3 de julho de 2016

YOGA EM VOGA ENTREVISTA - ROBERT STURMAN





HUMBERTO J. MENEGHIN


YV – Como sabemos, há muito tempo atrás seu pai lhe deu a sua primeira câmera. Se ele não tivesse dado este presente especial para você, o que Robert Sturman estaria fazendo em sua vida profissional agora? Por outro lado, podemos acreditar que o destino, de qualquer forma, colocaria uma câmera em seu caminho e diria: inspire-se, desenvolva o seu talento, faça o seu melhor com o coração aberto e ajude os outros também?


ROBERT – Eu acho que o destino teria colocado algo em minhas mãos. Meu pai é advogado e se por algum motivo eu tivesse seguido seus passos profissionais, eu teria sido um advogado a serviço do bem da humanidade. E, estou certo de que eu faria o meu melhor para elevar o espírito da humanidade.



YV – Em 2010, com o fechamento da Polaroid, você fez a mudança para a fotografia digital. Como foi essa transição para você? Aceitação e desprendimento?


ROBERT – Que grande pergunta. Foi muito difícil para mim. Eu estava com medo. Para mim, eu tinha feito meu nome com o trabalho com a Polaroid que eu usei e eu não tinha ideia para onde eu iria seguir. Acho que foi um desses momentos sombrios de incerteza que me empurrou para o mat (tapete de Yoga). Eu tive que encontrar uma nova identidade. E foi durante esse período que eu encontrei a minha própria prática de Yoga e aconteceu de eu olhar em volta e perceber que os asanas poderiam me fornecer uma linguagem visual que era tão poética e que eu poderia começar a usar para contar a nossa história.










YV – Uma vez, quando você estava em Varanasi, Índia, um homem pediu para você tirar a foto dele e você disse "não". Isso foi uma coisa normal, porque quando os estrangeiros vão para um lugar turístico os locais costumavam ir atrás deles; mas quando você voltou a este lugar, o mesmo homem o chamou pelo seu nome e lhe ofereceu um chai, sem pedir nada em troca. Você acha que isso mudou a maneira de como você via as pessoas e o mundo, dando-lhe uma nova e verdadeira perspectiva além das lentes que na maioria das vezes capta belas paisagens e pessoas bonitas? Além disso, podemos dizer que este episódio o motivou a tirar fotos de prisioneiros, deficientes físicos e outras pessoas que a maioria não pode ver nenhuma beleza? Então, para você, onde está a beleza?


ROBERT - Foi um momento que me mudou porque eu me percebi dentro do grande aborrecimento de ser incomodado na Índia, e, que cada pessoa tinha uma estória única. Eles eram todos seres humanos com um coração - um coração que se fere assim como o meu. Eu percebi que eu também era um mendigo e um ladrão. Eu estava tirando fotos sem realmente sentir a profundidade dos meus assuntos, do que estava fazendo. Eu estava roubando. E eu estava implorando, porque eu queria ter sucesso. E nessa viagem, eu aprendi que o sucesso para mim tinha muito a ver com sinceridade. Foi um belo momento, porque eu sabia que nunca poderia ser a mesma pessoa que sempre fui. Senti-me triste em dizer adeus a esse velho homem, e eu senti como que em mim estava nascendo o homem guerreiro que eu sempre quis ser.

Assim, pelo que me toca, isso me motiva a tirar um certo tipo de fotografia. Eu suponho que sim. Suponho que esse rito de passagem motivou toda a minha vida.










YV – Quando a prática do Yoga e seu estudo entrou em sua vida? Podemos dizer que o Yoga fez uma grande diferença no seu trabalho como fotógrafo, em seu Ser e na sua vida como um todo?


ROBERT – A prática do Yoga foi o início de eu reescrever a história que tantos artistas viveram no passado. Meus heróis na história da arte, em sua maior parte, viveram vidas de autodestruição e desespero. Durante esse rito de passagem discutido anteriormente, isto começou simplesmente acontecer por me deparar com uma citação de Osho. As seguintes palavras mudaram a minha vida. E, elas diziam: "Para ser criativo significa estar de amor com a vida (amar a vida). ” Você pode ser criativo somente se você amar a vida o suficiente para que você querer melhorar a sua beleza, querer trazer um pouco mais de música para ela, um pouco mais de poesia para ela, um pouco mais de dança para ela. "


Esse foi o início do Yoga para mim. Eu sabia que eu poderia criar uma história diferente e vivê-la.

 









YV – Às vezes um artista acorda para um dia sem qualquer inspiração e esta é uma situação comum; então, quando você se sente não inspirado, o que você faz para obter o momento inspiração de volta para criar um portrait (fotografia)? Praticar Yoga e meditar antes de um trabalho são algumas ferramentas? Você tem uma musa inspiradora? Chai, o seu cão, o inspira?


