HUMBERTO MENEGHIN
“Dona Walkiria pediu para você subir à sala dela
quando retornar do almoço. Bjs “.
Alice Walda
Era a mensagem que estava escrita no post it amarelo deixado na moldura da
tela do meu monitor. Fiquei surpresa! O que essa mulher queria comigo a ponto
de me chamar na sua sala assim de repente? O que poderia ser, se nós não
nutrimos nenhuma simpatia uma com a outra?
Tomei um gole de água, escovei os
dentes e subi sem demora; mas, quando cheguei lá em cima me disseram para
aguardar a chefa. Com isso os minutos se passaram, Walkiria estava me dando um
chá de cadeira e somente após quarenta minutos foi que a porta da sala dela se
abriu e a mulher pessoalmente pediu que entrasse, fechando a porta à chave. Ela
se serviu do café numa xícara muito chique e por minha surpresa perguntou se
gostaria de tomar um também. Respondi que sim e por meu espanto ela me serviu o
café na outra xícara chique. E, como se lesse meu pensamento, disse que era
louça inglesa. Após meio silêncio, Walkiria bebeu o café, soltou uma risada sem
motivo algum e olhando bem no fundo dos meus olhos falou: “Quero que me faça um
favor”.
Favor? Que favor eu poderia fazer para ela? E,
Walkiria continuou: “Paulo Roberto começou hoje e vai trabalhar diretamente no
departamento em que você está; fique de olho nele para mim. Conte-me tudo o que
fizer, tudo mesmo. Você é uma moça boa, estamos em expansão e com certeza será
recompensada quando surgir uma posição nova por aqui. É isso. Combinado?” Sem
nenhuma escolha concordei e me mandando embora disse: “Perfeito. Agora vá,
tenho muito que fazer e aposto que você também”.
Desci e logo que cheguei no lugar onde trabalho,
notei uma pequena aglomeração de pessoas, todos rindo e tomando cafezinho.
Paulo Roberto parecia estar fazendo as honras da casa, tendo como ouvintes
Alice Walda, a Claudinha e mais três colegas.
Nem perceberam quando cheguei e fui diretamente
para a minha estação de trabalho, enquanto a porta do banheiro se abria e de
dentro surgia uma pessoa que fazia séculos que não via: a Neuzinha!
A última vez que tinha ouvido falar da Neuzinha,
acho que foi há uns cinco anos, soube que ela tinha caído numa depressão muito
braba e sumido de vez. E, por minha surpresa, hoje a encontro bem vestida, parecendo
que acabou de sair do cabeleireiro, maquiada e falante. Nos beijamos e a
Neuzinha disse que estava de passagem apenas para rever os amigos e que logo
retornaria ao trabalho numa empresa de fabrico de embalagens plásticas. Então,
disse uma coisa tão óbvia para mim que me fez até rir.
A Neuzinha
me disse: “Não quer fazer Yoga comigo?
Me matriculei numa escola legal. Ontem fiz uma aula experimental e amei. O
professor é ótimo”.
Coincidentemente ligando os pauzinhos soube que a
Neuzinha estava praticando Yoga naquela mesma escola onde eu havia feito
algumas aulas com a Claudinha. Então, informei-lhe que conhecia o lugar, o
professor, que tinha praticado lá, parado e que não sabia se retornaria ao Yoga
ou não.
Mais ainda, contei-lhe sobre a minha Mestra,
Indianira Shanti Ma e a Neuzinha ficou super interessada em saber mais sobre
ela quando a viu na tela do meu computador. Mostrei-lhe o livro “Sabedoria
Expressa” de autoria da minha Mestra e a Neuzinha começou a folheá-lo. Então,
notei a Claudinha se aproximar junto com o Paulo Roberto, pareciam íntimos. Ela
me acenou a distância e subiu, enquanto o Paulo Roberto chegava até nós, agora
sem o tablet nas mãos. Com um sorriso
simpático, voz tranqüila e ao mesmo tempo marcante, ele me disse: “Preciso
falar com você”.
Harih
Om!
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