HUMBERTO MENEGHIN
Não parece interessante saber, mas de acordo com o historiador alemão Mathias Tietke, que abordou o assunto em um livro, o Terceiro Reich, durante a Alemanha Nazista, tinha um interesse muito especial pelo Yoga; e, conforme consta, membros e soldados de alguns campos de concentração da S.S. eram recomendados a se dedicar à prática para
aliviarem o estresse, melhorar a mente, o corpo e o espírito.
O livro de Tietke, intitulado Yoga In National Socialism, traduzindo, “Yoga no Socialismo Nacional”, conta que o comandante Heinrich Himmler era
fascinado pelo Yoga e
que manipulou o seu conceito e as suas raízes antigas numa filosofia para
justificar o Holocausto, adicionando a isso o objetivo nazista de atingir a tranquilidade e a perfeição espiritual.
O interesse dos alemães pelo yoga, na verdade, já
vinha muito antes desta época, ou seja, desde o século dezenove, quando o
misticismo da Índia era considerado pelas classes médias e alta como um
passatempo favorito, o que teve uma grande influência sobre os poetas
românticos e os filósofos daquele tempo.
Foi quando os nazistas ganharam força, durante a
República Wiemar, que o Yoga desfrutou de um grande destaque entre os alemães
que já estavam muito cansados da guerra, da inflação, do desemprego e da
miséria que assolava o país.
No ano de 1920, mais de cinquenta livros sobre yoga
foram publicados em Berlim; e, como os nazistas corrompiam a maioria das coisas
com as quais entravam em contato, infelizmente isso também aconteceu com a
valiosa filosofia da Índia.
Influenciado por Jakob Wilhelm Hauer, um capitão da
SS e especialista em Yoga, Himmler foi convencido de que "o Yoga poderia
armá-los internamente e prepará-los para as batalhas futuras." E, em 1937,
quatro anos depois de os nazistas terem conquistado o poder, foi aberto o
primeiro centro de Yoga em Berlim, que funcionou até ter sido destruído pelas
bombas das tropas aliadas em 1943.
O professor que dirigia esse centro contava com
discípulos em cinquenta cidades alemãs e Himmler, obcecado como estava com as
teorias raciais e misticismo acerca de seus super-homens da S.S., carregava com
ele, onde quer que fosse, uma cópia do Bhagavad Gita, em alemão, pois
considerava o épico em sânscrito como sendo um modelo para a crueldade e
terror, usando-o para justificar o Holocausto. Consta, ainda, que Himmler
também se interessava pelo Rig veda e
outros escritos que continham a mitologia sobre os deuses hindus.
A fascinação da Alemanha nazista pelo Yoga passou longe de como utilizar
corretamente um determinado meio para atingir um fim autêntico; no caso, a
prática do Yoga e a admiração por sua filosofia teve como finalidade
desestressar os membros e os soldados de alguns campos de concentração da S.S., dar suporte para batalhas futuras,
bem como conquistar a perfeição espiritual; no entanto, sabemos que na vida real
esses praticantes de outrora agiam, no dia a dia, totalmente de modo oposto ao
que a filosofia do Yoga preceitua; não havendo aqui, a necessidade de catalogar
os seus atos equivocados.
Diante disso,
podemos presumir que o Yoga no contexto como foi empregado, não conseguiu
transformar ou influenciar de forma positiva qualquer conceito e ideologia
nazista; pois, ao que tudo indica, muitos dos aspectos da filosofia do yoga
foram manipulados de uma forma mais do que premeditada para que continuasse a
prevalecer a ideologia dominante daquela época.
Desta forma, a
busca por moksha, a liberação,
passava longe de qualquer prática de Yoga que promoviam; pois se a isso viessem
sinceramente a se dedicar, possivelmente não teriam cometido os atos
extremamentes negativos que deram causa. Na verdade, a prática do Yoga serviu
tão somente para atenuar, momentaneamente, seus comportamentos alterados devido
aos atos errôneos que cometiam.
Assim, nos dias
atuais, não nos eximimos de encontrar alguns grupos que se dedicam ao Yoga de
uma forma análoga, pois igualmente àqueles nazistas que eram fascinados pela
prática, continuam a manipular os conceitos da filosofia de uma forma equivocada.
Quanto a isso só
nos resta ter a cautela e o discenimento necessários para reconhecer o que não
está dentro dos parámetros do bom senso, no sentido de evitar que qualquer
discrepancia em relação ao Yoga seja adotada cegamente por nós.
Harih Om!
Dados históricos: Dailymail
Dados históricos: Dailymail
Humberto, parabéns pelo artigo fascinante. Existem algumas evidências mais ou menos subtis do fascínio dos nazis pelo yôga mas é a primeira vez que encontro num blog esta apresentação dos factos. Não é, de facto, algo de que nós yôgins nos possamos orgulhar mas devemos manter presente os erros cometidos por outros, para evitar que se voltem a repetir. A humanidade tem e terá sempre a capacidade de transformar o que de mais maravilhoso existe em verdadeiras atrocidades.
ResponderExcluirVou, sem dúvida, procurar esse livro e estudá-lo.
Abraço