HUMBERTO J. MENEGHIN
YV – Como
sabemos, há muito tempo atrás seu pai lhe deu a sua primeira câmera. Se ele não
tivesse dado este presente especial para você, o que Robert Sturman estaria
fazendo em sua vida profissional agora? Por outro lado, podemos acreditar que o
destino, de qualquer forma, colocaria uma câmera em seu caminho e diria:
inspire-se, desenvolva o seu talento, faça o seu melhor com o coração aberto e
ajude os outros também?
ROBERT – Eu acho que o destino teria colocado algo em minhas mãos. Meu pai é advogado e se por algum motivo eu tivesse seguido seus passos profissionais, eu
teria sido um advogado a serviço do bem da humanidade. E, estou certo de que eu
faria o meu melhor para elevar o espírito da humanidade.
YV – Em 2010,
com o fechamento da Polaroid, você fez a mudança para a fotografia digital.
Como foi essa transição para você? Aceitação e desprendimento?
ROBERT – Que grande pergunta. Foi muito difícil para mim. Eu estava com medo. Para
mim, eu tinha feito meu nome com o trabalho com a Polaroid que eu usei e eu não
tinha ideia para onde eu iria seguir. Acho que foi um desses momentos sombrios
de incerteza que me empurrou para o mat
(tapete de Yoga). Eu tive que encontrar uma nova identidade. E foi durante esse
período que eu encontrei a minha própria prática de Yoga e aconteceu de eu olhar
em volta e perceber que os asanas poderiam me fornecer uma linguagem visual que era tão poética e que eu poderia começar a
usar para contar a nossa história.
YV – Uma vez,
quando você estava em Varanasi, Índia, um homem pediu para você tirar a foto
dele e você disse "não". Isso foi uma coisa normal, porque quando os
estrangeiros vão para um lugar turístico os locais costumavam ir atrás deles;
mas quando você voltou a este lugar, o mesmo homem o chamou pelo seu nome e lhe
ofereceu um chai, sem pedir nada em
troca. Você acha que isso mudou a maneira de como você via as pessoas e o
mundo, dando-lhe uma nova e verdadeira perspectiva além das lentes que na
maioria das vezes capta belas paisagens e pessoas bonitas? Além disso, podemos
dizer que este episódio o motivou a tirar fotos de prisioneiros, deficientes físicos
e outras pessoas que a maioria não pode ver nenhuma beleza? Então, para você,
onde está a beleza?
ROBERT - Foi um momento que me mudou porque eu me percebi dentro do grande aborrecimento
de ser incomodado na Índia, e, que cada pessoa tinha uma estória única. Eles eram
todos seres humanos com um coração - um coração que se fere assim como o meu.
Eu percebi que eu também era um mendigo e um ladrão. Eu estava tirando fotos
sem realmente sentir a profundidade dos meus assuntos, do que estava fazendo.
Eu estava roubando. E eu estava implorando, porque eu queria ter sucesso. E
nessa viagem, eu aprendi que o sucesso para mim tinha muito a ver com
sinceridade. Foi um belo momento, porque eu sabia que nunca poderia ser a mesma
pessoa que sempre fui. Senti-me triste em dizer adeus a esse velho homem, e eu senti
como que em mim estava nascendo o homem guerreiro que eu sempre quis ser.
Assim, pelo que me toca, isso me motiva a tirar um certo tipo de
fotografia. Eu suponho que sim. Suponho que esse rito de passagem motivou toda
a minha vida.
YV – Quando a
prática do Yoga e seu estudo entrou em sua vida? Podemos dizer que o Yoga fez
uma grande diferença no seu trabalho como fotógrafo, em seu Ser e na sua
vida como um todo?
ROBERT – A prática do Yoga foi o início de eu reescrever a história que
tantos artistas viveram no passado. Meus heróis na história da arte, em sua
maior parte, viveram vidas de autodestruição e desespero. Durante esse rito de
passagem discutido anteriormente, isto começou simplesmente acontecer por me
deparar com uma citação de Osho. As seguintes palavras mudaram a minha vida. E,
elas diziam: "Para ser criativo significa estar de amor com a vida (amar a
vida). ” Você pode ser criativo somente se você amar a vida o suficiente para
que você querer melhorar a sua beleza, querer trazer um pouco mais de música
para ela, um pouco mais de poesia para ela, um pouco mais de dança para ela.
"
Esse foi o início do Yoga para mim. Eu sabia que eu poderia criar uma
história diferente e vivê-la.
YV – Às vezes um
artista acorda para um dia sem qualquer inspiração e esta é uma situação comum;
então, quando você se sente não inspirado, o que você faz para obter o momento inspiração
de volta para criar um portrait (fotografia)?
Praticar Yoga e meditar antes de um trabalho são algumas ferramentas? Você tem
uma musa inspiradora? Chai, o seu cão, o inspira?
ROBERT - Isso é algo que não faz parte do meu vocabulário. Quando eu estava na
academia de arte e estava aprendendo, exercitando e em torno de muitos outros
artistas, eu tive que escavar em busca de inspiração. Mas, assim que eu deixei o
mundo do sonho e comecei a viver dentro do meu próprio sonho encantador, eu
nunca mesmo soube o que fazer. Eu acho que é onde o Yoga aparece. Você sabe,
ser um artista é apenas isso: Ser um artista. É meu Ser e, enquanto eu estou
vivo, eu sou aquilo.
