HUMBERTO J. MENEGHIN
YV – Ir para Índia pode
não ser um dos principais destinos para algumas pessoas que são acostumadas a
viajar em férias pelo Brasil e por diversas partes do mundo. O que a levou
decidir pelo destino Índia e ainda ser facilitadora de uma Jornada que conseguiu
despertar o interesse de alguns viajores que a seguiram pelo mesmo caminho?
MARINA – A Índia apareceu para mim quando tudo na minha vida
parecia desmoronar. Desilusão profissional, término de relacionamento amoroso,
mudança de cidade, avô internado, tudo parecia um caos, mas na verdade, eu
estava vivendo um grande recomeço e não sabia (ainda). Foi no meio desse
turbilhão de coisas que uma amiga me levou para uma aula de yoga e os
benefícios da prática foram tão fortes, tão intensos, que eu comecei a ir todos
os dias.
Mas, curiosa que sou (e racional) eu não
sosseguei até me matricular num curso de formação. E foi aí que a Índia invadiu meu coração e se tornou o
meu Destino. De uma forma bem resumida, depois de abandonar o Direito (fui
advogada e criminalista por quase 10 anos) eu entrei para a Costa Brava, a
agencia de viagens fundada pelos meus pais há 30 anos e um dos meus projetos era montar essa viagem. Ela nasceu com um
propósito específico.
Eu queria
proporcionar a todos que fossem comigo uma
experiência única, queria que eles voltassem conhecendo melhor a si mesmos,
que voltassem melhores do que haviam ido.
Bolei o roteiro, fiz parcerias, montei tudo e comecei a vender. As pessoas que
“aceitaram” essa proposta, hoje são como extensão da minha própria família. São
pessoas maravilhosas que compartilharam experiências inesquecíveis junto comigo
e que vão ficar para sempre guardadas no meu coração. E o mais gostoso é que eu
sei que é recíproco.
A Índia é única,
ela tem um poder que é só dela. Ali a ordem é o amor, é o divino, é o
respeito, é a aceitação. E foi isso e muito mais que ela nos deu. Só temos a agradecer.
YV – Pensou em viajar
para Índia logo nos vem a imagem do Taj Mahal e o desejo de visitá-lo. É sabido
que o grande palácio adornado em mármore e motivos únicos é grandioso aos olhos
dos visitantes; no entanto, ao conhecê-lo por dentro muitos se surpreendem,
pois o interior não é tão grande assim. As aparências enganam ou o que vale
mais é estar no lugar, entender um pouco da sua história e ainda conectar-se
com a vibração que ele transmite?
MARINA – Quando eu vi o Taj pela primeira vez o meu coração parou.
Eu fiquei sem ar, fiquei sem reação. A
magnitude daquele monumento é algo realmente inexplicável, inacreditável. É
fabuloso, é lindo, é rico, é grande, é impactante! De fato, lá dentro, a beleza é outra.
Mas, ainda
assim é belo. Para mim, o que vale é o que está por trás, o que está por
dentro. A história deixa tudo mais significativo, mais belo, mais importante.
Uma das frases que escrevi em uma das minhas mil fotos na Índia foi: “A viagem se torna muito mais especial quando
você viaja não apenas com a alma de um turista, mas, com a sede de aprender de
um estudante”.
YV – Mesmo para as
pessoas que são acostumadas a viajar nas férias, ano a ano, os preparativos
adicionados àquele desejo de não ver a hora de já estar lá acaba por gerar certa
ansiedade que varia de viajante a viajante. Você acha que o grau de ansiedade é
bem maior para os que decidem viajar para Índia devido à longa distância e ao
grande choque cultural que há entre oriente e ocidente? Como convencer alguém a embarcar em uma
Jornada para Índia ao invés de ir para a Europa?
MARINA – Eu sinto que não se trata de convencer alguém. A Índia é uma escolha. Sinto que ela
escolhe e ela é escolhida. Se trata de
um chamado. De um convite. Alguns recebem, aceitam e embarcam. Outros nem
são convidados. Não se permitem ser. A Índia não é para qualquer um.
É um país para poucos, para aqueles que buscam algo. Mesmo que às
vezes nem saibam que buscam ou o que buscam. A Índia é um país para quem
valoriza a verdade. A verdade em seu sentido mais profundo e sagrado.
YV – Apreciar a
culinária do lugar que se visita sempre é imperdível para os viajores. A
culinária do Subcontinente é composta por muitas especiarias e uma grande gama
de combinações e sabores, o que é um convite irresistível aos paladares mais
exigentes. No entanto, excessos podem não ser tão adequados assim aos que não
estão familiarizados com esses sabores. Qual ou quais foram as refeições mais
interessantes que você teve a oportunidade de apreciar em terras Indianas? A
pimenta é uma faca de dois gumes mesmo para quem gosta?
MARINA – Bom, eu voltei quase 2 quilos mais gordinha, dá para
imaginar se eu aproveitei ou não a culinária da Índia, né? Seu sabor se distingue de qualquer outro, o aroma dos temperos, das
especiarias, é tudo muito forte, muito intenso, muito bom! Eu experimentei
muitas coisas lá, muitas mesmo, sou curiosa e gosto de conhecer os pratos dos locais que visito. Fizemos até uma aula
de culinária em Jodhpur e foi
muito legal! Em especial, a fatura de espécies de tâmaras em Delhi é
inesquecível, os chás, tudo é muito típico!
