HUMBERTO J. MENEGHIN
Antes de a quarentena começar, praticando ásanas num espaço da cidade, um aluno com seus vinte e poucos anos de idade, perguntou para “a tia da Yoga”: Por que você não ensina pra gente aquelas posturas difíceis que aparecem no Instagram? Com um sorriso alvo, “a tia da Yoga” respondeu: O objetivo do Yoga não é esse de fazer posturas difíceis, complicadas, mas buscar a paz, o equilíbrio, a libertação, se autoconhecer. De volta, o aluno falou: Mas, no seu Insta, você aparece fazendo aquela postura do corvo! Me ensina, que eu também quero fazer! E, alguém mais disse: O que você considera ser uma postura difícil, meu querido? Adicionou outra professora de Yoga ao ouvir o aluno questionar a colega.
Criou-se um pequeno debate entre as duas
professoras de Yoga e um aluno que gostaria de aprender posturas ditas difíceis, desafiadoras
como muitos gostam de dizer; o que, no entanto, pode pegar de surpresa qualquer professor ou professora de ásanas que segue um roteiro pré-determinado
em suas aulas seja por opção própria ou por determinação do Espaço de Yoga, que não possibilita a
abertura de os professores ensinarem posturas consideradas complicadas de
se executar e que até podem provocar uma
lesão no corpo de algum aluno, ao longo do tempo.
Tentando
amenizar um pouco o assunto, a
professora que ouvia a conversa perguntou ao aluno: O que você considera ser uma postura difícil, meu querido?
Em resposta o aluno disse:
Aquela que fica de ponta cabeça, a do corvo,
parada de mãos que até andam fazendo nas
academias de musculação e aqui nesse espaço nem ensinam!
Acertando
os óculos de grau no rosto, a tia da
Yoga que foi primeiramente questionada decidiu dizer:
Sabe, Gustavo, hoje na aula nós fizemos a postura da pinça e notei que você a fez muito bem porque é flexível. Mas, duas alunas nem conseguiram colocar as mãos nas canelas e então essa postura, a pashimotanásana, que você faz com tamanha facilidade é fácil pra você; mas, para as outras duas alunas nem tanto, não alcançam os pés, o que não as impede de um dia chegarem lá. A Bakásana, Kakásana, a postura do corvo denota um certo tempo para se chegar lá e os punhos tem que estar bem. Mas, como eu te disse, o que importa é você se autoconhecer, independente de o ásana ser considerado fácil ou não!”
Completando a outra professora falou:
Aqui no Espaço a linha que seguimos é mais tradicional, uma prática acessível a todos,
sem rodeios, com adaptações e essas posturas mais desafiadoras, por enquanto, não
estão em nosso patamar. Nós vamos levar
o seu questionamento ao diretor da escola para saber o que poderemos fazer,
viu, Gustavo? Quem sabe na próxima aula a gente passa a bakásana pra você?
Um episódio comum que certos
professores de Yoga, algum dia, podem passar: o de ser questionado (a) por que motivo não ensinam posturas difíceis em
suas aulas.
É
verdade que muitos espaços de Yoga só
ministram Hatha Yoga Tradicional, Yoga Terapêutico, sem que as práticas sejam
complicadas demais ou inacessíveis aos que já praticam por algum tempo ou
àqueles que estão chegando, prezando pelo
conforto e segurança de todos; mesmo que, no Hatha Yoga Tradicional também
haja muitas posturas desafiadoras.
No entanto, há outros espaços que inserem posturas desafiadoras nas práticas que apresentam, ensinando passo a passo os praticantes, levando-se muito em conta as adaptações e variações, prezando pelo cuidado e segurança dos alunos, até alertando para algum deles não se aventurar na execução de determinadas posturas em vista de limitações que tenham.
Mas, pode acontecer de a professora de ásanas saber só para ela, ou seja,
sabe como executar a postura dita difícil, mas o como ensinar este ásana está fora de cogitação.
E,
ainda alguns espaços podem claramente
dizer ao aluno que quer aprender uma postura desafiadora ou fazer uma prática
mais “paulera”, que procure outra escola
ou professor que ofereça esse tipo de aula, preferindo perder o freguês.
E, em depoimento conjunto via Instagram e pautado também numa outra rede social, as duas professoras de Yoga resolveram fazer um vídeo sobre o ocorrido, defendendo que Yoga não é só praticar posturas difíceis, desafiadoras, que o Yoga vai muito além disso, que é uma autodescoberta, uma liberação, destacando a importância da meditação, do aprendizado das escrituras; que de repente manter o simples foco na respiração quando se coloca para meditar pode ser mais difícIl do que realizar qualquer ásana; mas, que tudo bem, que estão abertas a ensinarem aos pouquinhos um aluno que pede para aprender posturas difíceis, beleza!
Harih Om!
HUMBERTO J. MENEGHIN
é praticante e professor de Yoga em Campinas/São Paulo, Brazil. Tem Formação em Yoga com Pedro Kupfer e estuda Vedanta com Glória Arieira.
Especializou-sem em Yoga Terapia Hormonal para a Menopausa e Problemas Hormonais com Dinah Rodrigues e também Yoga Terapia Hormonal para Diabetes e Hormônios Masculinos.
Para o site www.yoga.pro.br escreveu vários artigos e traduziu textos sobre Vedanta de autoria de Sri Swami Dayananda Saraswati com quem já teve o privilégio de estudar nos Vedanta Camps em Rishikesh-Índia.
Participou do Teacher Training de Ashtanga Vinyasa Yoga – Primeira Série – com David Swenson, em Austin, Texas, USA.
Foi colunista do website da
revista Yoga Journal Brasil. Já estudou e praticou com
professores de Yoga americanos em seis conferências da Yoga
Journal Live New York. Edita e escreve para o blog
Yogaemvoga.
MARQUE PRÁTICAS & WORKSHOPS DE YOGA: humbertomeneghin@yahoo.com.br
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