HUMBERTO J. MENEGHIN
YV –Você esteve em Mysore, Índia, pela
sexta vez para aperfeiçoar-se ainda mais no AshtangaVinyasa
Yoga. Nesta jornada, além das práticas, quais foram as boas atividades e
estudos que você se dedicou? A 3ª série já está em você ou ainda é preciso um
pouco mais de empenho para concluí-la?
DANY – Vir para Mysore é um momento de recarregar as energias, virar aluna e
me dedicar exclusivamente ao meu sadhana.
Nesta viagem procurei diminuir as atividades e me permitir descansar e cuidar de
mim. Os estudos fazem parte da minha prática de asanas. Quando eu estava em casa estudei Yoga Sutras com o áudio da Gloria Arieira e li
novamente o Baghavad Gita. A prática como um todo faz parte de mim independente
da série, mas, é muito bom ter meu professor por perto para que eu possa aprimorar
meu conhecimento.
YV – Além Índia, mantendo o pensamento ali
na Ásia, há alguns poucos anos, você esteve pela China, ministrando práticas/workshops de Ashtanga Vinyasa Yoga e até teve o evento anunciado num cartaz que foi
exposto numa estação de metrô. A China está muito mais próxima do que se
imagina e ensinar por lá é como se fosse em qualquer outro lugar do mundo ou existem
algumas pequenas diferenças? Como foi essa boa experiência pra você?
DANY – A China é um país incrível. Foi uma grande surpresa dar aulas
e saber que sou conhecida por lá. Já fiz duas viagens para a China dando aulas em
Shanghai e Chengdu. Apesar da cultura e língua serem bem diferentes, é lindo ver
que a dedicação à pratica é a mesma em qualquer lugar do mundo. Os chineses são
muito disciplinados e querem aprender mais. Eu fui muito bem recebida e fiz
boas amizades.
YV –Retornando à 3ª série do Ashtanga Vinyasa Yoga ou até mesmo a 2ª
série, qual ásana tem sido o mais desafiador
para você? E, então, o que parece pedir mais dedicação e empenho por parte de
um (a) praticante pode de certa forma não ser assim trabalhoso para outro (a)?
DANY –Todos os ásanas são desafiadores,
principalmente a Terceira série. O mais desafiador seja em qualquer série é
manter a estabilidade respiratória e o foco. Estar completamente presente na
ação é estar no estado de Yoga. Para isso o praticante precisa ter compromisso
com seu sadhana e ter disciplina.
Para qualquer conquista precisa-se de esforço e dedicação. Pensando aqui, eu tenho
praticado a Terceira série há uns dez anos e percebo que só agora tenho mais estabilidade
e conforto nas posturas.
YV – O movimento #MeToo que tem por objetivo combater o assédio de todos os tipos
contra as mulheres está aí e não podemos negar. Infelizmente, assédios e mal
entendidos aconteceram, acontecem e esperamos que não mais aconteçam em todos os
lugares e também na comunidade do Yoga. Isso quer dizer que os ajustes verbais,
numa prática de ásanas, não importando
o estilo, podem ser os mais adequados para os dias atuais ou os ajustes manuais
ainda prevalecem dentro da Tradição, bom senso e respeito?
DANY –Na prática de Ashtanga os ajustes são necessários sejam eles verbais ou manuais.
Na aula estilo Mysore, existe mais o contato físico do professor com o aluno,
mas tudo deve ser feito com cuidado e respeito. O ajuste só pode ser dado
quando existe a confiança entre aluno e professor. O ajuste pode ser mais sutil
ou mais intenso dependendo da circunstância, isso vai da sensibilidade de cada
um. Eu procuro respeitar o tempo do aluno, conhecer mais seu corpo para
poder ajustar. O ajuste é uma direção que o professor dá para o aluno entender
o caminho da postura, mas não precisa ser feito toda hora. Em relação a
assédio, deve se perceber o quanto é abusivo ou não. Cada um vai ter sua interpretação,
eu não tive problema com isso sendo aluna
ou professora.
