HUMBERTO MENEGHIN
Praticava ásanas
com uma professora bem formada que há alguns anos ministrava aulas num espaço
da cidade. Entusiasmada com o Yoga, essa praticante assídua, além de comparecer
a todas as aulas, começou, nas horas livres, a se dedicar à prática de ásanas em casa e parecia se sair bem.
Então, a vizinha, sabendo que a amiga estava diferente, mais tranqüila e
dormindo bem, perguntou-lhe o que vinha fazendo e quando soube que estava
praticando Yoga, também quis experimentar. No entanto, ao invés de indicar um
professor ou professora qualificada no Yoga, em especial na prática de ásanas, resolveu ela, por conta própria,
assumir o papel de “professora de Yoga” e ministrar aulas a vizinha, mesmo não
tendo participado de qualquer curso de formação em Yoga.
Continuou freqüentando assiduamente as aulas de
Yoga no espaço da cidade, passando a anotar num bloquinho todos os ásanas que a sua professora, muito bem
qualificada por sinal, transmitia aos praticantes. Então, como achava que nada
estava fazendo de errado, pois vivia num país em que na maioria das vezes o que
é errado pode ser considerado como certo, usava nas aulas que ministrava à
vizinha, a mesma sequencia de ásanas
que sua professora adotava no espaço onde praticava, ainda cobrando uma
mensalidade.
Outras vizinhas, duas primas, uma tia e algumas
amigas quando souberam que estava dando aulas de ásanas de Yoga também resolveram se unir ao grupo e agora, essa
praticante que já estava se considerando uma “professora de Yoga”, sem mesmo
ter feito qualquer tipo de formação, sentia-se muito feliz, dentro de seus
parâmetros, por estar se saindo bem e ainda com muitas alunas, pois jamais
havia pensado na sua vida em se tornar uma “professora de Yoga”. No entanto,
não estava devidamente preparada para isso.
Como agravante, depois de alguns meses, uma
academia de musculação na rua de cima da sua casa, necessitando de alguém para
“dar aulas de Yoga” a convidou para montar uma turma por lá também e essa
praticante que se passava por “professora de Yoga” aceitou correndo o novo
desafio, pois assim poderia tirar uma “graninha” a mais, além das amigas e
parentas para quem dava aulas de ásanas
em sua casa. Pode parecer insólita uma situação como essa, mas de vez em
quando, nos deparamos pela frente.
No mesmo patamar, há aqueles que iniciam um curso
de formação em Yoga, não o concluem e de uma forma idêntica a essa situação
passam a dar aulas de ásanas do Yoga como se fossem um profissional
altamente qualificado. E, assim, vão conquistando mais espaço e mais alunos os
quais, na sua grande maioria não procuram tomar conhecimento sobre qual é a
formação e a experiência que o professor ou professor de Yoga com quem praticam
possuem.
Por outro lado temos aquele ou aquela praticante de
Yoga que por muito se identificarem com as aulas que frequentam e também pela
filosofia, seguem pelo o caminho correto e resolvem participar de um curso de
formação em Yoga para posteriormente ministrarem aulas ou apenas para ampliarem
seu conhecimento.
No entanto, recomendável a esses praticantes
entusiasmados pelo Yoga, antes de se decidirem em participar de um curso de
formação também procurar saber se o curso pelo qual estão interessados é
consistente, ou seja, se realmente denota uma certa profundidade e seriedade
quanto ao estudo, a prática e a docência do Yoga; pois não raro encontrarmos
por aí cursos de formação em Yoga que poderiam ser classificados “para inglês
ver”, por serem basicamente superficiais visando apenas o lucro, não ensinando
o necessário e o suficiente ou desvirtuando-se do que realmente interessa,
algumas vezes até ministrados por alguém demasiadamente despreparado.
É claro que sabemos que existem algumas pessoas que
naturalmente se evoluem na senda do Yoga, o que não dispensa de forma alguma a
prática, a troca de ideias e o estudo constante seja com alguém com mais
experiência ou por conta própria.
No entanto, se tornar um rábula (advogado de
limitada cultura e chicaneiro, que advoga sem possuir diploma), no caso rábula
do Yoga, não é recomendável. E, para que esse tipo de situação deixe de
acontecer, cabe àqueles que porventura praticam com alguém que se passa por
“professora ou professor de Yoga”, saber separar o joio do trigo no sentido de
perceber que praticar ásanas do Yoga com quem não está qualificado para
tanto pode ao invés de trazer benefícios, causar danos, e aí sim que o Yoga irá
acabar de vez com o corpo desses praticantes.
Harih Om!
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