8 de setembro de 2014

SE FICAR O BICO PEGA, SE CORRER O BICHO COME, SE MEDITAR O BICHO SOME





HUMBERTO MENEGHIN
artigo publicado originalmente no www.yogajournal.com.br


Provérbio da língua portuguesa, refrão da música “Homem com H”, de Ney Matogrosso, “Se ficar o bico pega, se correr o bicho come”, ganhou um complemento quando alguém transformou a frase em: “Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come, se meditar o bicho some”. Mas, será que o bicho vai sumir se alguém meditar ou vai continuar martelando na mente de quem, na verdade, está indeciso?

Momentos de indecisões são muitos na vida de um ser humano; no entanto, se um problema considerado iminente e ainda impertinente aparece trazendo um grande desconforto, o bicho está pegando e, uma ação para que a situação se modifique é o que as pessoas mais conscientes tentam se empenhar. Contudo, há certos problemas que a saída, ou seja, a solução, parece que não vai favorecer quem os enfrentam e, mesmo que faça algo, se correr, o bicho come.


Cada qual arca com as consequências do que deu causa. Se alguém contraiu um débito, um dia terá que quitá-lo e então, não adianta ficar e nem correr que o bicho na certa vai pegar, sem escapatória, até esse débito ser quitado. É a Lei do Karma.


Numa situação em que uma pessoa tem um problema e está indecisa, com aquela sensação de que não tem saída, o simples ato de meditar não irá fazer com que o bicho suma, ou seja, que o problema ou a situação desapareça por completo, liberando-o de qualquer encargo.








No entanto, para alguém que está sem um norte, com problemas, pode utilizar o momento de meditação para, na medida do possível, mudar o seu estado mental no sentido de ajudá-lo a centrar-se numa solução. Contudo, quando estamos no processo de meditar, o momento não pede que a mente pense nos problemas que ainda não resolvemos e muito menos nas soluções.


Assim, quem está tentando meditar tem a necessidade de separar o joio do trigo e no momento em que o bicho está pegando, isto é, no momento em que pensamentos sobre o assunto não resolvido vierem bater à porta da mente, àquele que se concentra pede-se apenas que seja um expectador, um expectador que observa esses pensamentos sem se envolver, sem se apegar, permitindo que passem como os pássaros que voam pelo céu e somem ao longe.


Para o marinheiro de primeira viagem e também para alguns que estão acostumados meditar, muitas vezes o bicho pega, desestabiliza e o meditar passa batido. Então, nessa situação é viável dar um tempinho e quando a vontade de meditar reaparecer, o bicho pode não sumir, mas na certa irá colocá-los noutro nível, onde a visão do que incomoda receberá uma nova roupagem, a da aceitação, para que logo mais o bicho possa ser enfrentado de uma forma que se ficar ou correr, isso não fará a mínima importância.



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