HUMBERTO MENEGHIN
Minha noite de sono não foi nada boa, tive muitos
pesadelos envolvendo a credibilidade da minha amada mestra que foi colocada em
jogo por aquele cara, o Edson. Dúvidas instigavam-me a levantar maiores
informações, mas preferi deixar para lá; porque se minha amada mestra tem
tantos seguidores, com absoluta certeza é uma pessoa limpa, sem qualquer
mácula: “até que se prove em contrário” – soprou um pensamento na minha mente.
Cheguei no escritório meia hora mais cedo e notei
que a porta da sala da Walkiria estava aberta enquanto se ouvia um barulho de
aspirador de pó. Antes de me acomodar, resolvi dar uma espiada: enquanto a
menina da limpeza aspirava o pó da sala, Walkiria já estava mergulhada em
várias pastas forradas por documentos.
Notando a minha presença, olhando por cima das
lentes dos óculos para leitura, pediu que me sentasse e logo que a faxineira
saiu, disse: “O que você me conta sobre o Paulo Roberto?” Em resposta confessei
que seria difícil ficar de olho nele, se agora tinha sido designada para
trabalhar aqui em cima, substituindo a Claudinha.
Tomando do café, sem ao menos me oferecer, Walkiria
sorriu dizendo: “Plausível a sua desculpa, minha cara. Mas, faça uma forcinha e
continue de olho no Paulo Roberto.” E antes que eu saísse, completou: “Aquela
menina, Alicia vai te dar uma mão com o projeto; mas só na parte da manhã.”
Fiquei feliz por a Alice Walda ter sido encaminhada
para me auxiliar, pois era uma pessoa que pegava pesado no batente, muito
embora limitada no quesito conhecimento. Logo que chegou, ela foi conversar um
pouco com a Walkiria, em particular e depois se aproximou de mim pronta para me
ajudar.
Alice Walda era daquelas mulheres gordinhas com
quadris grandes que tentava ser chique. Com as unhas pintadas, cabelo feito, quase
chegando aos quarenta, sempre procurava estar bem arrumada. Mas, para quem
tinha olho clínico para a moda poderia perfeitamente notar que as roupas que
usava não eram das marcas famosas, mas sim feitas naquelas confecções da rua José
Paulino de São Paulo, compradas via sacoleiras. Então, perguntei o que a
Walkiria queria com ela.
Exibindo um sorriso alvo enquanto examinava as
unhas, Alice Walda me disse: “A dona Walkiria me pediu para te ajudar no que
for possível.” Mas, desconfiava que também havia pedido para ela ficar de olho
em mim... Sem problema, pois não tinha nada a esconder. Se a Alice Walda vai me
ajudar e depois passar um relatório para a Walkiria, problema dela.
Trabalhamos e como parecia que não estava dando
conta do recado, nem saí para almoçar e pedi para que a Alice Walda me
trouxesse uma marmitex do restaurante Natureza, onde ela costumava almoçar
todos os dias. Pensava ser o restaurante exclusivamente vegetariano, mas soube
que também oferecia carne. Pedi o trivial. Arroz, feijão e batatas fritas.
O resto do dia transcorreu pesado, agora sem o
auxílio de Alice Walda. Então, quando o expediente estava prestes a acabar,
Paulo Roberto veio até a minha mesa, dizendo: “Se for para Yoga hoje, te dou
carona.”
Não podendo dizer não a esse convite, aceitei. E,
mais tarde fomos. Chegando lá, a Claudinha, com o smartphone nas mãos, ficou surpresa por eu chegar acompanhada pelo
Paulo Roberto. Fomos nos trocar no vestiário e aí que comecei a notar que a
Claudinha não queria muito papo comigo, pois estava sendo monossilábica. Perguntei
se estava bem, quando voltaria para o trabalho e ela simplesmente disse que
ainda não sabia quando.
Seguimos para a sala de prática, Simone já estava
lá conversando com aquele casal do Sul, a Soraia e o tal do Edson que levantou impropérios
sobre a minha mestra. Não os cumprimentei e ocupei um lugar entre a Neuzinha e o
Paulo Roberto enquanto a Claudinha se instalava a nossa frente.
Uma mulher baixa, com olhos bem grandes, se parecendo com um dos personagens de “Os
Simpsons” se colocou no lugar onde o meu professor de Yoga costumava ficar e
disse:
“Sou a nova professora de vocês, estou começando hoje. “- a maioria que
estava na sala ficou surpresa – “Calma,
vou explicar: seu antigo professor foi para a Índia, sem data pra voltar ...
Meu nome é Lili. Vamos começar a prática?”
Harih
Om!
Relembre o capítulo anterior aqui:
http://yogaemvoga.blogspot.com.br/2013/08/minha-amiga-pratica-yoga-eu-tambem.html
Relembre o capítulo anterior aqui:
http://yogaemvoga.blogspot.com.br/2013/08/minha-amiga-pratica-yoga-eu-tambem.html
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