ROBERT - Isso é algo que não faz parte do meu vocabulário. Quando eu estava na academia de arte e estava aprendendo, exercitando e em torno de muitos outros artistas, eu tive que escavar em busca de inspiração. Mas, assim que eu deixei o mundo do sonho e comecei a viver dentro do meu próprio sonho encantador, eu nunca mesmo soube o que fazer. Eu acho que é onde o Yoga aparece. Você sabe, ser um artista é apenas isso: Ser um artista. É meu Ser e, enquanto eu estou vivo, eu sou aquilo.









YV – Yoga, Inspiração e Arte estão na mesma confluência? Você às vezes se sente livre ao fazer um retrato como se nada mais existisse além desse momento, verdadeiramente moksha?


ROBERT - Sim. Quando estou no meu trabalho, é tudo o que existe. Claro, eu tenho que estar ciente do que me rodeia, mas o ato da criação está consumindo, como se eu estivesse no coração da própria criação.


















YV – A que horas de um dia que você considera a melhor luz para fazer um retrato ao ar livre? Há alguma presença de Van Gogh e Monet em seus retratos (fotos)? Um artista nasce um artista ou ele tem que estudar e trabalhar muito para desenvolver um talento especial para se tornar um sucesso? O que mais faz a diferença para ser talentoso?


ROBERT – A menos que esteja nublado, eu prefiro trabalhar no início da manhã ou no final da tarde. A luz é mais suave nesses momentos. A minha favorita é a luz dourada do pôr do sol. Esta é a luz mais misteriosa e encantadora para mim. É puramente mágico.











Há sempre alguma presença de Van Gogh no meu trabalho. Seu amor pela cor e conexão com tudo o que ele pintou teve uma grande influência sobre mim e como eu encontrei meu caminho como artista. Eu o considero, meu primeiro professor.










Eu acredito que um artista é um certo tipo de pessoa que vai encontrar uma maneira de auto expressar poeticamente sob quaisquer circunstâncias. Às vezes isto pode parecer uma pessoa que varre o chão.









YV – Você esteve na África para o Yoga Africa Project e dentro da penitenciária San Quentin para um outro. Em ambas as situações, você poderia ver alguma analogia, considerando que as pessoas na África têm as suas limitações como os prisioneiros têm as deles? Ter-lhes dado a oportunidade de serem focados por uma câmera para um retrato ajudou-os a se sentirem bem e uma pessoa legal, mesmo que por um momento?


ROBERT – Eu descobri no meu trabalho como artista, que não importa quem seja, quando lhes dirigem a atenção, notória e vista, eles se iluminam. Não importa se é um prisioneiro ou uma modelo profissional. As pessoas recebem algo valioso quando elas são estimadas. É uma linha comum que eu descobri na grande variedade de pessoas com que eu trabalho. Todo mundo quer estar ok (bem). É tão simples e é tão curador. A câmera tem um grande poder em celebrar (enlevar) o outro.


















YV – Gratidão é uma palavra que hoje em dia é muito dita por muitos praticantes de Yoga. Quem são as pessoas que você tem gratidão e para o que mais você é grato?


ROBERT – 1. Minha mãe, pai e as duas irmãs mais velhas. Simplificando, elas são as pessoas mais confiáveis, de confiança, que já conheci, e eu os estimo a todos eles. Tornou-se tão claro para mim como aqueles anos crescendo com a minha família moldou-me tanto de como e quem eu sou, e é verdadeiramente um presente ser capaz de experimentar a vida com eles como um adulto grato.


2. Minha cachorrinha, Chai. Se eu tivesse que tirar uma foto do meu coração, eu acho que me pareceria apenas como ela. É um milagre como os seres humanos próximos podem ser com cães. Eu aprendi tudo dela, principalmente, fazer o que eu amo e manter a vida simples de modo que o que eu amo é tudo que existe.


3. Minha professora de yoga, Micheline Berry. Eu não posso nem começar a descrever a quantidade de gratidão que tenho por ela. Ela me proveu com as ferramentas essenciais que eu precisava para perseverar como um criador do mundo. Muitos de nós artistas não sabem como se sentar ainda no fogo da existência. É um grande problema para a maioria de nós. Mas, indo a fundo, através do asana, é uma bela maneira de enfrentá-lo, suportá-lo, e encontrar a paz nisso. Não vejo a hora que o dia de Yoga seja obrigatório em todas as academias de arte pelo mundo.


4. Meu melhor amigo, Steven. Ele é o irmão que eu nunca tive, e eu o conheço desde que nasci. Não foi até recentemente que eu percebi que ele era como um irmão e ter um irmão é algo que eu sou infinitamente grato.


5. Meu corpo. Eu nem sempre o trato com o respeito que merece. Mas, depois de ter me apaixonado pela prática de yoga, eu posso honestamente dizer que aos 45 anos eu estou na forma mais ardente da minha vida e eu sinto como se eu tivesse 22. E, eu preciso deste corpo para fazer o que tenho que fazer.


6) Todas as pessoas com quem trabalho em todo o mundo. Por muitos anos, eu tinha que provar a mim mesmo constantemente como um artista para ganhar a confiança das pessoas com quem trabalhei. É uma benção ter resolvido isso e ser um artista dentro de uma comunidade global de seres humanos que confiam na minha sinceridade e na minha visão.





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