16 de novembro de 2014

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE 31




HUMBERTO MENEGHIN


A Claudinha me mostrou todo o apartamento e eu fiquei satisfeita com o que vi. Meu futuro quarto era grande, com armário embutido, dando para os fundos e o banheiro social era exclusivo para nós, pois o Júnior que ocupava o quarto de empregada tinha o outro também só para ele. Então, antes que fosse embora, a Claudinha me disse que tinha entrado em contato com a Tati da agência de viagens e que já na próxima semana pagaria o sinal da viagem à Índia, grupo da Lili. Ainda estava na dúvida se queria ou não ir, mas depois de ver o roteiro, a vontade de viajar para Índia me pegou em cheio que mandei uma mensagem pra Tati para garantir meu lugar.



O fim de semana passou tão rápido que logo já estava no escritório, em plena segunda-feira pela manhã, trabalhando. De repente notei Kátia Cristina e Ana Luiza chegarem juntas, dizendo um “bom dia” sincronizado e rumarem para suas salas, enquanto a Claudinha se posicionava a sua mesa.


Não deu quinze minutos para que Ana Luiza, com quem a Claudinha começava a trabalhar, aparecesse e se sentasse na ponta de uma mesa dizendo: “Metas são metas e devem ser cumpridas! Notei muitas falhas imperdoáveis por aqui e não sou eu quem vai responder diretamente por isso, entendeu? Fui bem clara?”


A mulher saiu de onde estava, pegou um cafezinho na máquina e voltou para sua sala. Como eu não trabalhava diretamente com ela, mas com a Kátia Cristina, entendi que o aviso tinha sido direto para a Claudinha, que apreensiva, passou o resto do dia no seu canto trabalhando.


Após, o almoço, Júlia, minha estagiária, chegou e orientei-a no necessário para ajudar-me. E, foi apenas às três e cinquenta da tarde que minha nova chefa, Kátia Cristina, apareceu com um sorriso entre os lábios dizendo: “Vocês querem parar um pouco e meditarem comigo?”


A Claudinha disse que não podia por causa do grande volume de trabalho que tinha. Alice Walda, que ainda não tinha ido pra Disney em férias, Marinice, eu  e até a Júlia seguimos com a Kátia Cristina para a sala de reuniões para meditarmos com ela.






Mas, quando lá chegamos, demos de cara com o Dr. Oriovaldo, que nos lançou um olhar surpreso por cima dos óculos de leitura, perguntando: “A que devo a honra de suas presenças, minhas flores?”


Kátia Cristina respondeu-o dizendo que pretendíamos usar a sala de reuniões para meditar, mas como ele ainda estava por lá, procuraríamos outro lugar. Por nossa surpresa, o Dr. Oriovaldo que estava acompanhado pela secretária, a Jaqueline, disse de volta: “Eu e a Jaque, vamos ficar aqui para meditar com vocês, não é Jaque?”


Descalça, ajustando a saia e movimentando os lábios para amaciar o batom, a Jaque concordou com o chefe e todos nós nos sentamos em volta da mesa. Mas, antes que a Kátia Cristina pudesse abrir a boca, o Dr. Ariovaldo disse de volta: “Vocês sabem que eu encontrei a minha caneta shaffer, aquela que eu achava que alguém tinha me roubado? Minto, foi a Jaque quem a encontrou ... Pois é, estava caída dentro do carro da Jaque que noutro dia me deu uma carona e a caneta ficou lá.”


E, continuando, emendou: “Vamos fazer um sarau literário, aqui no escritório, na sexta feira. Leitura de poemas, trechos de livros ... ideia da Jaque, um happy hour cultural. Compareçam todas vocês, meninas. Estão intimadas. Entenderam?”– sorriu ele acompanhado de todas nós, pois sendo ele um dos sócios do escritório é claro que tudo o que dizia era imediatamente aceito e apreciado.


Katia Cristina percorreu os olhos por volta da sala de reuniões, fitando cada um de nós por um breve momento para depois ir dizendo: “Acomodem-se confortavelmente. Deixem-se levar pela atmosfera do ambiente relaxando os braços, a pélvis, as pernas, as costas, o tronco e a expressão do rosto. Baixinho soltem um leve suspiro e agora respirem, apenas respirem, notem o ar que invade as suas narinas para depois ir embora na exalação. A concentração está na respiração, deixando as cobranças, o estresse, as mágoas irem embora. O plexo solar na altura da boca do estômago brilha e brilha mais nos dando a força que necessitamos. Permaneçam em silêncio, silêncio....”

E o celular de alguém tocou abruptamente, interrompendo a meditação.


Harih Om

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