculos e sua mente de modo a prepará-los para a meditação”; e ainda menciona que “O verdadeiro ioga não compete com nenhuma religião, nem a exclui”.  Tais citações ajudam a clarear o caminho daqueles que ainda são leigos quando o tema é Yoga e de uma forma implícita os incentivam a desbravá-lo.

Esclarece a autora, também, que não é fácil meditar e que no início sentiu-se entediada, irritada, deprimida, ansiosa e que seus pensamentos não paravam de pular de galho em galho como um macaco. Inquietações essas, que com a própria dedicação, persistência e desprendimento de momentos vividos no passado, aos poucos foram dando lugar aos fachos das luzes da meditação e da libertação das limitações.

As experiências vividas na Índia pela autora, claramente convidam as leitoras a vivenciá-las ou revivê-las, se a leitora já é uma dedicada yogini e já esteve pela Índia e passou por momentos parecidos aos vividos pela escritora. No entanto, não há necessidade de as entusiasmadas leitoras seguirem o mesmo trajeto, ou seja, ir primeiro para Itália degustar a sua comida em excesso, aprender italiano, tentar esquecer seus relacionamentos conturbados e depois seguir para a Índia para somente então tentar se descobrir yogini em um ashram e quem sabe na seqüência ir para Indonésia para encontrar um novo amor.

Na verdade, esta descoberta pode ser feita onde você está, independendo de estar na Índia ou não, desde que conte com a orientação de pessoas verdadeiramente qualificadas, com boas intenções, que possam como alavancas contribuir positivamente para esta importante busca. Mas, para a autora, ir à Índia e viver em um ashram por alguns meses, significou transformar-se; renovar os valores, para depois, então, conseguir meditar; e isto foi a saída necessária para se encontrar definitivamente como uma verdadeira e devotada yogini.
Harih OM!

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