31 de outubro de 2022

A VISÃO INTERNA DO TRATAKA



HUMBERTO J. MENEGHIN


A chama está vívida, luminosa, em volta do pavil, que vem de dentro da vela branca que está acesa. Não há vento, nenhuma agitação e somente a luz emanada pela vela que ilumina o ambiente onde a um braço de distância, na direção dos olhos, aquele que busca exercitar a concentração mantém o olhar voltado à chama sem piscar. Isso é o trataka, a fixação ocular no fogo de uma vela; mas, ao fechar os olhos a visão interna de quem se concentra se manifesta.

Dhárana é concentração, focar atenção num ponto e mantê-la ali e se houver alguma distração trazê-la de volta. Evidentemente o sentido usado para a fixação ocular na chama de uma vela é a visão, o que vem dos olhos, do olhar em direção a um ponto que no caso de uma vela acesa é a chama, que agregado num segundo plano está o pavil que tem a coloração negra do barbante e também corpo em cera.




A Luz da chama é encorpada, amarela para mais em baixo tornar-se mais translúcida. Nota-se que se for vista pelo lado oposto de quem a observa, será igual no formato e cor podendo a direção do pavil ser outra.


Os olhos de quem observa a chama estática da vela começam a arder, apenas um pouco, a respiração está suave, o corpo bem acomodado está confortável.


Alguns se esquecem de fechar a janela e consequentemente a chama da vela se agita, mas mesmo assim dá para fixar os olhos no fogo que um pouco se movimenta.



Não importando se mais de um minuto passou, o praticante fecha os olhos e mergulha-se numa escuridão e então nota que uma figura geométrica que lembra o contorno da chama da vela que observava se forma ali na tela interna e ainda que essa imagem apresenta aquele tom amarelo ou laranja da vela e que se movimenta os olhos mesmo fechados, a tal da chama também se move.


Assim constata que a retina é que mantém o que foi visto, o que foi observado, a imagem da chama da vela ali dentro. Há um relaxamento maior, um alívio que se sente e os olhos se abrem e mais uma vez o praticante foca a chama da vela que está ali na sua frente por mais alguns minutos até que os olhos aos poucos vão se fechando de novo desta vêz marejados de lágrimas.




Novamente na escuridão da tela mental, a luz geométrica da chama da vela está ali e então o praticante resolve focá-la bem no centro onde a cor parece mais intensa, enquanto o cérebro aceita que realmente a chama da vela continua a ser vista não distinguindo se numa imagem interna ou externa.


Os olhos se abrem mais uma vez, o foco na chama da vela termina e o praticante nota que dez minutos passaram e que os ouvidos não se importaram com os sons externos, constatando também que a divagação da mente foi mínima.


A chama é soprada; a vela apagada e o cheiro de queimado é percebido pelas narinas. Este cheiro se vai e os olhos sem querer se voltam para a parede branca à frente e por mera surpresa o praticante nota que a imagem que via internamente é projetada na parede, mas é negra; o que não o deixa surpreso.


Desta forma, conclui que o que é visto externamente pelos olhos é absorvido pela retina e que isso pode ser projetado de volta para fora.


                         


O praticante resolve piscar os olhos várias vezes para ver se a imagem da chama da vela, o contorno negro, projetado na parede à frente deixe de ser vista; mas, por sua surpresa o piscar dos olhos faz com que o contorno negro da chama se ilumine e fique amarelo. Experiencia isso algumas vezes e encerra.


Talvez muitos que investigam o trataka na chama de uma vela não tenham se dado conta dessas percepções e quando experienciarem-nas poderão constatar que não há nada de extraordinário ou mágico; mas que isso ao longo do tempo poderá abrir as portas para novas percepções e descobertas.

Harih Om!

HUMBERTO J. MENEGHIN
é praticante e professor de Yoga em Campinas/São Paulo, Brazil. Tem Formação em Yoga com Pedro Kupfer e estuda Vedanta com Glória Arieira. 

Especializou-sem em Yoga Terapia Hormonal para a Menopausa e Problemas Hormonais com Dinah Rodrigues e também Yoga Terapia Hormonal para Diabetes e Hormônios Masculinos. 

Para o site www.yoga.pro.br escreveu vários artigos e traduziu textos sobre Vedanta de autoria de Sri Swami Dayananda Saraswati com quem já teve o privilégio de estudar nos Vedanta Camps em Rishikesh-Índia 

Participou do Teacher Training de Ashtanga Vinyasa Yoga – Primeira Série – com David Swenson, em Austin, Texas, USA. 

Foi colunista do website da revista Yoga Journal Brasil.  

 estudou e praticou com professores de Yoga americanos em 6 conferências da Yoga Journal Live New York. Edita e escreve para o blog Yogaemvoga. 

MARQUE PRÁTICAS & WORKSHOPS DE YOGA: humbertomeneghin@yahoo.com.br

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