Mas, eu me apaixonei por Dosa, comia quase todos os dias no café na manhã; o Lassi, iogurte indiano; O chapati era
muito gostoso, mas o Naan de queijo ou
alho era imbatível! Gostava de colocar o molhinho picante vermelho, chamado
Chutni e pelos vegetais à moda deles, chamado
Vegetable Jalfrezi.
Comia sempre com cogumelos picantes. Sobre a pimenta realmente é preciso ter
cuidado! Um dia peguei uma sem saber e foi tenso! Fiquei uns dez minutos
bebendo água e não passava de jeito nenhum!
YV – Em Rishikesh, a
capital do Yoga, você participou do International
Yoga Festival presenciando desde palestras, vivências, práticas de Yoga e
meditação, incluindo cerimônias como Arati e pujas. Quais dessas atividades
conseguiram capturar mais a sua atenção e presença? O Kundalini Yoga agora está
na sua lista de estudo e prática?
MARINA – Difícil demais responder essa pergunta. Foram muitos
momentos em que eu estava realmente presente. A aula da Gurmukh de Kundalini Yoga na beira do Ganges foi de fato uma
das experiências mais incríveis da minha vida e obvio, voltei de lá com
livros, cds, e muitas memórias do que vivi.
Mas, tivemos
também outras aulas tão especiais quanto, nas quais saíamos em estado de profunda plenitude, graça, alegria,
leveza! Lembro quando terminamos uma prática e estávamos todos juntos (os 10
participantes da viagem), nós pulávamos, ríamos, queríamos andar todos
abraçados, abraçar as pessoas, era uma alegria que exalava pelos olhos, pelo
coração e tocava todos que passavam por nós!
Rishikesh
pra mim ficou marcada pelo Ganges.
Foi lá que me conectei com o Rio Sagrado de uma forma intensa, real,
significativa! Fizemos até Rafting no Ganga! Foi um presente. Me deixei levar
pelo fluxo das águas, percebi tantas coisas! Aprendemos muito ali! Foi um
dos pontos mais altos da nossa viagem!
YV – A vaca é um animal
sagrado na Índia e o misticismo está absolutamente presente por quase todas as
partes do país. Você chegou a realizar aquele mergulho purificador no Rio
Ganges que muitos podem até nem ter a mínima vontade de fazer? Purificar-se
limpa e renova ou isso é mera ilusão?
MARINA – Acredito que respondi essa pergunta acima 😊.
Mergulhei sim, várias
vezes! Fizemos até rafting no Ganges.
Me deixei levar pelas águas, benzi
japamalas que trouxe de presente
para amigos, fizemos alguns rituais muitos marcantes ali, na beira do rio sagrado.
YV – A Índia e o Peru
estão no mesmo patamar em níveis energéticos e místicos? Ou, a Índia é a Índia
e o Peru é o Peru?
MARINA – Se existe uma resposta certa ou errada para essa pergunta
eu não sei. Mas são dois locais nos
quais eu senti algo muito forte. De fato, há um misticismo intenso.
O Peru, assim como a Índia, é um país
extremamente sagrado e que cultiva até hoje a sabedoria ancestral. Mas há
uma diferença entre eles. Sinto que cada um desses dois países possui uma
característica marcante, um cheiro, uma cor, um povo, uma forma de viver, uma
crença... São energeticamente muito intensos, mas vejo como dois países bem
diferentes.
YV – Quais foram os insights e as mensagens mais importantes
que esta Peregrinação à Índia trouxe a você?
MARINA – Viver no agora. Estar
presente. Agradecer por Tudo.
Olhar para as pessoas com a Alma e não
julgar. Nunca. Ninguém.
Reconhecer a Divindade de cada ser.
Aceitar
tudo como é, até as coisas mais difíceis. Não desistir.
Viver e aceitar a impermanência de tudo.
Viver e aceitar o fluxo da vida.
Praticar a caridade. Viver em compaixão.
Eu escrevi um texto para quem se
interessar, falando um pouco mais do que foi essa experiência para mim, o link
de acesso é esse:
YV – Excetuando o Taj
Mahal, quais foram os três lugares mais especiais e interessantes visitados por
você e o Grupo Índia / Costa Brava nesta Jornada de 2018? Você pode adiantar
alguma coisa sobre uma próxima Jornada ao Subcontinente?
MARINA – Foram muitos lugares especiais. Mas para citar apenas 3,
diria o Birla Temple (Laxman Temple) em
Delhi, que pra mim foi uma espécie
de retorno para casa. Lá eu me senti de volta a um lugar conhecido pela
minha alma, parecia que era de lá.
No templo
Akshardham, também em Delhi, eu chorei muito, me emocionei profundamente.
Foi muito especial.
Rishikesh
sem dúvida é um local que eu moraria
e foi uma das cidades mais curtidas por todos do grupo também!
A
Jornada Índia 2019 já está marcada
e temos poucas vagas disponíveis. A viagem vai acontecer na mesma época do ano
que vem (por vinte dias, entre fevereiro e março).
Será um prazer receber as pessoas que sentem esse chamado e querem
fazer parte desta jornada. https://costabrava.com.br/
Acredito que os grupos se formam por uma força
maior, que não está no nosso controle. É Ele, lá de cima, que manda em tudo! Então, o que for para ser será. E eu vou
trabalhar para oferecer o meu melhor, sempre.
Gratidão,
Namaste!
NO "YOU YOGA" EM SÃO PAULO/SP
Curta/LIKE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário