HUMBERTO MENEGHIN
Fiquei com a cara no chão quando vi que o celular
que tocou durante a meditação era o meu. Imediatamente o desliguei, sem querer
saber quem poderia ser, porque todos olhavam para mim como se me condenassem
pela interrupção. Resolvi não dizer nada, pois a Kátia Cristina logo pegou o
fio da meada novamente, conduzindo a meditação. Então, quando terminamos o
momento meditar, soube que quem havia me ligado era a Lili, aquela professora
de Yoga com quem dentro de algumas horas teria uma prática. Já na minha mesa,
escutei o recado gravado: “Ganesha está contigo, Ganesha está comigo, abrindo
os caminhos, removendo os obstáculos. Om
Ganapatiyei Shivaha!”
Não entendi muito bem o que ela quis dizer com isso
e resolvi ignorar a mensagem. Mas, coincidentemente recebi outro chamado: agora
era a Tati da agência de viagens pedindo para eu procurá-la o quanto antes para
formalizar minha inscrição no Grupo da Lili – Índia e claro pagar a verba
inicial. Então, respondi dizendo que amanhã providenciaria o que a Tati queria
de mim.
Sorrateiramente, Marinice se aproximou da minha
mesa, com uma xícara de café numa das mãos, dizendo: “A Walkiria está em
férias, foi para Europa. Sabia que a Jaque injetou silicone nos peitos, sabia?
Mas, o que você achou da sessãozinha espiritual que a Kátia Cris fez com a
gente? Enfadonha, né? Seu celular tocou, aha, aha, aha! Que meda! Não gostaria
de ter passado por isso.” E, da mesma forma como apareceu, ela se afastou sem
querer me ouvir.
O fim da tarde veio e logo já estava indo para a
Yoga junto com a Claudinha. Chegamos cedo ao espaço, nos trocamos, tomamos um
chazinho na recepção e já fomos para a sala de prática, onde nos deparamos com
a Simone, Neuzinha e Amanda aquela professora de Inglês que cantou outro dia na
aula. E, foi então que a Simone me perguntou sobre o Paulo Roberto. Respondi
que já fazia algum tempo que não o via lá no escritório e nem por aqui na Yoga.
Mas, a Claudinha comentou que ele estaria praticando com o Nando, o professor
que dava aulas noutra sala. Então, alguém tossiu para depois vermos a Lili
entrar na sala cantando seguidamente: Om
Ganapatiyei Shivaha, Om Ganapatiyei Shivaha, Om Ganapatiyei Shivaha ...
E a mulher não parava mais de cantar isso. A mesma
coisa que ouvi na mensagem gravada em meu celular. Será um mantra?
Acomodando-se, Lili sinalizou com as mãos para que acompanhássemos, o que a
maioria de nós começou a fazer passivamente Om
Ganapatiyei Shivaha, talvez por dez minutos.
Quando a Lili parou de entoar aquele mantra,
Neuzinha perguntou: “Ganesha e Shiva num mesmo mantra? Esse mantra não existe,
Lili. Nunca ouvi antes.”
Em resposta a professora disse: “Flor, o que importa é a essência e a intenção do mantra. Você tem Shiva e Ganesha no coração? Se tem entendeu. Se não tem ficará a ver navios quando precisar deles. Entendeu? – e abruptamente disse em voz alta: – Em pé todos, podem começar a fazer as saudações ao mestre Sol. Vai, vai, bandhas presos! Entenderam? Prendam o mula bandha! Mula bandha solto não vai transmutar nada e nem deixar o bumbum durinho pro próximo verão, ouviram meu povo??? Prendam o mula bandha!!!”
Em resposta a professora disse: “Flor, o que importa é a essência e a intenção do mantra. Você tem Shiva e Ganesha no coração? Se tem entendeu. Se não tem ficará a ver navios quando precisar deles. Entendeu? – e abruptamente disse em voz alta: – Em pé todos, podem começar a fazer as saudações ao mestre Sol. Vai, vai, bandhas presos! Entenderam? Prendam o mula bandha! Mula bandha solto não vai transmutar nada e nem deixar o bumbum durinho pro próximo verão, ouviram meu povo??? Prendam o mula bandha!!!”
Tentava prender o mula bandha, mas parecia que ele se soltava. E, com isso, a minha
prática daquela noite não foi boa; não me concentrei e essa de ela dizer para
mantermos o mula bandha preso o tempo
todo já estava me deixando nervosa. Então, algo na minha cabeça me disse para
eu experimentar uma aula com o Nando, o outro professor da sala ao lado.
A prática chegou ao fim e antes que todos fossemos
embora, Lili falou de repente: “Dólar alto, à dois e sessenta, não espanta
ninguém para irmos ao encontro dos Deuses e Deusas da Índia mãe. O roteiro da
minha viagem à Índia está uma delícia,
só está faltando duas pessoas para completar o número mínimo do grupo. Essas
minhas duas amiguinhas – referindo-se a mim e à Claudinha – já estão mais do
que confirmadas ... Quem mais vai se juntar a nós?
Harih Om!
Leia o capítulo anterior em:
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