10 de dezembro de 2013

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE VINTE UM





HUMBERTO MENEGHIN


Kika lixava as unhas na recepção enquanto Lili, a “professora” que havia nos dado aquela aula estranha andava de um lado para o outro falando com alguém ao celular. Enfaticamente a palavra “entendi” era repetida diversas vezes até que ao notar a nossa presença Lili se debandou para fora, deu marcha-ré no carro e se foi. Não faltaram reclamações nos ouvidos de Kika sobre a forma como Lili havia conduzido a prática e muitos exigiam que ela fosse trocada por outro ou outra professora.“– Vou ver o que posso fazer, preciso falar com a Telma, a dona do espaço.” E num tom áspero de voz e indicador em riste, Soraia a mulher do Edson disse: “Pois fale, por que se não eu e meu marido vamos parar com o Yoga!” “Faço dela as minhas palavras!” –  reforçou um outro alguém no mesmo tom  ríspido de voz.








Mas, nem todos tinham achado a prática da Lili tão ruim assim: “Não concordo com vocês. Amei, quero mais, adorei a aula da Lili!”– bradou Neuzinha, aquela minha amiga que tinha passado um período árido e depressivo na sua vida e graças ao Yoga, segundo ela, sentia-se outra. “Me tooo !” – respondeu Amanda a professora de Inglês que havia dado um show a parte cantando uma canção de Roxette.


Fomos todos embora e eu como sempre peguei carona com a Simone que também levava a Kika com a gente. No caminho, Kika confessou: “Lili é amiga de infância da Telma, quase parentes, acho difícil que ela pare de ministrar aulas de Yoga no espaço. E como agravante, encontrar um professor ou professora apto para dar boas aulas de Yoga para ganhar o que pagam, hoje em dia, está muito difícil. Tem me aparecido cada uma ... que a Lili acabou sendo a melhor opção.


Simone perguntou sobre o nosso antigo professor que era excelente e conforme constava tinha ido para Índia sem data certa para voltar e nem havia se despedido. Em resposta Kika disse que a Telma, que era a dona do espaço, havia mudado a política de pagamento de hora-aula aos profissionais que atuavam na sua seara nivelando-os a profissionais que prestavam serviços em outros lugares, ou seja, havia diminuído a participação e assim o valor pago aos professores tinha sofrido um decréscimo.


Então, perguntei se a Lili havia feito algum curso de Formação específico para professores de Yoga. Em resposta Kika disse: “Sabe que eu não sei! Foi a Telma quem acertou tudo.


É, muitos podem achar que para se ministrar uma boa aula de ásanas de Yoga não é necessário participar de um curso de Formação específico para esse fim, que alguém que pratica por conta e gosta pode perfeitamente dar aulas a seu modo e que ainda um professor de educação física que também não tenha uma formação específica em Yoga pode dar aulas sem problemas. “– Há certos professores que são autodidatas e o Yoga está no sangue. Entendeu?” – anotou Simone. – Mas, nem por isso dispensam o estudo, entendeu?






Foi então que quando passávamos pela avenida Norte-Sul, os olhos da Simone brilharam ao ver aquele grande M amarelo num painel que subliminarmente lembrava batatinhas fritas douradas. Sem muito pensar, ela fez o contorno e entrou no estacionamento daquela conhecida lanchonete e nos disse: – Bateu uma fome! Estou faminta, ninguém me segura! Sou capaz de devorar dois hambuguers de uma só vez!

Como estávamos de carona, contra a nossa vontade, também entramos na lanchonete; mas, na verdade, parecia que eu e a Kika estávamos tentadas a comprar alguma coisa; pelo menos aquelas batatinhas fritas douradas ... Simone logo correu para o caixa e já fez o pedido.

Sem querer meus ouvidos logo captaram uma voz conhecida e tentando decifrar de quem poderia ser, essa voz repetia a palavra “entendi” com firmeza enquanto falava com alguém. E, pela minha esquerda, meus olhos souberam quem era essa pessoa: 



Lili, a “professora” que tinha acabado de nos dar aquela aula de Yoga, sentada numa mesa individual de canto de janela degustando um farto hamburguer enquanto continuava falando a palavra “entendi” seguidamente ao celular.


Harih Om

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