HUMBERTO MENEGHIN
Não é de hoje que a publicidade associa alguns
produtos que lança no mercado ao conceito Yoga. A mais recente prova disso é o
anúncio de uma vinícola da Califórnia especializada na produção de vinhos Pinot Noir e Chardonnay. E, para estrelar essa campanha foi convocada a
conhecidíssima professora de Yoga, Colleen Saidman Yee; sim, esposa do também
conhecido Rodney Yee.
Ungido, desta vez, a óleos essenciais o vinho que a
professora de Yoga se propôs a anunciar pode ter seus aficionados; no entanto,
uma boa parcela dos professores e praticantes de Yoga estão contestando
abertamente que qualquer que seja a ligação do álcool com o Yoga, não tem nada
a ver, pelo motivo de que isso vai definitivamente contra seus ensinamentos e
princípios.
Mesmo assim, muito embora alguns praticantes e até
mesmo certos professores apreciem de vez em quando tomar uma taça de um bom
vinho, a verdade é que neste anúncio específico o que está valendo para o marketing é transmitir a um seleto público
consumidor, a crença de que o produto vinho encontra-se perfeitamente inserido
no estilo de vida daqueles que são equilibrados, que praticam e que estão
diretamente ligados ao Yoga; e, sobretudo que parecem adotar seus princípios.
Certos consumidores podem nem dar a mínima
importância quanto essa celeuma no que concerne à associação do Yoga com o
vinho, pois podem recordar perfeitamente que numa missa o vinho sempre está
presente e é degustado, significando o sangue de Cristo, e sendo assim o que há
de mal em associar Yoga com vinho?
Outros mais podem trazer a informação à mente de
que tomar uma taça de vinho todos os dias é muito bom para o coração, pois
contém o resveratrol, um polifenol que auxilia na redução do colesterol LDL e
ainda serve para retardar o envelhecimento. No entanto, para aqueles que tem
algum problema com álcool é sempre melhor evitar o primeiro gole de qualquer
etílico.
Se Colleen Saidman Yee, uma conceituada professora
de Yoga nos Estados Unidos, aceitou em participar desta campanha que vende
vinho e em decorrência ganhou um bom cachê, não por isso será banida dos
eventos que participa e nem os workshops
que promove com o marido ficarão vazios.
A escolha foi dela e para isso deve ter pensado e
repensado antes de aceitar esse convite. Se está indo contra alguns princípios
do Yoga, não será apenas ela quem assim age, pois há muitos outros que fazem
coisas bem piores do que anunciar uma bebida alcoólica e talvez nem sejam alvos
de críticas.
No entanto, um cachê bem tentador pode fazer
maravilhas, ainda mais quando se precisa muito de uma quantia alta em dinheiro
para aliviar uma situação financeira pesarosa. Que professor ou professora de
Yoga recusaria uma oportunidade dessas?
Talvez um desprendido das finanças ou aquele que
não esteja passando necessidades nessa área; mas, no caso de Colleen, ao que
tudo indica, ela não se enquadra em nenhuma dessas hipóteses e o convite parece
que realmente foi irrecusável. Será que ela pensou em recusar? E se outra
professora conceituada tivesse aceitado em seu lugar? Provavelmente teceriam as
mesmas críticas, não é mesmo?
O vinho dessa vinícola californiana pode bem se
tornar conhecido como o vinho dos que praticam Yoga; no entanto, não podemos
deixar de lembrar que de uns tempos para cá andam promovendo retiros de Yoga e
Vinho, especialmente na região da Toscana, na Itália; pagando-se até dois mil
dólares para mais por uma semana; o que significa evidentemente que há um
público que aprecia praticar ásanas
de Yoga aliado à degustação de bons vinhos. E, esses, são os potenciais
consumidores do vinho anunciado pela professora de Yoga em questão.
Harih Om!
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