YV – Yoga,
Inspiração e Arte estão na mesma confluência? Você às vezes se sente livre ao
fazer um retrato como se nada mais existisse além desse momento,
verdadeiramente moksha?
ROBERT - Sim. Quando estou no meu trabalho, é tudo o que existe. Claro, eu tenho
que estar ciente do que me rodeia, mas o ato da criação está consumindo, como
se eu estivesse no coração da própria criação.
YV – A que horas
de um dia que você considera a melhor luz para fazer um retrato ao ar livre? Há
alguma presença de Van Gogh e Monet em seus retratos (fotos)? Um artista nasce
um artista ou ele tem que estudar e trabalhar muito para desenvolver um talento
especial para se tornar um sucesso? O que mais faz a diferença para ser talentoso?
ROBERT – A menos que esteja nublado, eu prefiro trabalhar no início da manhã ou no
final da tarde. A luz é mais suave nesses momentos. A minha favorita é a luz
dourada do pôr do sol. Esta é a luz mais misteriosa e encantadora para mim. É
puramente mágico.
Há sempre alguma presença de Van Gogh no meu trabalho. Seu amor pela
cor e conexão com tudo o que ele pintou teve uma grande influência sobre mim e como
eu encontrei meu caminho como artista. Eu o considero, meu primeiro professor.
Eu acredito que um artista é um certo tipo de pessoa que vai encontrar
uma maneira de auto expressar poeticamente sob quaisquer circunstâncias. Às
vezes isto pode parecer uma pessoa que varre o chão.
YV – Você esteve
na África para o Yoga Africa Project e
dentro da penitenciária San Quentin para um outro. Em ambas as situações, você
poderia ver alguma analogia, considerando que as pessoas na África têm as suas
limitações como os prisioneiros têm as deles? Ter-lhes dado a oportunidade de
serem focados por uma câmera para um retrato ajudou-os a se sentirem bem e uma
pessoa legal, mesmo que por um momento?
ROBERT – Eu descobri no meu trabalho como artista, que não importa quem seja,
quando lhes dirigem a atenção, notória e vista, eles se iluminam. Não importa
se é um prisioneiro ou uma modelo profissional. As pessoas recebem algo valioso
quando elas são estimadas. É uma linha comum que eu descobri na grande
variedade de pessoas com que eu trabalho. Todo mundo quer estar ok (bem). É tão simples e é tão curador.
A câmera tem um grande poder em celebrar (enlevar) o outro.
YV – Gratidão é
uma palavra que hoje em dia é muito dita por muitos praticantes de Yoga. Quem
são as pessoas que você tem gratidão e para o que mais você é grato?
ROBERT – 1. Minha mãe, pai e as duas irmãs mais velhas. Simplificando, elas são as
pessoas mais confiáveis, de confiança, que já conheci, e eu os estimo a
todos eles. Tornou-se tão claro para mim como aqueles anos crescendo com a minha família moldou-me tanto de como e quem eu sou, e é
verdadeiramente um presente ser capaz de experimentar a vida com eles como um
adulto grato.
2. Minha cachorrinha, Chai. Se eu tivesse que tirar uma foto do meu
coração, eu acho que me pareceria apenas como ela. É um milagre como os seres
humanos próximos podem ser com cães. Eu aprendi tudo dela, principalmente, fazer
o que eu amo e manter a vida simples de modo que o que eu amo é tudo que
existe.
3. Minha professora de yoga, Micheline Berry. Eu não posso nem começar a
descrever a quantidade de gratidão que tenho por ela. Ela me proveu com as
ferramentas essenciais que eu precisava para perseverar como um criador do
mundo. Muitos de nós artistas não sabem como se sentar ainda no fogo da
existência. É um grande problema para a maioria de nós. Mas, indo a fundo,
através do asana, é uma bela maneira
de enfrentá-lo, suportá-lo, e encontrar a paz nisso. Não vejo a hora que o dia de
Yoga seja obrigatório em todas as academias de arte pelo mundo.
4. Meu melhor amigo, Steven. Ele é o irmão que eu nunca tive, e eu o
conheço desde que nasci. Não foi até recentemente que eu percebi que ele era
como um irmão e ter um irmão é algo que eu sou infinitamente grato.
5. Meu corpo. Eu nem sempre o trato com o respeito que merece. Mas,
depois de ter me apaixonado pela prática de yoga, eu posso honestamente dizer
que aos 45 anos eu estou na forma mais ardente da minha vida e eu sinto como se
eu tivesse 22. E, eu preciso deste corpo para fazer o que tenho que fazer.
6) Todas as pessoas com quem trabalho em todo o mundo. Por muitos anos,
eu tinha que provar a mim mesmo constantemente como um artista para ganhar a
confiança das pessoas com quem trabalhei. É uma benção ter resolvido isso e ser
um artista dentro de uma comunidade global de seres humanos que confiam na
minha sinceridade e na minha visão.
Website:
www.RobertSturmanStudio.com
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Blogs:http://www.mindbodygreen.com/wc/robert-sturman
http://www.yogajournal.com/people/people/robert-sturman/
"I saw the angel in the marble and carved until I set him free."
—Michelangelo
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—Michelangelo
LEIA A ENTREVISTA DE ROBERT STURMAN, EM INGLÊS, A ESTE BLOG EM:
Muito bacana! Adorei ler a entrevista. Obrigado!
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