14 de junho de 2012

DE PRATICANTE A “PROFESSORA DE YOGA”



HUMBERTO MENEGHIN


Praticava ásanas com uma professora bem formada que há alguns anos ministrava aulas num espaço da cidade. Entusiasmada com o Yoga, essa praticante assídua, além de comparecer a todas as aulas, começou, nas horas livres, a se dedicar à prática de ásanas em casa e parecia se sair bem. Então, a vizinha, sabendo que a amiga estava diferente, mais tranqüila e dormindo bem, perguntou-lhe o que vinha fazendo e quando soube que estava praticando Yoga, também quis experimentar. No entanto, ao invés de indicar um professor ou professora qualificada no Yoga, em especial na prática de ásanas, resolveu ela, por conta própria, assumir o papel de “professora de Yoga” e ministrar aulas a vizinha, mesmo não tendo participado de qualquer curso de formação em Yoga.



Continuou freqüentando assiduamente as aulas de Yoga no espaço da cidade, passando a anotar num bloquinho todos os ásanas que a sua professora, muito bem qualificada por sinal, transmitia aos praticantes. Então, como achava que nada estava fazendo de errado, pois vivia num país em que na maioria das vezes o que é errado pode ser considerado como certo, usava nas aulas que ministrava à vizinha, a mesma sequencia de ásanas que sua professora adotava no espaço onde praticava, ainda cobrando uma mensalidade.

Outras vizinhas, duas primas, uma tia e algumas amigas quando souberam que estava dando aulas de ásanas de Yoga também resolveram se unir ao grupo e agora, essa praticante que já estava se considerando uma “professora de Yoga”, sem mesmo ter feito qualquer tipo de formação, sentia-se muito feliz, dentro de seus parâmetros, por estar se saindo bem e ainda com muitas alunas, pois jamais havia pensado na sua vida em se tornar uma “professora de Yoga”. No entanto, não estava devidamente preparada para isso.




Como agravante, depois de alguns meses, uma academia de musculação na rua de cima da sua casa, necessitando de alguém para “dar aulas de Yoga” a convidou para montar uma turma por lá também e essa praticante que se passava por “professora de Yoga” aceitou correndo o novo desafio, pois assim poderia tirar uma “graninha” a mais, além das amigas e parentas para quem dava aulas de ásanas em sua casa. Pode parecer insólita uma situação como essa, mas de vez em quando, nos deparamos pela frente.

No mesmo patamar, há aqueles que iniciam um curso de formação em Yoga, não o concluem e de uma forma idêntica a essa situação passam a dar aulas de ásanas do Yoga como se fossem um profissional altamente qualificado. E, assim, vão conquistando mais espaço e mais alunos os quais, na sua grande maioria não procuram tomar conhecimento sobre qual é a formação e a experiência que o professor ou professor de Yoga com quem praticam possuem.




Por outro lado temos aquele ou aquela praticante de Yoga que por muito se identificarem com as aulas que frequentam e também pela filosofia, seguem pelo o caminho correto e resolvem participar de um curso de formação em Yoga para posteriormente ministrarem aulas ou apenas para ampliarem seu conhecimento.

No entanto, recomendável a esses praticantes entusiasmados pelo Yoga, antes de se decidirem em participar de um curso de formação também procurar saber se o curso pelo qual estão interessados é consistente, ou seja, se realmente denota uma certa profundidade e seriedade quanto ao estudo, a prática e a docência do Yoga; pois não raro encontrarmos por aí cursos de formação em Yoga que poderiam ser classificados “para inglês ver”, por serem basicamente superficiais visando apenas o lucro, não ensinando o necessário e o suficiente ou desvirtuando-se do que realmente interessa, algumas vezes até ministrados por alguém demasiadamente despreparado.

É claro que sabemos que existem algumas pessoas que naturalmente se evoluem na senda do Yoga, o que não dispensa de forma alguma a prática, a troca de ideias e o estudo constante seja com alguém com mais experiência ou por conta própria.


No entanto, se tornar um rábula (advogado de limitada cultura e chicaneiro, que advoga sem possuir diploma), no caso rábula do Yoga, não é recomendável. E, para que esse tipo de situação deixe de acontecer, cabe àqueles que porventura praticam com alguém que se passa por “professora ou professor de Yoga”, saber separar o joio do trigo no sentido de perceber que praticar ásanas do Yoga com quem não está qualificado para tanto pode ao invés de trazer benefícios, causar danos, e aí sim que o Yoga irá acabar de vez com o corpo desses praticantes.

Harih Om!

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