30 de novembro de 2022

RESISTÊNCIA À MEDITAÇÃO


 

HUMBERTO J. MENEGHIN

 

Evitar, deixar de lado é o que ocorre com algumas pessoas que desenvolvem uma certa resistência à prática da meditação. E, por que esse abandono acontece mesmo tendo participado de um curso presencial de “como meditar”, por um período de quatro meses?

A convite de uma amiga ligada a assuntos esotéricos resolveu participar de um curso presencial de “como meditar”, num espaço de Yoga da cidade. Pagou um valor considerável para aprender técnicas de meditação, em encontros de duas horas, uma vez por semana, durante quatro meses.

 

Disseram que poderia ter baixado um aplicativo no smartphone que prometia apresentar técnicas de meditações acessíveis a qualquer um e também outro pago, onde em pouco tempo, já estaria apta a meditar diariamente; no entanto, preferiu participar de forma presencial de um curso específico para aprender meditar com um professor que diziam ter boa bagagem meditativa e com quem valeria a pena aprender.

 

Eram dez alunas e dois rapazes que frequentavam o curso para aprender meditar e todos pareciam gente boa; desde profissionais liberais, bancárias, servidoras públicas, uma professora e duas da área de saúde. No entanto, sem exceção todos buscavam na meditação a redução do estresse e uma melhor qualidade de vida.

 


O professor que já esteve na Índia, no Nepal e até na Tailândia, a cada aula foi apresentando técnicas de meditação incluindo também uma pequena prática de ásanas do Yoga para preparar o corpo para sentar para meditar. Pranayamas, os exercícios respiratórios e mudras, gestos feitos com as mãos e dedos também foram ensinados, e o foco na sua maioria das vezes era no fluxo respiratório.

 

Como os encontros aconteciam uma vez na semana, nas quartas-feiras o professor pedia que nos outros dias os aspirantes exercitassem a técnica aprendida; no entanto, havia dias que não conseguia adequar seus afazeres para abrir espaço à prática da meditação; mas se entusiasmou e conseguiu praticar mesmo que fosse por dez minutos o exercício meditativo, no foco, na concentração.

 

É verdade que ao longo do tempo, especialmente após as aulas presenciais começou a se sentir mais leve, mais zen. Então, o curso terminou. Ela saiu em férias, foi para Orlando, Estados Unidos fazer compras, visitar os parques e durante esse período nada de meditar, porque seu foco era reduzir o estresse de outra forma. E, olha que depois de Orlando foram para Cancun, no México e aquele mar azul turquesa já cumpriu o prometido em deixá-la leve sem a necessidade de qualquer exercício meditativo.

 

Após duas semanas retornou à sua rotina diária, trabalho, afazeres em casa e a prática de meditação não foi retomada. Um mês passou e diante do espelho lembrou-se que precisava retornar a meditar, mas não fez isso.

 

Disse para si que faria outro dia porque tinha que ir no salão de beleza, com hora marcada. E no final de semana, passeando no shopping, encontrou uma das colegas do curso para aprender meditar que perguntou se continuava meditando. Sem jeito, disse que não. Devolveu a pergunta e após um silêncio a amiga confessou que também não continuava a meditar. Foram tomar um café.

 

Mais do que comum nos depararmos com pessoas que se entusiasmam em aprender técnicas de meditação para ao longo do tempo praticar a concentração e chegar lá. No entanto, relaxam e descuidam do hábito de meditar.

 


 

Então, o que poderia ser feito para que novas pessoas inicialmente entusiasmadas em “aprender meditar”, ainda pagando um valor considerável para isso, continuem firme e forte na jornada sem desistir? 

 

Construir e manter o hábito. Algo que durante quatro meses, pelo menos uma vez na semana presencialmente, nas aulas para aprender técnicas para meditação isso foi feito; mas não o suficiente.

 

No entanto, como o curso acabou e cada um voltou para os seus afazeres diários da vida e muitos diante de um imprevisto ou por mera falta de persistência não levou o compromisso de se concentrar pelo menos por alguns minutos no dia.

 

Tentar meditar diariamente mesmo que seja por dois minutos com a concentração voltada ao fluxo respiratório alternando com a elevação e recolhimento do abdômen e anotar esse compromisso diariamente num calendário após realizado é uma boa solução.

 



Ao longo do tempo, mesmo que alguns meses transcorram esse pequeno hábito se torna automático e então a segunda etapa de aumentar um pouco mais o tempo no foco acontece.

 

Associar o hábito meditar com um outro hábito recorrente também pode ser uma boa ferramenta de se manter firme na tentativa de meditar. Por exemplo: após escovar os dentes, medito por dois minutos. E, ainda, vale lembrar que moksha, a liberação é o fim da meditação.

Harih Om!

HUMBERTO J. MENEGHIN
é praticante e professor de Yoga em Campinas/São Paulo, Brazil. Tem Formação em Yoga com Pedro Kupfer e estuda Vedanta com Glória Arieira. 


Especializou-sem em Yoga Terapia Hormonal
 para a Menopausa e Problemas Hormonais com Dinah Rodrigues e também Yoga Terapia Hormonal para Diabetes e Hormônios Masculinos. 

Para o site www.yoga.pro.br escreveu vários artigos e traduziu textos sobre Vedanta de autoria de Sri Swami Dayananda Saraswati com quem já teve o privilégio de estudar nos Vedanta Camps em Rishikesh-Índia

Participou do Teacher Training de Ashtanga Vinyasa Yoga – Primeira Série – com David Swenson, em Austin, Texas, USA. 

Foi colunista do website da revista Yoga Journal Brasil.  

 estudou e praticou com professores de Yoga americanos em 6 conferências da Yoga Journal Live New York. Edita e escreve para o blog Yogaemvoga. 

MARQUE PRÁTICAS & WORKSHOPS DE YOGA: humbertomeneghin@yahoo.com.br

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