YV – Ter Disciplina na prática e no
estudo do Yoga é ótimo! Quais são algumas dicas que você pode passar aos que se
iniciam na prática, para os que já estão no caminho e ainda não a conseguiram,
no sentido de criar e estabelecer essa disciplina e comprometimento?
DANY – Não tem muito mistério, a minha dica é abrir o tapete e praticar todo dia,
mesmo que você sinta cansado ou com preguiça, não deixe de praticar. A prática vai
te fortalecendo a cada dia e os obstáculos vão diminuindo. Crie o habito com
disciplina e devoção.
YV – Então, quer dizer que os compromissos
da vida diária de quem se mantém disciplinado e comprometido com Yoga também estão
bem alinhados noutras áreas ou algumas vezes precisam de ajustes diante dos
papéis que se exercem?
DANY – Com certeza, a disciplina na prática de Yoga irá refletir nas ações do
dia-a-dia. Quando nos mantemos determinados e comprometidos com a prática, as transformações
vão acontecendo automaticamente. Essas transformações muitas vezes precisam de
ajustes, pois precisamos mexer em padrões e condicionamentos do passado. Não é
fácil… eu sei. Muitas vezes pode ser doloroso, faz parte do processo, mas o
conhecimento alcançado traz calma e paz.
YV – Muitos sabem que você foi e quem sabe
ainda continua sendo, mesmo à distância, a professora de Ashtanga Vinyasa Yoga da talentosa Fernanda Lima. Ministrar aulas
para a Fernanda é como ministrar aulas para uma aluna ou aluno muito interessado
em praticar e conhecer mais sobre o Ashtanga
e o Yoga como um todo? O que você pode destacar de bem legal e gratificante sobre
a incursão à Índia que você e a Fernanda fizeram e que foi apresentado num programa
muito especial do Esporte Espetacular?
DANY –Sim, continuo sendo a professora da Fernanda Lima mesmo que a
distancia. Vejo a Fernanda com uma aluna
normal e sinto que é assim que ela gosta de ser tratada. Ela tem muito amor à
prática do Ashtanga Yoga e interesse em aprender mais. Eu já estava na Índia
fazendo o curso para professores autorizados e a Fernanda veio depois me
encontrar para gravar o programa. Foi muito lindo vê-la praticando no berço do Ashtanga e coma filha do Pattabhi Jois, a Saraswahati Jois.
YV – Com certeza Laruga Glaser,
conceituada professora de Ashtanga Vinyasa
Yoga da Suécia tornou-se a sua boa amiga, tanto é que você já a trouxe ao Brasil
para ministrar práticas/workshops. Além do Yoga, o que você aprendeu de novo
com a Laruga e o que você acha que ela aprendeu de novo com você?
DANY –A Laruga sempre foi uma inspiração para mim como pessoa e praticante dedicada.
Nos conhecemos rapidamente em Mysore e
depois a convidei a dar um workshop
no Rio de Janeiro emmaio de 2016. Percebemos que temos muitas coisas em comum como
o jeito de ensinar e o comprometimento com a prática. Isso nos aproximou apesar
de não nos vermos há mais de dois anos, sempre mantemos contato virtualmente. Vamos estar juntas em breve ministrando um
retiro de Ashtanga na Grécia em setembro/2018.
YV – Quais são os eventos que estão na agenda
da DanySá que merecem destaque? Alguma novidade especial ?
DANY – Depois da Índia volto com bastante energia para dar continuidade as
minhas aulas no meu Shala no Leblon e
fazer as viagens já programadas.
O Intensivo na Montanha Encantada sempre é um momento especial que realizo
anualmente e o Retiro na Grécia com a Laruga que será imperdível!
"Foi com ele que iniciei minha formação no Yoga há 12 anos atrás. Fiquei
muito feliz e honrada em receber o convite de dar uma aula de Ashtanga no seu
curso de formação em Portugal. Yoga é isso: união, religar, compartilhar
experiências com amor e devoção. Muito obrigada @pedrokupfer"
Curta/LIKE:
Photos by: @ifilmyoga to @liquidoactive, @sigismondiphotography, @dealudovice
Nenhum comentário:
Postar um comentário