HUMBERTO J. MENEGHIN
Era uma pessoa que não via há mais de
quinze anos que agora estava ali materializada na minha frente usando uma
camiseta azul marinho onde estava escrito: “Nunca subestime o poder de uma
mulher que nasceu em dezembro”. Era a Dionira, que segurando um cigarro aceso e
usando óculos com lentes grossas me disse: “ Não quero que tenha pena de mim,
já lhe perdoei pelo que me fez, mas acho que você ainda não conseguiu resolver
o seu remorso. Você está bem, viu? Mas, engordou uns dez quilos, quase não a
reconheci. Não sabia que se interessava
por Yoga; isso é novo pra mim.”
“A vida segue e veja que se muitos se
arrependessem do que fazem a outra pessoa por mero erro, este mundo melhor
estaria. ” – continuava Dionira- “Espero que tenhas tomado jeito, menina! Pendencias existem e sempre existirão. Sabe
que nunca mais vi o Fonseca e nem as irmãs Sala? ” – silenciou, me olhando
profundamente – “Lembra da Vivi? A mulher pariu um filho do Vasco ... Ah, a Lurdinha
está ali ...” – falou Dionira,
balançando a chave do carro; e, pelo meu alívio se afastou, mesmo eu não ter
dito nenhuma palavra.
Estarrecida,
fiquei parada onde estava sem ter forças para me mover; então, percebi um toque por trás, em
meu ombro direito, virei-me e vi a
Keilane, a comissária de bordo que divide o apartamento comigo, a Claudinha
e o Júnior. Como um anjo, a Keilane me
perguntou o que tinha acontecido (preferi não dizer) e me disse que estavam
nos esperando para irmos embora, voltarmos para casa após esse retiro de
feriadão.
Muitas vezes quando se participa por vários dias de um retiro que acontece num feriadão, a gente quando vai embora se sente bem; mas, logo que a Dionira surgiu na minha
frente e derramou aquelas palavras, senti
que toda a minha energia foi sugada ... conseguindo me desestabilizar e até
me deixar confusa e sem chão.
“Está
branca, parece que viu um fantasma!” – disse a
Simone quando entramos no carro. Continuei em silêncio, ainda prendendo a
imagem da Dionira na minha mente, lembrando do que tinha me dito e ainda tinha o Fonseca !!! Desespero,
raiva, tudo junto, queria tomar conta de mim, mas procurei não demonstrar
isso. E, quando chegamos no apartamento que morávamos, percebi a minha pressão
baixar e então tudo se apagou ...
Harih Om!
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