HUMBERTO MENEGHIN
artigo publicado originalmente no www.yogajournal.com.br
Provérbio
da língua portuguesa, refrão da música “Homem com H”, de Ney Matogrosso, “Se ficar o bico pega, se correr o bicho come”,
ganhou um complemento quando alguém transformou a frase em: “Se ficar o bicho
pega, se correr o bicho come, se meditar o bicho some”. Mas, será que o bicho vai sumir se alguém
meditar ou vai continuar martelando na mente de quem, na verdade, está
indeciso?
Momentos de indecisões são muitos na vida de um ser
humano; no entanto, se um problema considerado iminente e ainda impertinente
aparece trazendo um grande desconforto, o
bicho está pegando e, uma ação para que a situação se modifique é o que as
pessoas mais conscientes tentam se empenhar. Contudo, há certos problemas que a
saída, ou seja, a solução, parece que não vai favorecer quem os enfrentam e,
mesmo que faça algo, se correr, o bicho
come.
Cada
qual arca com as consequências do que deu causa. Se alguém contraiu um débito, um dia terá que quitá-lo e então, não
adianta ficar e nem correr que o bicho na certa vai pegar, sem escapatória,
até esse débito ser quitado. É a Lei do Karma.
Numa
situação em que uma pessoa tem um problema e está indecisa, com aquela sensação
de que não tem saída, o simples ato de meditar não irá fazer com que o bicho
suma, ou seja, que o problema ou a situação desapareça por completo,
liberando-o de qualquer encargo.
No
entanto, para alguém que está sem um norte, com problemas, pode utilizar o
momento de meditação para, na medida do possível, mudar o seu estado mental no
sentido de ajudá-lo a centrar-se numa solução. Contudo, quando estamos no processo de meditar, o momento não pede que a mente
pense nos problemas que ainda não resolvemos e muito menos nas soluções.
Assim,
quem está tentando meditar tem a necessidade de separar o joio do trigo e no
momento em que o bicho está pegando, isto é, no momento em que pensamentos sobre o assunto não resolvido vierem
bater à porta da mente, àquele que se concentra pede-se apenas que seja um
expectador, um expectador que observa esses pensamentos sem se envolver,
sem se apegar, permitindo que passem como os pássaros que voam pelo céu e somem
ao longe.
Para o
marinheiro de primeira viagem e também para alguns que estão acostumados meditar,
muitas vezes o bicho pega, desestabiliza e o meditar passa batido. Então, nessa
situação é viável dar um tempinho e quando a vontade de meditar reaparecer, o
bicho pode não sumir, mas na certa irá colocá-los noutro nível, onde a visão do
que incomoda receberá uma nova roupagem, a da aceitação, para que logo mais o
bicho possa ser enfrentado de uma forma que se ficar ou correr, isso não fará a
mínima importância.
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