HUMBERTO MENEGHIN
Sem ter a mínima intenção de concorrer com qualquer
estúdio de Yoga que se preze, a loja americana de departamentos J.C.Penney pretende inaugurar dentro de
seus estabelecimentos, um espaço exclusivamente voltado à prática de ásanas de Yoga e, com toda certeza,
esse lugar especial estará bem próximo aos stands
e prateleiras que vendem produtos relacionados ao Yoga.
Essa idéia de agregar a prática de ásanas a um determinado lugar de
comércio não é assim uma grande novidade, visto que há algum tempo atrás certos
bares e/ou cafés e inclusive lojas da Lululemon
também ousaram em trazer essa novidade aos clientes. No entanto, quem parar um
pouco para refletir sobre qual é a verdadeira razão de ofertarem aulas
gratuitas de ásanas num determinado
local onde se vende alguma coisa para se consumir, chega-se à conclusão de que
se trata de mais uma estratégia de marketing
para aumentar as vendas.
No caso específico da J.C. Penney, podemos imaginar que a consumidora interessada em
praticar ásanas se dirija ao
estabelecimento que, na maioria das vezes está em um shopping center, passa por várias seções até chegar a um espaço
central onde as aulas se desenrolam, ao mesmo tempo em que alguém pelo sistema
interno de som provavelmente anuncia que a prática irá começar daqui a pouco.
Pois bem, ali a praticante nota que há uma professora ou professor que irá
conduzir a prática, enquanto observa mais algumas entusiastas se posicionarem
com seus mats por onde está. E, para
não passar aquela impressão que a aula esteja vazia, alguns funcionários que
não vestem a roupa de trabalho no momento, se misturam aos que se predispõem a
praticar ásanas dentro de uma loja de
departamentos.
A prática, na verdade, não se propõe a ser extensa
e muito menos profunda, talvez por meia hora e é constituída por posturas
fundamentais, ou seja, básicas, dentre elas o inesquecível e popular cachorro
que olha para baixo que jamais pode ser deixado de fora. E, ao final, fica um namastê acompanhado de um recado sutil convidando aqueles que
praticaram para conhecerem os produtos que por ali estão expostos, como props, mats, dvds, as yoga pants, etc. E, nos dias que se seguem, a aula
de ásanas provavelmente se conduza da
mesma forma, talvez acontecendo num horário vespertino.
Para as pessoas que são iniciantes na prática de ásanas de Yoga, essa oportunidade de
praticar gratuitamente dentro de uma loja de departamentos pode ser um começo
para que mais tarde procure uma escola e/ou espaço adequado onde as aulas de ásanas e a filosofia do Yoga seja
apresentado e ensinado de uma forma mais válida e profunda.
Já para aqueles que praticam há algum tempo, talvez
nem se interessem em se juntar a um grupo que pratica ásanas dentro de uma loja de departamentos, pois alimentam a
convicção que se encontram noutro patamar em relação à prática que adotam e que
estudam.
Assim, não se pode saber ao certo por quanto tempo
esses espaços para práticas de ásanas
localizados dentro de uma cadeia de lojas de departamentos perdurarão. Contudo,
aqueles que por lá passarem pelo menos saberão que nos dias atuais ainda tem
gente que se interessa pela prática, mesmo que seja num lugar onde outros
interesses preponderam.
No entanto, não podemos esquecer que hoje em dia há
certos espaços de Yoga onde em um canto existe uma lojinha ou até mesmo uma
prateleira em que se comercializa produtos ligados ao Yoga. E, será que não é a
mesma coisa?
Se não houver exageros, não será; exageros a ponto
de recepcionistas tentarem empurrar um produto ao aluno consumidor porque o
proprietário ou a proprietária do espaço prega que devem vender tudo o que por
lá se encontra, inclusive aquelas peças de roupas indianas e livros encalhados,
custe o que custar.
Harih Om!
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