2 de julho de 2012

GURUPURNIMA – O DIA DO GURU. MAS, SERÁ QUE ELE SABE QUEM SÃO SEUS DISCÍPULOS?




HUMBERTO MENEGHIN


Em homenagem aos mestres que nos ajudam a diluir a ignorância através do conhecimento transmitido, absorvido e posto em prática, anualmente celebra-se, aqui, na Índia e em várias partes do mundo, no mês Hindu de Ashada, o dia do Guru, ou seja, o gurupurnima. Neste ano, 2012, a homenagem aos professores e aos mestres espirituais acontece no dia três de julho, dia em que a Lua está cheia e brilhando com toda intensidade por entre a escuridão da noite.

Purnima é a palavra em sânscrito que se usa para designar Lua cheia; Guru, por sua vez, como muitos já sabem, é o mestre, o professor; aquele que nos emite a luz do conhecimento para que a ignorância que insiste em permanecer conosco se dissipe.








Para alguns a luz desse conhecimento pode ser considerada bem mais intensa do que a luz emitida pela Lua quando está cheia, que na verdade reflete a luz solar. No entanto, será que o Guru que você escolheu por ter assistido uma palestra com ele ou com ela ou ter lido um livro de sua autoria que achou o máximo, sabe que você é seu discípulo ou discípula e que ainda o segue?








Muitos dos Gurus que algumas pessoas forçosamente adotam, na maioria das vezes desconhecem que são seus mestres e isso é natural porque alguns têm muitos seguidores e torna-se impossível ao Guru conhecer cada um de seus discípulos como se fosse uma pessoa mais próxima. No entanto, aqueles que porventura se propõem a estudar diretamente com alguém que tenha mais conhecimento que si e que esse conhecimento esteja lhe trazendo maior clareza e discernimento em sua vida, podemos afirmar que tenha encontrado um preceptor; e, então, desse modo ficam mais próximos do Guru; mas, isso não significa que ele ou ela já o adotou fielmente como discípulo ou discípula.



Mesmo assim, alguns aspirantes a discípulos, no decorrer do contato com um preceptor, muito se identificam e certamente os adotam como Guru. Outros, podem, com o decorrer do tempo até se decepcionar e então abandoná-lo para novamente ir em busca de um novo preceptor ou se muito estiver desapontando desistir de buscar um Guru de uma vez por todas. E, assim vai.








No entanto, alguns podem não saber que na verdade não é o aspirante a discípulo quem escolhe o Guru. Isso pode parecer espantoso, mas o que geralmente ocorre é o contrário: o Guru é quem escolhe aquele ou aquela que gostaria que fosse seu discípulo.



Mas, será que um Guru, um professor versado no conhecimento do Vedanta e do Yoga pode rejeitar alguém que quer se tornar seu discípulo? Ou será que bondosamente aquele que é Guru de verdade a todos aceita como seus discípulos sem fazer qualquer distinção? Jesus Cristo aceitava e ainda aceita a todos, mas nenhum ser humano é Jesus Cristo.





A Guru do abraço, Amma, parece aceitar a todos. Apesar de uma multidão se aglomerar em filas intermináveis para após longas horas receber um abraço dessa mãe que muitos adotou e adota por onde passa, seus discípulos sentem-se aceitos, mesmo que após ter recebido o grande abraço nunca mais a veja.


Outros, no entanto, abraçam-na só por abraçar, para dizer que abraçaram e estiveram com uma Guru, mas na verdade foram até lá apenas para absorver a sua boa energia e adotá-la como Guru não está na sua agenda.







Uma coisa muito desgastante que pode acontecer a um Guru de verdade é ter na sua cola alguém que deseja insistentemente tornar-se seu discípulo e ainda querer viver a vida dele, clonando-o em todos os aspectos. Infelizmente isso acontece e para o Guru esse tipo de aspirante a discípulo passa a ser uma provação que denota paciência e que com o tempo poderá não significar mais nada. Contudo, assediar um Guru é uma obsessão inapropriada, na qual o bom senso pede que seja colocado limites.


Não dignos de uma homenagem como gurupurmina, mesmo que alguns insistam em prestá-la, estão os falsos mestres, aqueles que têm como objetivo principal tirar proveito da ignorância alheia, manipular, lucrar financeiramente e ainda subjugar os que alimentam a límpida ideia de que são os mestres dos mestres.







Os mestres de todos os tempos como Sankaracarya, Patanjali, Sivananda, dentre outros, que não se encontram mais entre nós, ainda se fazem presentes através dos ensinamentos que nos deixaram, seus legados, e a eles são cabíveis todas as homenagens; homenagens também cabíveis e merecidas a todos nossos professores e professoras, aqueles com quem aprendemos o Yoga, o Vedanta e até uma profissão. 







No entanto, não podemos nos esquecer que a Trindade Divina, composta por  Brahma, Vishnu e Maheswara, também são Gurus; os preceptores supremos que podem destruir as trevas da ignorância.



Guru Brahma Guru Vishnu
Guru Devo Maheshwara
Guru Sakshat Param Brahma
Tasmai Shri Gurave Namah
Om sri gurubyo namaha
Harih om

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